No carnaval desse ano (2000), fui para a Ilha Grande com meu tio José Henrique de Araújo Silva, meus amigos Ricardo Bastos e Denis Telles, e minha namorada Karen Buzaglo. Ficamos acampados no quintal da pousada “Cantinho de Ará” do seu Clóvis e da dona Mirtes na Praia Grande de Araçatiba. Lá é um dos melhores points da Ilha pois fica perto da gruta do Acaiá (ótimo trekking) que é linda, da Lagoa Azul que é um paraíso e de muitos lugares legais.
Num belo dia fomos informados que o segundo melhor ponto de mergulho da Ilha Grande era perto de lá e se chamava “Boqueirão”. Nos disseram que era uma caminhada fácil e de poucas horas. No dia seguinte pegamos nossas máscaras e nadadeiras e saímos pela manhã para conhecer o tal lugar. Seguimos pela trilha que liga Araçatiba a praia de Sítio Forte.
Depois, entramos à esquerda numa bifurcação que ligava a uma pequena praia particular. Na trilha encontramos pessoas acampadas o que é proibido. Após passarmos essa pequena praia entramos novamente na trilha. Passamos por outra praia cheia de pedras e a trilha começou a ficar muito fechada e cheia de teias de aranha, sinal de que ninguém passava por ali há dias. O meu tio, que não está muito acostumado com esse tipo de passeio, começou a pipocar dizendo que a trilha devia ser outra.
Trilha perdida – Resolvemos fazer o seguinte: eu e Denis iríamos dar uma corrida a frente para ver se encontrávamos um trilha mais aberta ou chegaríamos a algum lugar. Como não chegamos a lugar algum saímos da trilha e resolvemos ir andando pelas pedras na direção do Boqueirão. Chegamos lá e o lugar é realmente lindo. Tivemos então a brilhante idéia de voltar nadando até o ponto onde o pessoal nos esperava e guiá-los pelas pedras até o Boqueirão.
Escondemos nossas mochilas com lanche e máquina fotográfica, pegamos as máscaras e caimos na água. Nadamos uns 15 minutos que pareciam intermináveis (e estávamos sem as nadadeiras ).Quando chegamos no local onde havíamos deixado o pessoal somente o Ricardo estava nos esperando. A Karen e meu tio haviam voltado para a ultima praia (a das pedras). Foi então que eu e Denis tivemos a certeza da burrada que havíamos feito. Quem iria voltar para pegar as mochilas lá no boqueirão ? Como não tinha remédio resolvemos voltar só que de jangada.
Jangada – Havia muitos troncos em cima das pedras e restos de uma corda de náilon azul e eu e Denis resolvemos improvisar uma jangada como nos filmes. Pedimos ao Ricardo a faca de mergulho dele e começamos o trabalho. O Ricardo nos deixou e foi ao encontro dos dois desertores na praia. Levamos uma hora mais ou menos para montar a improvisada jangada com 6 troncos e um bambú que seria usado como varejão para impulsioná-la. Quando estávamos quase terminando chegaram a Karen e o Ricardo nadando e sem as nadadeiras. Eu fiquei revoltado com a burrice pois se precisássemos de uma impulsão os pés de pato seriam utilíssimos.
Eles então se propuseram a ir conosco até o Boqueirão pela água. Na hora da partida a jangada não aguentou 05 minutos e começou a se desfazer. Tivemos que reboca-la até o Boqueirão para fazer alguns reparos e tentar fazê-la funcionar pelo menos na volta pois tínhamos que trazer as mochilas. Dessa vez nossa jangada ficou mais firme mas só daria para uma pessoa ir sentada e as outras puxando.
Eu fui o primeiro. Sentei com a mochila na cabeça e os outros foram puxando. Na velocidade que íamos me senti um náufrago a deriva. Depois troquei de lugar com a Karen e fui para a água para puxar a bendita jangada que aquela hora já havia se transformado num fardo pesadíssimo de se carregar. Levamos uns 40 minutos até a praia onde meu tio nos aguardava. Estávamos mortos de cansaço.
Foi uma aventura e tanto mas dispenso outra caminhada “mole” até o Boqueirão da Ilha Grande. Mas quem puder alugar um barco para ir até lá vale a pena, é lindo !!!
Este texto foi escrito por: Henry Freitas
Last modified: junho 20, 2000