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Nilo de Paula comenta o Rally dos Sertões de 2006


Reinaldo Varela / Marcos Macedo ainda têm chances de vitória (foto: Tom Papp/ www.webventure.com.br)

Nilo de Paula, navegador profissional, organizador de provas e instrutor de curso de orientação, já competiu nove vezes o Rally dos Sertões. Esse ano ele não está competindo, mas tem observado de fora tudo o que se passa na competição. Nilo já correu com Tino Vianna por alguns anos, com Reinaldo Varela, Ulysses Bertholdo, Maurício Sala, Otto Frederico, Riamburgo Ximenes, Helena Deyama, Paulo Vignoli, Edu Piano e Ricardo Domingues.

Observando o evento, Nilo explica que há menos inscritos este ano porque houve uma mudança no regulamento e não porque o rali aumentou o valor da inscrição. Esse ano foram 52 carros inscritos contra 97 ano passado.

“A inscrição sempre foi cara e apesar de ter aumentado o valor acho que o principal motivo da debandada foi o fator regulamento”, comentou. Segundo o regulamento desse ano, o piloto que quebra já larga no dia seguinte fora da disputa. “Se ele forfeta já aparece com seis horas de diferença para o líder de um dia pra o outro”, explica Nilo.

Fora do Brasileiro de cross-country – Outro motivo que ele aponta é a contagem de pontos para o Campeonato Brasileiro. “Há dois anos o Sertões não conta mais pontos para o Brasileiro, aí fica difícil”. Nilo também diz que está sentindo falta de uma divulgação da competição pelos grandes veículos de comunicação. Há nove anos vivendo o dia a dia do rali, ele se sente incomodado por não estar competindo e não ter acesso às informações. “Não aparece em jornal nem na TV, estou achando muito estranho”, ressalta.

Quebras de pilotos – Ainda sobre a falta de informação, Nilo comenta sobre as quebras de alguns pilotos. “O Ricardo Domingues, por exemplo. Começou muito bem, com o primeiro tempo no prólogo, mas despencou na tabela da segunda etapa em diante, com consecutivas quebras, e até segunda-feira eu não sabia por que ele tinha quebrado”.

Já nos carros ele diz que demorou a saber o motivo que tirou alguns pilotos das especiais. “O Klever só fui saber depois de dois dias que tiveram problemas no pistão, o Maurício Neves e o Guiga também tiveram problemas de motor, o Ingo caiu num buraco porque o navegador errou e só fique sabendo dois dias depois”.

Esse ano o rali começou ao contrário do que todos estão acostumados. Em vez de um início mais tranqüilo e ter o ápice de dificuldade na metade, a prova começou forte e exigiu muito dos pilotos, que estão com dificuldade física. “Os carros fazem três horas e pouco e quase três horas faz também a moto, está difícil pra eles”, comenta o experiente navegador.

Para deixar ainda mais impressionados todos aqueles que a essa altura da competição no ano passado acompanhavam brigas pelo título entre os pilotos favoritos, a edição 2006 do Sertões reservou mais surpresas, comenta Nilo.

Edu Piano, que começou bem, está fora, assim como Klever Kolberg/ Eduardo Bampi e Fellipe Bibas/ Émerson Cavassin. “Todos os pilotos favoritos estão com dificuldades, mas o Varela ainda está na briga. Se ele saísse pra arrebentar, já estaria fora. Ele está pensando no final. Com essa reviravolta, um carro da Super Production pode ganhar”, comenta Nilo.

Com mais de 20 anos competindo em ralis, Nilo de Paula explica a principal diferença desse tipo de carro para o Production. “Na Production você compra em loja, muda a suspensão, coloca dois amortecedores por roda e o Santo Antônio, quase não muda nada. O que mais que se pode mexer, com limitações, é a suspensão”, explica.

Caminhões e motos – Já nos caminhões, a briga está em casa, com apenas dois veículos, da equipe Ford, brigando pelo título. Nilo mais uma vez fala sobre o regulamento diferente desse ano, que prejudica quem forfeta. “O Ricardo Domingues nem aparece o tempo, apenas aparece seis horas a mais cada dia, os Mercedes estão fora e só tem três Ford na briga, um mais ou menos atrás e dois na frente”.

Nas motos, pela segunda vez um estrangeiro tem chances de se tornar campeão do Rally dos Sertões. Da mesma forma que em 1998, quando o austríaco Heinz Kinigadner foi o campeão, esse ano o francês Cyril Despres desponta como favorito.

Divulgação internacional – Nilo comenta o fato de Despres ser campeão com o coração de um brasileiro, mas com a visão de quem deseja uma maior divulgação da competição fora do país. “É uma pena que não tenham brasileiros nas primeiras posições, mas para a competição em nível internacional é maravilhoso, porque isso vai aparecer no mundo inteiro”.

Ele explica ainda porque a vitória do francês daria mais prestígio ao Sertões. “Seria legal ele ter brigado com o Fantozzi, com o Juca Bala, o Jean, o Zé Hélio, mas ele é o cara que ganhou o Dakar, é excelente para o Brasil”.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani