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Niclevicz embarca nesta quinta para o Everest


Equipe escalando na Bolívia: treinamento para o Everest. (foto: Divulgação)

O alpinista paranaense Waldemar Niclevicz e sua equipe viajam nesta quinta-feira (08/08) para o Nepal e iniciam no dia 20 uma nova escalada do Everest, a maior montanha do planeta (com 8.848 metros de altitude). A aventura, que faz parte do projeto “O Brasil no topo do mundo”, deve durar até o mês de outubro e é cercada por grandes desafios: Niclevicz quer chegar ao topo do Everest sem o uso de oxigênio artificial (algo difícil e que só foi conseguido por apenas 10% dos 1.115 alpinistas que já chegaram no alto da montanha).

“Estamos muito bem preparados para este desafio e sabemos das grandes dificuldades que teremos pela frente. Uma escalada como essa, se mal planejada, pode deixar graves seqüelas nos alpinistas”, observou.

“A equipe que eu estou comandando é excelente e está encarando o projeto com muito profissionalismo, mesmo sem estar ganhando dinheiro algum com esta escalada”, disse Waldemar, que nesta terça-feira (06/08) concedeu coletiva à imprensa em São Paulo, onde também se defendeu das denúncias publicadas na revista “Época”. Na matéria, alguns alpinistas questionam os métodos usados pelo paranaense para comprovar a conquista de algumas montanhas (clique aqui e leia reportagem especial).

“Fiz um pacto com a lua cheia, que é minha amiga de outras escaladas. Se realmente tudo correr como planejamos, iniciaremos o ‘ataque final’ ao cume do Everest no dia 21 de setembro, primeiro dia desta lua no mês”, brincou. “Com a lua cheia, o tempo costuma ficar mais aberto, os ventos calmos e a neve mais lisa, o que facilita o deslocamento dos alpinistas. Além disso, nesta época é outono e o vento que sopra é o monções de verão, que geralmente vem acompanhado por chuva e neve”.

Ecologia – Waldemar ressaltou ainda que a escalada tem um aspecto ecológico significativo. “Este é o Ano Internacional das Montanhas, que são importantes reguladores do clima e fontes de água abundante. Cerca de 30% da população mundial depende das águas de montanha para sobreviver”, ressaltou Niclevicz.

Uma das grandes dificuldades de Waldemar Niclevicz e os demais alpinistas com o projeto “O Brasil no topo do mundo” teve de ser superada bem antes deles chegarem à Ásia. O apoio financeiro para suprir os altos custos da iniciativa foi conseguido com muito sacrifício junto aos patrocinadores. “Só com a taxa de permissão do governo do Nepal para todos os alpinistas escalarem o Everest, desembolsaremos 70 mil dólares.

Além disso, gastaremos de 5 a 10 mil dólares com a comunicação via satélite, 2.500 dólares só com a passagem de cada integrante da equipe e por volta de 12 mil dólares com o excesso de bagagem. Não se viabiliza um projeto como esse com menos de 200 mil dólares”, contou.

O time – Depois da escalada do Everest, a terceira na carreira de Waldemar a esta montanha, o alpinista tentará subir a Lhotse (8.501m), a quarta maior do mundo, considerada a “irmã menor” do Everest. Niclevicz já escalou cinco montanhas com mais de oito mil metros e terá, nesta aventura, uma equipe formada por seis alpinistas nepaleses e outros quatro brasileiros.

São eles: os paranaenses Irivan Gustavo Burda (31 anos), Marcelo Santos (31) – que chegaram com Waldemar ao topo da Trango Tower em 2001 -, Allir Wellner (41) e Paulo Souza (44). Niclevicz e Mozart Catão (falecido numa avalanche em 98, no Aconcágua) foram os primeiros alpinistas brasileiros a chegarem ao topo do Everest, no ano de 1995, só que pelo lado do Tibet. Desde então, nenhum outro brasileiro conseguiu repetir a façanha.

A ida de Waldemar Niclevicz e de sua equipe para a Bolívia, entre 10 e 30 de julho, serviu como um bom treinamento para todos, já pensando no Everest. Na ocasião, enfrentaram um inverno rigoroso e tempestades constantes. Durante 14 dias, os alpinistas atravessaram várias montanhas e chegaram ao topo do Illampu (6.368m), considerada a mais difícil dos Andes Bolivianos. Superando encostas com mais de 60 graus de inclinação e temperaturas de até 20 graus negativos, a equipe comandada por Waldemar acabou se tornando a primeira formada por brasileiros a escalar esta montanha.

Niclevicz, o primeiro brasileiro a escalar, além do Everest, o K2 e os Sete Cumes (a maior montanha de cada continente), realizou um trabalho especial para esta aventura, que contou com a supervisão do fisiologista Raul Osieck, chefe do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná e diretor do Centro de Fisiologia do Atlético Paranaense.

Objetivos do treino – Waldemar também foi orientado por seu treinador, Julio Aracheski, com o objetivo de aumentar sua capacidade de absorção de oxigênio (capacidade aeróbica). “Terei aumentado o meu VO2, ou seja, a capacidade que meu organismo tem de absorver o oxigênio. Uma pessoa normal tem de 40 a 45% de VO2. Já atletas de alto rendimento, como os maratonistas, por exemplo, conseguem 60 a 65%.

O VO2 médio dos jogadores da seleção pentacampeã do mundo foi de 62%”, completou o alpinista. “O Brasil no topo do mundo” é a primeira expedição ao Everest que poderá ser acompanhada diariamente via internet, através do site www.obrasilnoeverest.com.br

Este texto foi escrito por: Webventure