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No topo do mundo: oito brasileiros estão no Nepal para conquistar o Everest

Redação Webventure/ Montanhismo

Paulo Coelho no acampamento base do Everest (foto: Helena Coelho)
Paulo Coelho no acampamento base do Everest (foto: Helena Coelho)

Nunca se viu tantos brasileiros na ânsia de escalar a montanha mais alta do mundo, o Everest, de 8.848 metros. Três experientes duplas brasileiras estão no Nepal para, separadas, escalarem a montanha apelidada de Topo do Mundo: Vitor Negrete e Rodrigo Raineri, Waldemar Niclevicz e Irivan Gustavo Burda, e Paulo e Helena Coelho, os dois últimos que embarcaram no último domingo (02/4) e chegaram ontem (06) em Katmandu, no Nepal. Convidado pela expedição que tem mais investimento, o repórter da Tv Globo Clayton Conservani e o guia de montanha Guilherme “Totó” Setani, fecham o grupo de oito brasileiros que querem atingir o cume da montanha até meados de maio.

É a primeira vez que tantos brasileiros têm como objetivo o cume no Everest. A primeira expedição brasileira à montanha, de 1991, patrocinada pela Petrobrás e liderada por Thomaz Brandolin, tinha como meta facilitar a conquista com oxigênio suplementar de apenas dois montanhistas. Não teve sucesso. Paulo e Helena participaram desta expedição e ficaram na logística da equipe.

Desta vez, a história é bem diferente. Como disse Waldemar Niclevicz, que junto com Mozart Catão (morto em um acidente no Aconcágua em 1998), foi o primeiro brasileiro a fazer o cume do Everest , “alguns países chegam a colocar mais de quatro expedições por ano na montanha e o Brasil pode chegar neste número”, disse o montanhista na coletiva de imprensa no mês passado.

Corrida para o topo do mundo – Mas com o Brasil é diferente: apesar de serem seis montanhistas em busca do cume, cada um vai com uma proposta diferente e, principalmente, separados. O objetivo, que parece ser o mesmo, na análise deles é diferente.

Vitor e Rodrigo, que têm o patrocínio da empresa de calçados esportivos Try On, querem o cume sem oxigênio suplementar. É a primeira vez dos dois na subida ao Everest. No currículo eles têm a conquista da parede sul do Aconcágua em 2002 e o cume da mesma montanha no inverno de 2004. Nesta bagagem, eles têm carregadores (sherpas) , oxigênio suplementar na mochila em caso de emergência, e a TV Globo para relatar a expedição.

A marca de calçados dividiu o investimento de 150 mil dólares na expedição Try On Expedition II, de Vitor e Rodrigo, e na expedição Dez Anos de Conquista, de Niclevicz e Irivan. A assessoria da marca não soube informar qual cota era de cada expedição. Niclevicz é também patrocinado pelo Banco do Brasil. Mas o objetivo das duplas são diferentes.

Se por um lado Niclevicz já fez o cume pela face norte, a do Tibete, agora ele quer comemorar 10 anos de conquista pela sul, via Nepal, em que o permit (taxa paga ao governo para escalar a montanha) é mais caro. Ele e Irivan estão em busca de um novo cume e com oxigênio suplementar, ou seja, quando o ar ficar rarefeito, acima de 5, 6 mil metros de altitude, devem usar garrafas de oxigênio para facilitar a absorção de oxigênio no sangue. Mas, segundo eles próprios, podem tentar subir sem uso deste oxigênio, e assim fazerem o cume sem oxigênio. “A gente não quer nenhum recorde; quer ir e voltar com segurança”, disse Niclevicz no mês passado.

Ambas as expedições usarão os serviços de carregadores sherpas e dividirão o permit com estrangeiros.

Já a história de Paulo e Helena é bem diferente. Sem patrocínio total, apenas de suas economias pessoais, eles têm o apoio da Curtlo, By e Hi-Tec em equipamentos para a empreitada. Vão seguir novamente para a face norte e, sem a ajuda de carregadores, vão dividir o permit com estrangeiros que também não usarão oxigênio suplementar.

Paulo e Helena estão na sétima tentativa de conquista da montanha. Foram para lá nos anos de 1998, 99, 2001, 2002, 2003, 2004. Para Helena, o ano passado não conta, porque a bagagem de Paulo foi extraviada e só chegou 20 dias após o desembarque deles na Ásia. Assim, de 21 de abril de 2004 a 8 de maio eles esperaram pelas roupas e equipamentos de Paulo.

Como a boa temporada da montanha é entre final e inicio de maio, a aclimatação adequada, com as subidas e descidas de acampamentos, ficou totalmente comprometida. A previsão é de que todos retornem da montanha em fim de maio, sendo que são reservados quase um mês para aclimatação.

Juntos para atravessar a fronteira – Mas parece que a condição civil do Nepal não está permitindo que eles fiquem separados e duas expedições devem se juntar na travessia da fronteira do Nepal para o Tibete, na China. O problema é que existe um conflito civil desde o início do ano e agora os rebeldes maoístas dificultam a passagem de qualquer turista entre fronteiras, mais especificamente em Kodori, onde os brasileiros tentam passar.

Existe a possibilidade de amanhã (07) muitas expedições estrangeiras, e também a de Vitor e Rodrigo e Paulo e Helena se juntarem para atravessara fronteira. Estando juntos, os montanhistas têm mais chance de furar o bloqueio. Segundo Paulo Coelho, que manteve contato com a Redação, “em Kathmandu, tudo parece tranqüilo, sem as greves e sem as manifestações de outras épocas. Ha poucos turistas e muitos que se vê nas ruas são alpinistas que estão tentando ir para as montanhas”.

Mesmo seguindo para o Everest e com o objetivo de fazer o cume sem oxigênio suplementar, pode ser a última vez que as duplas se cruzem. Ou não. Tudo vai depender da disponibilidade interna de cada um. Boa sorte aos brasileiros.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani

Last modified: abril 7, 2005

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