Pajero de Klever na primeira especial do Sertões (foto: André Chaco/Webventure)
Sempre que participo de um grande rali, como o Sertões ou o Dakar, perguntas fortes vem à minha cabeça. No Dakar, fica difícil entender como pessoas podem viver naquele local, um verdadeiro inferno. No Sertões, a pergunta atual é menos polêmica, mas também lembra Deus: se pó um dia nos tornaremos, porque ele nos incomoda tanto?
Já completamos três etapas no Sertões 2001 e a melhor explicação para o que me aconteceu neste início de prova é a pior que posso contar: faltou sorte. Acho que não estou exagerando. No primeiro dia, o prólogo em Jandira, apenas 3 km, a bomba de combustível parou no meio do circuito. Mas quem faz rali é prevenido e para valer por dois instalamos uma segunda bomba. Posso dizer que raciocinei rápido e perdemos apenas 15 segundos para fazer a inversão para a segunda bomba. Mas numa volta de 3 km, 15 segundos significaram 17 posições, o que não era tão grave, não fosse a previsão para o dia seguinte, muito pó dos competidores que partiriam na frente e ultrapassagens perigosíssimas.
A primeira especial – Largamos então para a primeira especial, na Serra da Canastra, e apesar da poeira, sem arriscar muito, fomos ganhando posições, chegando a ocupar a quarta colocação, quando a bomba de combustível, que fora trocada na noite anterior, parou. Bom, o prólogo ao menos serviu de treino e rapidamente fizemos a inversão e continuamos forte, até que a segunda bomba, a esta altura, literalmente uma bomba, parar.
Não sou tão prevenido assim para ter uma terceira. Resultado, perdemos 90 minutos para fazer o motor girar novamente e completamos a etapa com um tempo acima do permitido, o que nos rendeu 3 horas de penalização, ou seja, fomos para a casa do chapéu em se falando de classificação.
Em Minas – Nesta segunda especial, entre Patos de Minas e Unai, largamos lá no fundão, na 72ª posição. Já na largada, aprendi que o pessoal chama “a turma do fundo de cozinha”, e, lá na cozinha, virei alvo de todo tipo de gozação, a mais suave delas partiu de alguns amigos dizendo que iriam me ajudar, estavam com pena de mim e andariam mais devagar facilitando minha ultrapassagem.
Gozações e risos a parte, mesmo que um carro ande devagar, nesta região do Brasil em plena seca, a poeira, não, a nuvem de poeira é enorme e densa.
Num rali, como cada veiculo larga a cada minuto, existe uma regra que diz que veículo alcançado é veículo ultrapassado. Para ajudar temos um rádio no carro para avisar o concorrente da frente que estamos na cola, para que ele abra passagem. Só que esta regra é tão respeitada quanto aquela que diz que pedestre só pode atravessar a rua pela faixa. Ou seja, meu dia foi cheio de pó, e se semelhança pouca é bobagem, voltei quase para a mesma posição que iniciei: não, não voltei ao pó, amanhã largo na 21ª posição e a previsão do tempo não é outra senão, grandes nuvens de poeira pela frente.
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Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)
Last modified: julho 10, 2001