A 23ª edição do rali Paris-Dakar está chegando ao fim. Estou aqui nesta posição, paradoxalmente desagradável, olhando as coisas do lado de fora. Nos últimos quatro dias tive tempo de colocar o sono em dia, procurar uma ducha para tomar banho, liguei para casa matando um pouco das saudades, comi na hora do almoço e até fiz uma pequena limpeza no meu Mitsubishi Pajero Full. Tudo isso me ajudou a levantar o moral, mas o que eu queria de verdade era estar na prova, morto de sono, sujo de poeira, louco por um banho, morrendo de saudades e com uma tremenda fome.
Como posso fazer uma rota alternativa, acabo chegando mais rápido ao acampamento do que de costume. Isto significa chegar antes do Juca Bala. Então, eu e o pessoal da equipe enfrentamos (pelo menos para mim), um novo sofrimento. Ficar na torcida, especulando como nossa Honda Falcon Rally está funcionando, se o Juca tomou algum tombo, se não se perdeu, se não apareceu uma maldita vaca no caminho…
Quando ele chega, é recebido como se fosse nosso filho. Alegres, ouvimos suas histórias e procuramos ajudá-lo, tentando proporcionar algum conforto, alguma bebida fresca, uma sombra, e as dicas e conselhos para a etapa seguinte.
Também estou tendo tempo de conversar melhor com os mecânicos, preparadores e chefes de equipe. É muito importante aproveitar esta experiência e olhar para a frente. Com esta tranqüilidade, já montamos um relatório, com 17 itens a serem corrigidos, melhorados ou desenvolvidos.
Ficar olhando a chegada de concorrentes que estavam muito atrás de nós tem um gosto amargo e não nos faz crescer. Temos de olhar o lado positivo que nos mostra que estávamos andando rápido e alcançando nossos objetivos. Andar todo o rali com uma estratégia extremamente cautelosa, pensando apenas em chegar, seria um ponto de partida muito mais distante do que estamos. Cometemos pequenos erros que nos desviaram da rota. Mas são erros que facilmente podem ser corrigidos.
Posso garantir que nossa estratégia continuará sendo agressiva. Nossa participação e desempenho ficaram marcados. Ou melhor, bem marcados neste Dakar. Estamos no rumo certo.
Mande uma mensagem de incentivo para Equipe Petrobras Lubrax acessando o site oficial www.parisdakar.com.br. Envie também perguntas, dúvidas e nos ajude a escrever a próxima coluna. Participe conosco dessa grande aventura. Até a próxima!
André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.
Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax
Last modified: janeiro 10, 2001
