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No clima de Copa do Mundo


Copa da Cultura no Haus der Kulturen der Welt (foto: Arquivo pessoal/ Fábio Zander)

O colunista do Webventure Fábio Zander aproveita o clima de Copa do Mundo na Alemanha e faz uma reflexão entre cicloturismo e o maior evento de futebol do mundo, que acontece na Alemanha, onde Zander mora desde o ano passado. Confira.

A princípio o Muro de Berlim tinha vez e espaço nessa coluna, mas acabei aceitando a sugestão da editora do Webventure Cris Degani e resolvi escrever uma coluna aproveitando o clima de Copa do Mundo por aqui.

Mas não se preocupem, pois a próxima coluna seguirá com um rico material sobre a pedalada de três dias, percorrendo aproximadamente 160 quilômetros de todo o entorno do famoso Muro de Berlim!

Apesar de ser muito fã de futebol, poderia escrever apenas sobre este esporte, não que eu seja um ótimo comentarista sobre o assunto, mas brasileiro que é brasileiro, sabe como é que é, tem até um pouco mesmo de técnico. Quebrei a cabeça para unir o assunto principal que é o cicloturismo com esse clima de Copa do Mundo aqui na Alemanha, especificamente em Berlim. Minha bandeira já está na bicicleta e espero carregá-la por muito tempo durante a competição.

O inverno bateu recordes de muitos anos atrás e foi bastante rigoroso por toda a Europa entre o fim do ano passado e início desse ano. O clima de Copa do Mundo até então demorou a aparecer por aqui, talvez estivesse congelado junto aos 20 graus negativos que tivemos por aqui em alguns dias.

Com o início da primavera e as temperaturas chegando a 30 graus, o clima de Copa do Mundo até que enfim chegou e quando falamos que somos brasileiros as pessoas ficam empolgadas. Para todos os lados que se olha o tema é futebol, de propagandas a eventos ligados a bola. Por exemplo, o Fernsehturm (traduzido como a Torre da Televisão) um dos símbolos da cidade de Berlim, parece uma bola de futebol e para assistir a praticamente todos os jogos do Mundial, telões estarão espalhados pela cidade.

Para cidadãos e turistas, segue um destaque para um serviço interessante sobre duas rodas oferecido aos usuários da Deutsche Bahn, a espécie de central de trens da Alemanha. Anualmente, entre o início da primavera e início do inverno, a DB (Deutsche Bahn) oferece bicicletas para aluguel, o chamado “Call a Bike” (www.callabike.de).

Neste ano de Copa do Mundo estas bicicletas bem equipadas com “full suspension” (suspensão dianteira e traseira) serão bastante requisitadas principalmente por turistas de todo o mundo que irão desbravar a cidade de bicicleta, o melhor meio de transporte por aqui.

Em praticamente todas as principais estações da cidade estão estacionadas as bicicletas da DB, basta ligar para uma central, informar o número da bicicleta, efetuar o pagamento via cartão de crédito ou débito em conta e eles em seguida liberam um sistema de trava na bicicleta.

Tenho que reconhecer que aqui no velho-continente a primavera é bem mais bonita e se faz bem mais presente do que no Brasil, talvez seja esta a melhor estação, a mais bonita do ano, também para se pedalar.

A natureza cinza, branca e congelada do inverno ficou para trás, agora muito verde e diversas cores e muitas flores, muitas mesmo, em todos os cantos da cidade, praças e parques de Berlim.

As estações do ano na Europa são bem mais definidas do que no Brasil. Aqui temos primavera, verão, outono e inverno, no Brasil parece tudo resumido em inverno e verão.

Outra questão que me faz pensar e comparar é a qualidade de vida entre São Paulo e Berlim, esta última ganha disparada. Os alemães saem de seus trabalhos entre 17 e 18 horas e como os dias estão ficando cada vez mais longos, anoitecendo umas 21 horas, eles aproveitam e vão se esticar em uma das inúmeras áreas verdes da cidade.

Fora está hora de lazer, poderíamos discutir sobre a qualidade de vida em outra oportunidade e abordar temas como as vias e ciclovias, os parques, o transporte em geral ou falar sobre o incentivo ao uso da bicicleta, as leis, etc.

A Dani (minha namorada) e eu pedalamos ao parque central de Berlim, o Tiergarten, o qual escolhemos como lugar para nossas partidas de Ping-Pong ou lugar para nos esparramar no gramado aproveitando o calor do sol.

Nestas esticadas sinto-me como um daqueles lagartos que ficam imóveis em cima de uma pedra, curtindo o sol e tirando aquela pestana! É impressionante como estamos brancos, quase transparentes, o protetor solar é imprescindível de agora em diante.

É impressionante como nós valorizamos mais o calor do sol depois deste longo e rigoroso inverno! Resumindo, o Sol aparece menos na Europa do que no Brasil.

Em ano de Copa do Mundo não há como não ver e sentir o Brasil na Alemanha. Só na televisão é possível assistir a programas que abordam o Brasil em forma de documentários sobre sua história, a natureza em geral, sua geografia e até mesmo sua rica cozinha típica.

Não bastando estes programas, hoje se assiste a diversas propagandas de grandes empresas e marcas que usam o tema Copa do Mundo e um de seus principais personagens, o Brasil. De celulares a, por exemplo, uma grande marca de artigos esportivos que resolveu investir tanto na imagem do Brasil perante o futebol internacional, chamando sua campanha mundial de Joga Bonito.

O grande evento brasileiro do ano é chamado de Copa da Cultura (site: www.hkw.de) em um grande centro de eventos chamado “Haus der Kulturen der Welt” (traduzido como Casa da Cultura do Mundo) e será realizado entre os dias 25 de maio a 9 de julho. Um festival do Brasil na Alemanha, com danças, performances, música, futebol, filmes, exposições, debates e leituras, com cooperação e show de abertura do nosso Ministro da Cultura no Brasil, Gilberto Gil.

O objetivo deste evento será divulgar o Brasil e aproveitar a grande circulação de turistas durante a Copa do Mundo e não tirar a imagem do carnaval e futebol brasileiro, mas acrescentar as outras qualidades culturais do Brasil.

Outro grande mérito da Copa da Cultura é de não ser um evento isolado e sim possuir uma programação intensa, diversificada e de qualidade, não só em Berlim como em outras cidades alemãs.

Este texto foi escrito por: Fabio Zander