Webventure

Negligência de casal foi causa da morte, dizem autoridades da Argentina

As autoridades do Parque Aconcágua atribuíram a morte do dentista brasileiro Francisco Alvarenga da Silva, que morreu de parada cardíaca no dia 6 de janeiro no Monte Aconcágua à negligência dele e de sua esposa, a jornalista e companheira de escalada Rita Bragatto. A mulher, que havia reclamado sobre o resgate, deixou a cidade de Mendonza ontem ao lado do corpo do marido.

O diretor dos Recursos Naturais Renováveis, Leopoldo León, o chefe do Parque Aconcágua, Pablo Perelló, e o delegado Armando Párraga, chefe da Patrulha de Resgate que atende as emergências nas montanhas, comentaram o caso. “Houve uma negligência por parte dos montanhistas, por ascenderem em um horário inadequado. Os procedimentos realizados pela patrulha foram adequados de acordo com a circunstância”, disse León.

De acordo com informações oficiais, o casal de brasileiros começou a ascender ao cume às duas horas da manhã a partir do acampamento Nido de Condores, a 5.400 metros de altitude, sem contratar um guia. Às 18h avisaram por rádio que haviam chegado ao cume, e às 19h começaram a descer. Mas nunca passaram da Canaleta, uma passagem de dificuldade a 6.300 metros de altitude. Informaram que dali não podiam continuar e passaram a noite naquele ponto. Na manhã seguinte, foram instruídos a descer, mas Alvarenga da Silva faleceu antes de chegar ao acampamento Berlin.

Sua esposa, Rita Bragatto, conseguiu descer sem problemas, com a ajuda de um patrulheiro. Mas, já em Mendonza, declarou que houve uma falha no resgate, pois começaram a chamar por socorro às 19h e foram atendidos apenas às 7h da manhã seguinte.

Ontem pela manhã, Rita deixou o hotel Park Suítes com destino a São Paulo. O corpo do dentista foi levado na segunda-feira de manhã a Maipú para ser feita a tanatopraxia (procedimento para o corpo não de descompor). Na última terça-feira o corpo veio ao Brasil.

Expedição cheia de erros – De acordo com León, os montanhistas chegaram ao cume depois do pôr-do-sol, em um momento que a temperatura começa a baixar, e não levaram esse aspecto em conta na ascensão. E ao serem encontrados estavam sem líquidos e sem saco de dormir, elementos indispensáveis.

Armando Párraga, chefe da Patrulha de Resgate, lembrou ainda o fato do casal não ter contratado um guia por ter achado o valor muito alto. Demoraram 16 horas para alcançar o cume, quando o normal seria oito.

Posteriormente, Párraga declarou que não há horário para que a patrulha trabalhe na montanha, mas condições. Eles sempre avaliam a gravidade das situações para darem início ao socorro. Naquele dia tinham que resgatar dois argentinos e um japonês; não que faltasse pessoal, mas condições para se trabalhar bem.

Consta também que o casal permaneceu no cume, a cerca de 6.962 metros, pelo menos uma hora antes de começar a descer. E as expedições comerciais consideram às 16h como o horário limite para chegar ao topo. Eles levavam apenas um litro de água com eles, sendo que a essa altura é necessário ingerir de três a cinco litros de água cada um por dia.

Nesta temporada já faleceram duas pessoas, número similar às temporadas anteriores. Em quase 110 anos de subidas ao Aconcágua já morreram 112 pessoas.

Este texto foi escrito por: Webventure