Muita pouca gente fica sabendo que um rali envolve muito mais gente do que pilotos e navegadores. Na verdade o Rally do Sertões é uma grande maratona, não de 4.400 quilômetros, mas sim de 11 dias ininterrúptos.
Eu acho óbvio falar do esforço físico para controlar as máquinas, a resistência dos equipamentos, mas este grande evento de que falo não acontece apenas quando estamos acelerando.
Existe nos bastidores um trabalho, com certeza, muito maior do que estamos realizando. Existem três outras trupes que nos acompanham em paralelo: os organizadores, os mecânicos e os jornalistas.
O trabalho para se montar uma prova desta é imenso. Sempre, 24 horas por dia, alguém está fazendo alguma coisa, fica até difícil dizer quando o dia começa. Vou mudar o paradgma, vamos supor que o relógio marque zero hora quando chegamos de uma etapa.
Então inicia o trabalho para a etapa seguinte. Enquanto nós entregamos nossos veículos para os mecânicos trabalharem a noite toda, fazendo a manutenção corretiva e preventiva, os jornalistas correm para fechar suas matérias. Do lado dos organizadores, parte ainda está na trilha, recolhendo os veículos que ficaram parados com problemas, parte está trabalhando na cronometragem para apurar o resultado do dia e outros já estão saindo, no início da noite, para começar a fechar a trilha que faremos no dia seguinte, para avisar a população local e evitar tráfego na nossa pista.
No final da noite sempre acontecem os briefings, para as motos primeiro, depois para os carros, depois para os jornalistas e então a própria organização se reúne. E os mecânicos estão continuam no seu esforço anonimo. Entenda-se por mecânicos, cosinheiros, motoristas, ajudantes e os chefes, afinal alguém tem de comandar esta caravana.
Lá pelas tantas nós vamos dormir, já parte dos mecânicos e organizadores tomam mais um cafézinho para aguentar mais uma noite em claro.
Muito cedo nós acordamos, justamente na hora que os mecânicos tomam um banho para entrar no ônibus e viajar durante o dia dormindo, armazenando energias para a noite seguinte.
Nós, jornalistas, alguns chefes, mecânicos e parte da organização, partem para mais um dia de luta.
E eu ia me esquecendo, não importa se este dia é uma segunda ou um domingão, aqui é tudo a mesma coisa.
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Klever Kolberg, 40, piloto da Equipe Petrobras Lubrax, é bicampeão do Rally dos Sertões e disputa o Paris-Dakar há 16 anos.
A Equipe Petrobras tem patrocínio da Petrobras, Petrobras Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e apoio da Controlsat Monitoramento Via Satélite, Minoica Global Logistics, Mitsubishi Brabus, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor Satellite Services AS, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Artfix, Vaz Sprockets Chains, Sadia, Dakar Promoções, Vista Criações Gráficas, Gas Gas do Brasil, Mercedes Benz Caminhões e Webventure.
Este texto foi escrito por: Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax
Last modified: julho 29, 2002