Já faz tempo que não é segredo, seja qual for sua atividade, a importância de se planejar. A maioria dos seres humanos sabe disso, especialmente quem pratica esportes radicais, que envolvem alto risco, como um rali.
Muita gente sabe disso, mas erra na dose. É natural a vontade de sair cedo da sala de aula e partir para a prática real. Só que esta pressa é literalmente inimiga da perfeição. Muitas vezes, um tempinho a mais pensando em algumas alternativas, no que pode dar errado, ou seja, fazendo as coisas acontecerem virtualmente na cabeça antes do mundo real, podem economizar muitos recursos, sem falar do tempo e da saúde.
Por outro lado não podemos ficar eternamente em treinamento, em aperfeiçoamento, já que isto consome os mesmos tempo e recursos. Além disso, vivemos num mundo que muda tanto, com tanta freqüência, que fica difícil acertar, ainda mais no mundo do rali, que sempre nos induz a situações inesperadas, o imponderável.
Mesmo sabendo disso, seja na sala de aula ou no rali, vem o dia da prova, e muita gente não fez a lição de casa. O cara passa a ser mais cordial com todo mundo, afinal quer dar uma coladinha, só que até para colar nós temos ao menos que saber alguma coisa, de quem é que estamos copiando.
Lembro de um conselho que dei ao Juca Bala quando ele estreou no Rally Paris-Dakar. Disse ao Juca, que ele havia treinado a navegação com o GPS (aparelho que faz navegação por satélite) aqui no Brasil. Quando chegássemos no deserto as coisas seriam diferentes, mais difíceis e com certeza apareceria o momento da dúvida ou da falta de experiência, pois uma coisa é preparar, outra é fazer. Então Juca, se você estiver perdido, não sai atrás do primeiro que passar. E cuidado com o português Paulo Marques. Ele é excelente piloto, mas de navegação tenho minhas dúvidas.
Não deu outra, o Juca já conhecia o Paulo Marques (ele é freqüentador assíduo do Rally dos Sertões). Como o Juca, anda muito forte, os dois têm ritmos parecidos, agressivos. Num dia de navegação complicada, o Juca estava um pouco na frente. De repente notou que o caminho parecia estar errado e começou a reduzir o ritmo, quando foi ultrapassado pelo português, que pela velocidade, parecia estar sabendo o que estava fazendo.
50 quilômetros mais tarde, subitamente o Paulo para. O Juca faz a mesma coisa a seu lado, e antes que tivesse tempo de perguntar se o Paulo estava com problemas, à pergunta veio do outro lado; brasileiro, onde estamos? Resultado, os dois deram meia volta, acharam o caminho, mas ficaram sem gasolina há 10 km do caminhão de abastecimento. Camelaram no deserto.
O Rally dos Sertões é válido pelo Campeonato Brasileiro de Rally Cross Country. Teremos outras provas até o final do ano, quando embarco com a equipe Petrobras Lubrax para a nossa 17ª participação consecutiva no Rally Paris-Dakar. Então vou aproveitar para contar tudo o que acontece nestas competições.
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Klever Kolberg, 41, é piloto do Mitsubishi da Equipe Petrobras Lubrax
A Equipe Petrobras Lubrax tem patrocínio da Petrobras, Petrobras Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e apoio da Minoica Global Logistics, Banco DaimlerChrysler, Controlsat Monitoramento Via Satélite, Mitsubishi Koala, IBM, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor Satellite Services AS, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Artfix, Sadia, Dakar Promoções, Vista Criações Gráficas, Adventure Gears, Kodak Professional, Mercedes-Benz Caminhões, ZF do Brasil e Behr.
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Este texto foi escrito por: Klever Kolberg