Chegamos a Atar, um pequeno e pobre vilarejo na Mauritânia, escolhido como base para nosso acampamento de repouso. Metade do rali já foi percorrido e então podemos tirar algumas conclusões.
1 – Seguindo as previsões da organização, esta edição do Dakar está sendo bastante dura e exigente. As dificuldades que os trechos escolhidos apresentam estão desgastando muito as máquinas. Fisicamente todos também estão muito cansados, já que o serviço mecânico tem de ser realizado pelos pilotos ou mecânicos que também estão enfrentando as etapas. Os trechos têm sido bastante seletivos, privilegiando a experiência, a pilotagem e a navegação, colocando para um segundo plano a sorte e o arrojo.
2 – Além das dificuldades que a natureza local apresenta, não podemos esquecer que os concorrentes estão muito preparados, tanto pessoalmente quanto materialmente, tornando a prova super competitiva. Isto quer dizer que nada é definitivo e ainda há muito jogo pela frente.
3 – Não há espaço para os erros, mesmo para os líderes. Chegar a Atar é uma satisfação, mas não uma garantia. A alegria maior será chegar a Dakar. Este ano o temor de um abandono não deve ser restrito às equipes mais fracas. Vamos aos exemplos que falam por si mesmos e são incontestáveis:
Os dois grandes favoritos da categoria motos, contando com esquemas monstruosos e pilotos de apoio, o bicampeão Richard Sainct, que liderava a prova, e o espanhol Juan Roma, já estão fora da competição. Na categoria caminhões, nossa equipe, quando também liderava o rali, se viu de frente a um problema sem solução rápida e também está fora, ao lado de dois caminhões Kamaz, os mais fortes e potentes da prova. Então chegou o dia de repor as forças, avaliar o resultado e decidir a estratégia para chegar a Dakar com o objetivo alcançado.
André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.
Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax