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No topo, missão de Ravelli é não se “acomodar”


Ravelli (esq) seguido de perto por Albert Morgen no início da etapa da Ametur. (foto: Luciana de Oliveira)

Chegar ao topo, ou perto dele, não é nada fácil. E manter-se ali, então, é para muito pouca gente. Como será que é viver do esporte, com uma rotina de vitórias, de títulos e encontrar motivação e (principalmente) prazer ano após ano?

Para buscar a resposta a essas perguntas conversamos com Márcio Ravelli após sua vitória na Copa Ametur Powerbar Reebok, a terceira em quatro provas disputadas por ele na temporada. E que marca a abertura do caminho para mais um título ao atleta sete vezes campeão brasileiro em 11 anos de MTB e atual campeão da Ametur.

Abaixo seguem comentários em que Ravelli destaca a necessidade da boa forma psicológica, ao lado da física. E diz como encontra uma importância em cada vitória e o que um segundo lugar na semana passada, no Interestadual, lhe ensinou. São as lições do topo trazidas a todos nós.

Cada vitória é importante porque…
“Eu me preparo para cada prova, cada uma tem sua importância dependendo do circuito, da pontuação, do ranking. E considero também a cobrança do patrocinador pelos resultados positivos. Afinal, eu sou profissional, ganho um salário.

A longa trajetória no esporte
Pedalo desde os 8 anos, começando com bicicross. Já são 11 anos no mountain bike e, por incrível que pareça, estou na briga pelo meu oitavo título. Acho que Deus me deu o dom de pedalar, mas não é só isso. Tem que ter determinação.

Pretendo ficar mais uns cinco anos – no mínimo – andando nas cabeças. A molecada tá chegando, tem o Albert (Morgen) que é novo, tem 20 anos, e está me dando trabalho. Eu também estou dando trabalho para ele. O que vale é o lado psicológico. O atleta vai andar de acordo com o que pensa e treina. Você não pode se abalar.

Objetivo: não se acomodar
Neste ano estou muito preparado. No ano passado me acomodei, ganhei algumas provas e achei que já estava lá. Não pode ser assim, tem que treinar porque a molecada está chegando. Então, no começo deste ano, disse para a equipe: “vou andar bem em todas as provas, vou socar a bota”.

Ficar cansado desta rotina é uma conseqüencia. Agora tenho um novo preparador físico, Hélio da Luz, e estamos cuidando da alimentação e preparação física para não deixar o organismo ficar muito debilitado. Isso tudo é necessário porque estamos num nível profissional. Tem que ser um trabalho sério.”

Nesta segunda parte da reportagem, Ravelli comenta como planejou a vitória na primeira etapa da Copa Ametur e lança a característica frase: “vim para ganhar”. Saiba também por que ele aponta o circuito de Carandaí como um dos melhores da América Latina.

Receita para vencer
“Você estuda os adversários, sabe quem está bem, vê pela característica do circuito. Se alguém ganhou uma prova semana passada, pode ter certeza de que aquele mesmo atleta vai andar bem. Mas tem que ver as condições em que ganhou. Vi que o Albert sentiu muito cansaço (na etapa do Interestadual, disputada uma semana antes e vencida por Albert Morgen). Ele reclamou de dor muscular na perna no final.

Então, cantei a bola (na Ametur): ele vai largar forte, mas vai sentir… Afinal, o circuito era duro, um sol tremendo, a prova teve 2h30, não se definiria na primeira volta. Larguei atrás, segui os ponteiros, não deixei que se afastassem muito. E fui recuperando posições. Na segunda volta, ataquei e ninguém veio atrás.

Eu vim para ganhar. Em algumas provas eu me acomodo, mas nesta eu vim para ganhar. Ainda mais porque fui segundo no Interestadual.”

Sobre o circuito da Ametur em Carandaí
“É um circuito que eu considero um dos melhores da América Latina. Tem plano, subida, técnica, single track. E uma infra-estrutura, o ponto de apoio, esse lago maravilhoso. Acho que para o mountain bike não tem melhor.

A primeira volta é sempre difícil. Já tinha uma parede de início, você pensa o que será de você. Mas depois vem a descida e você se recupera. Se tiver técnica para descer, desviar de raízes e galhos, você vai embora. Quando vi que dava para abrir na parte técnica, mandei ver.”

Ravelli e seus concorrentes da Elite seguirão esta briga pelos títulos da Ametur, Paulista, Interestadual e o que todos mais almejam: o Brasileiro. E esses superbikers, juntos, prometem um verdadeiro show em duas rodas. É só conferir!

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira