Team Greeanpeace chega ao PC11 ontem de tarde (foto: Sammy W)
Bariloche (Argentina) 10:40hs – As mudanças climáticas das últimas 18 horas deixaram a prova em situação indefinida. Se até ontem se pensava em uma possível chegada da equipe campeã nesta segunda, hoje isso já não é certeza. A chuva que começou a cair ontem a tarde e prosseguiu durante toda a noite, se transformou na manhã de hoje em uma forte nevasca sobre toda a região de Bariloche. Com muitas equipes perdidas entre o PC6 e o PC7 a situação tornou-se grave para muitas delas, sem abrigo em meio ao frio e a neve em pleno trekking. O Brasil Adventure Team é uma destas equipes. Acaba de chegar a notícia de que o rádio deles está quebrado, mas eles continuam firmes e forte na prova, navegando em parceria com a equipe da Guatemala, Team Hombres de Maiz. Devem chegar ao PC7 ainda nesta manhã.
Enquanto isso os líderes do Greenpeace são esperados a qualquer momento no PC13, final do trecho dos caiaques infláveis. A equipe chegou muito antes do previsto pela organização no PC11, transição do montanhismo para o caiaque. John Howard e seus companheiros mantém um impressionante ritmo, até o momento não pararam para dormir. Os organizadores tentam imaginar que eles devem parar para dormir em algum momento das próximas horas, porém ninguém por aqui afirma com segurança o que pode acontecer nos próximos dias. Em segundo, porém com boa distância para o Greenpeace, seguem os norte-americanos do Team Rubicon. Em terceiro os finlandeses do Halti, seguidos de perto pelos espanhóis do Team Sierra Nevada. Os argentinos do Team Condor estão agora na quarta posição. As mudanças nas equipes que disputam a segunda e terceira posição aqui em Bariloche tem explicação: a noite foi dura para todos que passaram na montanha. Muito frio, ventos de quase 100km/h nos cumes. Quem resistiu melhor, e conseguiu seguir adiante apesar de todas as adversidades amanheceu bem colocado.
Todas as equipes que passaram depois das 17 horas pelo PC7 rumo a montanha não conseguiram alcançar o PC9, e tiveram que voltar ao PC7 ou buscar abrigo no PC8, em plena parede do Mt. Angostini. O PC9 foi fechado pela organização no início da noite devido a forte chuva e aos ventos. Quem voltou para o PC7 pode passar uma noite quente em barracas fornecidas pela organização e se alimentar no restaurante do acampamento local. Um descanso válido e estratégico.
Foi o que aconteceu com os brasileiros do Brasil 500 Anos. Uriel, Laura, Richard e Leonardo, partiram do PC7 as 17 horas em ponto, e durante quatro horas escalaram montanha a cima passando pelos trechos de jumar nas cordas fixas. Avançavam juntos com os argentinos do Team Patagonia e com os norte-americanos do Team Adventure One, quando receberam a instrução da organização de que era recomendado voltar e não tentar atingir o PC9, voltaram a toda velocidade pelas cordas fixas rumo ao PC7. Os americanos que resolveram continuar, devem estar passando uma noite terrível lá no algo, comentou Leonardo ao voltar para o PC7. Os brasileiros chegaram depois de oito horas de frio e chuva. No PC7 descansaram, jantaram e planejavam na noite de ontem seguir hoje cedo. Todos animados, em boa forma física e conscientes de suas possibilidades e condições de prosseguir na prova. Leonardo Gontijo é o único dos quatro que apresenta alguns problemas físicos, se sentia um pouco indisposto e com a mão inchada do trecho de caiaque inicial. Porém hoje pela manhã, com a neve e com os PCs de montanha fechados, os brasileiros foram forçados a mais algumas horas de descanso no conforto do PC7. Tomaram café e descansaram. Leonardo procurou a equipe médica da prova, mas se sentia disposto o suficiente e nem se cogitou a hipótese de desistir. Quem de todos nós merece um grande parabéns até aqui é a Laurinha, brincou o capitão Uriel. Ela é forte, passou por todos os apertos sem reclamar de nada, completou ao mesmo tempo em que abraçava Laura. Hoje pela manhã, com esse frio e com essa neve eu dou graças a Deus por estar aqui, desabafou Laura. Está sendo uma boa oportunidade de recuperar as energias.
A partir do PC7, assim que os PCs de montanha forem novamente abertos, será uma nova largada para muitas das equipes que estão por lá esperando uma melhora no tempo. A nevasca desta manhã foi completamente atípica para a época do ano, chuva e frio estavam nos planos de Mark Burnett, mas neve com certeza não era algo esperado para o Eco-Challenge 1999. Os helicópteros da organização estão forçadamente presos ao solo. As temperaturas neste momento encontram-se em torno de 3 graus, a beira do lago Nahuel Huapi. No alto das montanhas os termômetros seguramente marcam temperaturas abaixo de zero.
Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur
Last modified: dezembro 4, 1999