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“Nasci de novo”, diz Alexandre Freitas


Estou reaprendendo a viver contou Alexandre Freitas. (foto: Camila Christianini / Arquivo Webventure)

“Pai” das corridas de aventura no Brasil, Alexandre Freitas enviou nesta terça-feira (03/06) um depoimento à imprensa praticamente oito meses depois de competir no Eco-Challenge – durante a corrida foi contaminado por um parasita, o que resultou numa grave infecção.

Freitas correu risco de vida e ficou meses internado na UTI. Agora, em casa, ainda está em fase de tratamento da meningite e busca a recuperação dos movimentos e da fala. Ele mesmo tomou a iniciativa e ditou o depoimento, durante a fonoterapia, a Patrícia, sua funcionária na Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura. Na carta, revela sua luta diária: “Tenho que reaprender a viver”. Acompanhe o comunicado na íntegra.

“Minha luta pela vida é longa, mas estou confiante da vitória. O apoio dos meus familiares e amigos tem sido importante para minha recuperação e sei que tenho dado muito trabalho a todos… A minha história é única: em outubro de 2002, durante uma competição nas Ilhas Fiji, fui infectado por um parasita endêmico da região (Angiostrongylus cantonensis), provavelmente através da ingestão de verduras cruas ou peixes mal cozidos.

O parasita alojou-se no tronco da medula. Durante 2 meses e meio, fiquei inconsciente e permaneci na UTI (primeiro em um hospital na Austrália, depois fui transferido para o Brasil). Quando acordei, constatei que conseguia apenas mexer meus olhos. Nada mais. O fato mais doloroso era que eu tinha consciência das minhas limitações, mas não conseguia manifestar nenhum tipo de reação. Apesar das dificuldades, meu maior tesouro estava preservado: minha consciência.”

Quadro atual – “Hoje sou assistido em casa. Meu quadro atual é de meningite eosinófila: eu não ando, não enxergo as coisas com nitidez, não degluto normalmente e não falo sem o auxílio de uma válvula. Tenho que reaprender a viver. Minha visão foi extremamente prejudicada por uma úlcera de córnea, o que me incomoda muito e, por vezes, retarda o processo de recuperação. Cerca de 95% da sensibilidade humana é representada pela visão. Outro agravante no meu processo de melhora é que dependo de um aparelho para respirar, pois ainda retenho mais gás carbônico (CO2) que o normal. Isto me prende muito, mas sei que em breve deixarei de utilizar a máquina.

Sou uma pessoa bastante determinada, tenho certeza de que vou me recuperar totalmente e, para isso, levarei o tempo que for necessário. Tenho consciência de que sobrevivi apenas por seu uma pessoa de hábitos saudáveis: me alimento corretamente, não bebo, não fumo, não uso nenhum tipo de droga e pratico exercícios diários.”

Empenho – “Sei, também, que para melhorar, tenho que me esforçar muito, por isso me aplico com afinco aos exercícios de fonoaudiologia e fisioterapia, sem reclamar da dor ou cansaço que eles me causam. Minhas atividades começam às 6h30 e terminam somente às 20h. Por vezes, acordo durante a madrugada para me exercitar sozinho. Já consigo ficar de pé com o auxílio de enfermeiros, tenho sustentação dos músculos, faço exercícios de equilíbrio de tronco.

Acredito que a fase crítica já foi superada. Sei que, agora, minha luta depende muito mais de mim do que dos médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e enfermeiros que me assistem, mas reconheço que ainda necessito deles. Agradeço à todos que, de alguma maneira, têm me ajudado a passar por tudo isto, em especial aos meus pais Henrique e Vera, minha irmã Vera Helena, meus filhos Amanda e Rodrigo, minha esposa Elza, amigos e familiares. Estou determinado a voltar às minhas atividades brevemente.

Alexandre Freitas“

Este texto foi escrito por: Webventure