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Mudanças no Complexo das Cataratas do Iguaçu

Redação Webventure/ Aventura brasil

O poder e a beleza das Cataratas atraem milhares de turistas (foto: Divulgação)
O poder e a beleza das Cataratas atraem milhares de turistas (foto: Divulgação)

O Parque Nacional do Iguaçu é um dos cartões-postais brasileiros mais conhecidos no mundo inteiro. Localizado no extremo oeste do Paraná, foi criado no dia 10 de janeiro de 1939 e atrai turistas dos quatro cantos do planeta, interessados em ver de perto a exuberância de suas poderosas quedas d’água. Sendo assim, o Parque passou por uma reformulação para atender melhor à demanda de turistas que visitam as famosas Cataratas do Iguaçu.

Com uma área de 185 mil hectares no lado brasileiro, une-se a outros 55 mil hectares do Parque Nacional Iguazu, na Argentina. A fronteira entre os dois países e seus parques nacionais é feita pelo rio Iguaçu, que nasce próximo à Serra do Mar, em Curitiba, e percorre todo o Estado do Paraná numa extensão de cerca de 1.300 km até formar as maravilhosas Cataratas, separando o Brasil da Argentina.

Após este espetáculo, o Rio Iguaçu segue seu rumo, encontrando o Rio Paraná e formando assim a magia das três fronteiras, representando o convívio harmonioso de três países vizinhos: Brasil, Argentina e Paraguai.

As Cataratas do Iguaçu – A palavra Iguaçu significa “água grande”, na etimologia tupi-guarani. Formadas há cerca de 150 milhões de anos, as quedas isoladas podem chegar a quase 300 no total, dependendo do volume de água do rio, reduzindo para menos de 20 quedas em tempo de cheia.

Os grandes saltos são 19, três deles do lado brasileiro (Floriano, Deodoro e Benjamin Constant) e os demais no lado argentino. A disposição dos saltos a maior parte deles no lado argentino e voltados para o Brasil proporciona a melhor vista para quem observa o cenário a partir do nosso território.

Após uma ampla curva e uma corredeira, o leito principal do rio Iguaçu, onde está a fronteira dos dois países, precipita-se numa profunda fenda de erosão formando a Garganta do Diabo. Esse rio chega a medir 1.200 metros de largura acima das Cataratas, estreitando-se até 65 metros no cânion formado após as quedas. A extensão das Cataratas é de 800 metros no lado brasileiro e 1.900 no lado argentino, resultando numa largura de 2.700 metros, com formato semicircular.

A altura das quedas varia de 40 a 82 metros. A vazão de água média do rio é em torno de 1.500 metros cúbicos por segundo, variando de 500, nas ocasiões de seca, a 6.500 metros cúbicos por segundo nas cheias.

Há 460 anos passava pela região, rumo à colônia de Assunção, ponto estratégico para os espanhóis alcançarem o império Inca, uma expedição de desbravadores espanhóis comandada pelo explorador Alvãr Nuñes Cabeza de Vaca.

Dentre inúmeros obstáculos enfrentados durante a viagem, encontraram um abismo de água. Este nada mais era do que as Cataratas, batizadas por ele de Saltos de Santa Maria. Mais tarde, se tornaram conhecidas como Cataratas do Iguaçu. Cabeza de Vaca foi o primeiro europeu com registro histórico a chegar a elas, no início de fevereiro de 1542.

Antes de passar por aqui, pelo rio Paraná e Iguaçu, ele esteve na América do Norte, onde percorreu a região do Mississipi, Arkansas, Colorado, Novo México e Arizona, atingindo em 1536 a Califórnia. Cabeza de Vaca foi o primeiro branco, cristão e nobre a registrar as Cataratas do Iguaçu.

Em reconhecimento ao descobridor das mais belas quedas d´água do mundo, há um projeto sendo trabalhado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Secretaria de Turismo para a construção do “Memorial Cabeza de Vaca”, numa área próxima ao Marco das Três Fronteiras, em Foz do Iguaçu.

A área do marco é o registro natural da Tríplice Fronteira, onde o Brasil, Argentina e Paraguai se encontram, sendo as fronteiras entre os países demarcadas pelos rios Paraná e Iguaçu, que se fundem num espetáculo natural de águas. Ali termina o rio Iguaçu, o que origina o nome da cidade de Foz do Iguaçu.

O explorador espanhol é um dos personagens mais importantes da história desta região. Com a implantação do projeto, que está em fase de estudo de viabilidade, a cidade ganhará um novo atrativo, o qual prevê a construção de ambientes temáticos que fazem referência ao desbravador, também conhecido como “Peregrino das Américas e sua história”.

A lenda das cataratas – Diz a lenda que o mundo era governado pelo filho e Tupã, o deus M`Boy. Ele tinha forma de serpente. Naipi, filha do cacique caigangue seria consagrada ao deus. Porém, nesta tribo se destacava um jovem guerreiro, Tarobá. Apaixonados, decidiram fugir.

No dia da consagração, enquanto o cacique e o pagé (bruxo da tribo) tomavam “caium” (água ardente de milho e Juca), saíram rio abaixo. Quando M`Boy descobriu a fuga, sua fúria fez penetrar as entranhas da terra, abrindo grandes fendas, que originaram o cânion onde as águas caem formando as cataratas. M`Boy, conta a lenda, transformou Naipi numa das rochas centrais da Cataratas, castigada pelas águas, e Tarobá, em uma palmeira. Os dois estariam eternamente vigiados pelo deus vingativo.

Cataratas do Iguaçu S.A – Toda essa beleza paradisíaca tem um preço. É preciso cuidado para que o fluxo turístico não estrague esse patrimônio natural que são as Cataratas. Para isso, em 1999, foi criada a empresa Cataratas do Iguaçu S.A, tendo por objetivo social a implantação, operação, administração, manutenção e aproveitamento econômico das áreas concedidas pelo Ibama, pelo período de 15 anos.

A empresa tem sede na cidade de Foz do Iguaçu e seus objetivos sociais a caracterizam como uma SPE Sociedade de Propósito Específico. A concessão consiste na liberação, para aproveitamento econômico, de seis áreas no Parque Nacional do Iguaçu, denominados espaços. São eles: Espaço do Centro de Visitantes, Espaço Porto Canoas, Espaço Santos Dumont, Espaço Naipi, Espaço Tarobá e a Trilha da Represa, além do sistema de transporte no interior da reserva.

Com a entrada em funcionamento da primeira fase do projeto, alguns números já chamam a atenção na operação da Cataratas do Iguaçu S.A. Segundo opinião espontânea manifestada pelos visitantes em formulários próprios disponibilizados a eles pela empresa, o grau de satisfação em relação à nova estrutura e serviços é superior a 90%, entre excelente e bom. Trabalham hoje na empresa cerca de 190 funcionários, mas em épocas de maior fluxo chega a operar com 240 funcionários. Na Semana Santa o Parque recebeu por volta de 9.500 visitantes em um único dia sem qualquer problema em sua operação.

A implantação do projeto da nova estrutura de visitação do Parque Nacional do Iguaçu está dividida em duas fases e visa oferecer mais segurança e qualidade no atendimento aos visitantes e, ao mesmo tempo, fomentar a educação ambiental num dos pontos de maior visitação de turistas do Brasil. A primeira fase do projeto foi inaugurada no final do ano 2000; é composta pelo Centro de Visitantes, Espaço Porto Canoas e sistema de transporte próprio do Parque.

O acesso ao Parque se dá através do Centro de Visitantes (CV), localizado em área externa da reserva com 108 mil m² de terreno, sendo 4.000 m² de área construída coberta e cerca de 50.000 m² de estacionamento, com capacidade para 170 ônibus, 20 vans e 676 veículos pequenos. O CV conta com duas plataformas, uma interna e outra externa, para embarque e desembarque dos visitantes.

No CV, além de ampla área coberta para abrigar os visitantes, a Cataratas do Iguaçu S/A. coloca à disposição dos turistas serviços de informações, sanitários, fraldário, ambulatório médico, posto bancário, caixa de coleta do correio, telefones públicos e uma sala especial para atendimento de guias e operadoras turísticas. O CV conta ainda com uma moderna loja de souvenirs e uma lanchonete, além da administração da concessionária.

A natureza agradece – A construção foi arquitetonicamente projetada de forma a se integrar à natureza. Nenhuma das obras projetadas vai se sobrepor aos atrativos naturais do Parque. Em um futuro próximo o CV estará oferecendo também a quem visita o Parque uma exposição ambiental permanente, que visa explicar aspectos sobre a fauna e a flora locais, educação ambiental, além de uma sala de projeção para filmes em 3D com temas ligados à ecologia.

O novo sistema de transporte é feito com modernos ônibus panorâmicos, double-deck, com capacidade para 72 passageiros sentados. A parte superior é toda aberta, permitindo maior interatividade do visitante com o meio ambiente e ampla visão da flora e fauna durante todo o trajeto até as Cataratas. O sistema de combustão dos ônibus está adequado às normas do CONAMA, no que se refere à emissão de gases poluentes e ruídos.

A velocidade dos ônibus e demais veículos está limitada a 50 km/h, reduzindo o risco de atropelamento de animais silvestres. A redução do número de veículos, do ruído e da velocidade tem proporcionado cada vez de forma mais intensa o aparecimento de animais silvestres ao longo da rodovia, encantando os turistas.

Cada ônibus tem uma pintura exclusiva, representando alguns dos animais mais comuns do Parque Nacional do Iguaçu. São eles: onça pintada, borboleta, quati, macaco prego, cobra coral, tucano, papagaio e jacaré-do-papo-amarelo.

O Espaço Porto Canoas possui ampla área de convivência para descanso e contemplação, apresentação de shows folclóricos e culturais, com vista do mirante Porto Canoas e do pôr-do-sol. Ali está localizada a estação final do transporte interno do Parque, contando com serviços de sanitários, ambulatório, ambulância, telefones públicos, área para exposição ambiental e praça de alimentação com serviços de lanches, confeitaria e restaurante com comidas típicas.

O slogan da praça de alimentação Porto Canoas é “a vista mais saborosa das Cataratas” devido à sua localização privilegiada, com seu deck “debruçado” sobre o rio Iguaçu, proporcionando aos turistas uma vista única da parte superior das Cataratas.

A segunda fase do projeto de implantação do novo sistema de visitação do Parque Nacional do Iguaçu tem previsão de início no segundo semestre de 2002, com prazo estimado de um ano para sua conclusão e contempla quatro espaços: Espaço Naipi, Espaço Tarobá, Edifício Ambiental e Espaço Santos Dumont.

Onde hoje opera um antigo elevador com capacidade para sete pessoas será construído um complexo que oferecerá, além de dois elevadores panorâmicos para 15 pessoas cada, espaço para contemplação das Cataratas, lanchonete, sanitários, área coberta para exposição e lançamento de produtos. Será uma edificação que se destacará das demais pela sua localização privilegiada, e se constituirá no “point” mais importante da visita, combinando com a beleza natural do lugar.

Em plena floresta, na Trilha da Represa, será erguido um espaço denominado Edifício Ambiental, construído totalmente em madeira, com altura equivalente a sete andares, para admiração da natureza do lugar. Ali irá funcionar um centro de educação ambiental específica sobre o tema flora e fauna, lanchonete, sanitários e loja com souvenirs.

No Espaço Tarobá será erguida uma pequena edificação, de dois andares. O andar superior ficará no nível da BR-469 e o inferior, no nível da trilha das Cataratas, funcionando como ligação entre as duas áreas e colocará à disposição dos visitantes um deck para observação das quedas d’água, com vista quase total de todo o conjunto. Ali também estará disponível serviços de lanches naturais, refrigerantes, água, sorvetes e filmes fotográficos.

Com a implementação destas melhorias e o investimento que será feito em divulgação e promoção, a Cataratas do Iguaçu S.A. espera um aumento no fluxo de visitantes da ordem de 5% ao ano. Em 2015, prazo final da concessão, o número de visitantes deverá chegar a dois milhões por ano. Com os novos espaços que estão sendo introduzidos, melhoria da qualidade dos serviços e maior segurança, a média de permanência dos visitantes no interior do Parque deve passar de duas horas para um dia inteiro.

Beleza que não vai acabar – Os brasileiros parecem estar admirando a natureza nativa do Brasil mais do que antigamente. No ano passado o Parque teve a presença de 739.232 visitantes, sendo 340.677 estrangeiros (46.09%) e 398.555 brasileiros (53.91%). Os argentinos são os turistas mais assíduos ao Parque. Esses números são uma surpresa, pois no ano de 2000 a maioria dos visitantes, 52, 78%, eram estrangeiros.

Os atrativos do Parque ultrapassam a fronteira das Cataratas. A flora e fauna do Parque Iguaçu também são um espetáculo pra os olhos dos turistas. A flora é composta por uma floresta estacional e mata de araucária. Já a fauna é bastante representativa; são mais de 200 espécies de aves que se distribuem por toda área do parque. As espécies mais significativas são tucanos, gaviões, beija-flores, pintassilgos, jaburus, com destaque para o papagaio-de-peito-roxo, bem como gaviões-pega-macaco, o macuco e o pato mergulhador. Habitam ainda o Parque mais de 300 espécies de borboletas.

A mastofauna do Iguaçu é composta pela suçuarana, onça pintada e pelo jaguar predadores que necessitam de grandes áreas , além da anta, veado-mateiro, capivara, paca entre tantos outros. Entre os répteis, há cobras venenosas como a coral e jararaca. Os rios são piscosos, com grande variedade de peixes.

É por esses e outros motivos que teve que ser criada uma empresa para administrar o Parque. Assim como em outros paraísos naturais, como Jericoacora (CE), por exemplo, a grande demanda de turistas pode acabar com a flora e fauna nativa do lugar, necessitando a criação de uma instituição de preservação além do Ibama.

Este texto foi escrito por: Camila Christianini

Last modified: março 29, 2002

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