Passei por uma situação que gostaria de esquecer, mas nestas últimas 36 horas ela está tomando 100% da minha atenção ou pensamentos: o momento em que tive de abandonar o rali Paris-Dakar. Já refleti sobre o assunto e o grande erro foi a falta de planejamento de troca de peças, que deveria ter sido programada pela equipe da Ralliart, empresa contratada para fazer o apoio e assistência mecânica para nosso Mitsubishi Pajero Full.
Trata-se de uma empresa profissional, com mais de 20 anos de experiência neste rali e em outras etapas da Copa do Mundo, e que desenvolveu e testou toda a preparação do carro. E, além de cobrar uma quantia significativa pelos serviços, pode se dar ao luxo de selecionar clientes. Mas eles não planejaram a troca do diferencial dianteiro do meu Mitsubishi, que rompeu.
Previamente algumas peças foram trocadas, inclusive os semi-eixos que ficam diretamente ligados ao diferencial dianteiro que rompeu-se. Outras trocas já estavam programadas. Vamos ao momento forte.
Eu e o Bruno Cattarelli, meu navegador, estávamos no meio de uma das etapas mais duras do rali, 530 quilômetros de uma volta com dunas por todos os lados, local onde é imprescindível ter tração nas quatro rodas.
Tudo corria normalmente, ultrapassamos alguns concorrentes, atravessamos vários obstáculos sem problemas e por volta do km 210, cruzando um lago seco, aqui chamado de “chot”, onde chegamos a altas velocidades (cerca de 170 quilômetros por hora), ouvimos um barulho enorme, parecendo a explosão de um pneu. Foi um susto, pois a esta velocidade um pneu furado pode significar um belo acidente, mas logo percebi que nosso Pajero continuava na mão.
Então paramos para ver do que se tratava e aparentemente nada errado. Um cheiro de óleo e borracha queimada se fazia presente. Parecia que uma das borrachas de proteção do carro havia se enroscado em uma roda, nada sério. Seguimos em frente, mais 10 quilômetros, quando encontramos mais uma grande subida de areia pela frente, nada que nos amedrontasse, até que atolamos, muito antes do que seria previsível.
Descemos do carro, sabendo que a tração estava quebrada. Seria o diferencial ou os semi-eixos. Rezei para que fossem os semi-eixos, pois carregava estas peças de reserva. Mas em minutos os testes mostraram que era o diferencial dianteiro. Estàvamos diante de um grande problema, que poderia significar a perda do carro.
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André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.
Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax
Last modified: janeiro 10, 2001