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No coração do Brasil, Pingüins colecionam histórias

O coração do Brasil fica em Água Boa, no Mato Grosso. A cidade vive da propaganda de ser o centro geodésico do país e marcou a chegada do casal Isabela Vilela e Ricardo Panelli ao destino que deu nome a uma expedição. Depois de rodar pelo extremo da América em 99/2000, os Pingüins do Deserto, como a dupla foi apelidada, optaram pelo giro por 20 estados brasileiros. A viagem terminou ontem, em São Paulo.

“A chegada em Água Boa foi um dos momentos mais especiais. A gente descobriu por acaso, tentando cumprir um dos pontos do percurso. Lá existe uma placa com um coração e os dizeres: centro geodésico do Brasil”, conta Isabela. O casal cumpriu um trajeto pelo país formando a palavra Focus, nome do carro que os transportou na aventura. “A gente desenhou a palavra no mapa, abrangendo o máximo de estados e lugares interessantes possíveis, incluindo oito Parques Nacionais”, explica Ricardo.

Por que o Brasil? – “Queríamos mostrar que não é preciso ir tão longe para encontrar lugares pouco conhecidos e belíssimos”, responde Isabela. Mas o roteiro trouxe desafios especiais, como a má conservação das estradas. “Quando a noite chegava, tínhamos de parar porque era suicídio andar nas estradas cheias de buracos como as que encontramos pelo caminho. Às vezes nossa escolha era ir pelo buraco mais raso”, lembra ela.

O contato com moradores foi outro destaque. “Descobri que pobreza é algo que só existe na cidade-grande. Encontramos tanta gente no sertão, naquele lugar terrível, mas se virando, vivendo numa boa. É a realidade que eles conhecem, ninguém está inconformado”, lembra Isabela. Um dos personagens inesquecíveis para os dois foi um fiscal do Parque Nacional de Grande Sertão Veredas (em Minas Gerais) chamado Eurídes. “Ele largou a família e mora sozinho no Parque, nunca vi alguém amar tanto o que faz. E foi um dos lugares mais bonitos que visitamos.”

Sem cerveja – Ricardo e Isabela ainda não fizeram as contas, mas acreditam ter conhecido mais de 400 cidades nos 17 mil quilômetros percorridos, com o carro rastreado por satélite para que a expedição pudesse ser acompanhada on line. A primeira expedição, a Ushuaia, serviu como ensinamento (veja matéria), mas algumas lições foram aprendidas no dia-dia pelo interior do Brasil. “Descobrimos algo que parece bobo, mas tem muita importância. Não se deve cair na tentação de tomar aquela cervejinha na beira de uma praia antes de ir embora para a cidade em que vai dormir. Bem antes de se dar conta você desmaia, morto de cansaço”, ensina ele. “Melhor deixar pra comemorar depois.”


A expedição Pingüins do Deserto no Coração do Brasil teve patrocínio de Ford, co-patrocínio de Trident, Philips, Fórmula Academia, Mobisat, Cidade Internet e Dockers, e apoio de Thule, Porão 5 Design e Continental. Mais informações sobre a expedição estão no site www.pinguinsdodeserto.com.br

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira