Trekking depois de remar 8 5km: olha a cara de cansaço do Rodrigo… (foto: Tico Utiyama)
Já me meti em algumas roubadas desde que comecei a trabalhar como repórter no Webventure, há três anos. Cansada de apenas observar os competidores durantes as inúmeras coberturas de provas de aventura, comecei a participar como atleta de algumas delas. Não queria apenas ver, tirar fotos, registrar depoimentos, mas sentir tudo aquilo, toda a emoção, cansaço, fome, frio, e mais.
Já corri algumas provinhas até hoje, todas curtas. No último sábado (19/06) aconteceu o Natura Kaiak Short Adventure, corrida de aventura realizada pela Ecomotion, com largada na praia de Ubatumirim, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Foram 54 quilômetros de aventura pela região.
Como a prova era em duplas, escolhi o Rodrigo Rangel como meu companheiro de equipe. Esta foi nossa segunda prova juntos, e a primeira em dupla. Nossa equipe, a CakiBaca Adventure TecnoHipe Team (Caki = meu apelido; Baca = apelido dele!) era a de número 67 na categoria Mista. E o mais interessante: eu é que estava navegando!
Largada A largada aconteceu às 9h20 no canto da praia. Muitas bicicletas, uma ao lado da outra, estavam a postos para sair no maior gás. As nossas bikes estavam atrás de todas…já sabíamos que iríamos começar por último!
Com o apito da largada, pedalamos 10 quilômetros até o PC 3, que era também a primeira área de transição. Ali, nossos apoios – Paula (minha irmã) e o Ricardo, amigo dela, estavam nos aguardando com cara de assustados e eufóricos ao mesmo tempo, pois não tinham nem idéia do que era uma corrida de aventura.
Deixamos as bikes e encaramos 8,4 quilômetros de trekking até o PC6 até hoje me pergunto por que a modalidade é denominada trekking, já que deveria se chamar running, porque praticamente todos os competidores correm ao invés de caminharem (?)! Largamos as bikes e arrastamos o duck pro mar. Era hora de remar!
Preocupação – O meu medo era exatamente o trecho da canoagem. O Rodrigo remou muito mal na primeira prova que fizemos juntos – o Adventure Camp, em Natividade da Serra – e eu fiquei meio traumatizada. Afinal, seriam 8,5 quilômetros de canoagem em pleno alto mar, contornando a Ilha da Pedra e a Ilha do Negro, e meu companheiro de equipe como canoísta era um ótimo nadador!
E, pra minha surpresa, ele até que estava remando bem. Mas, no meio do trajeto ele começou a se sentir mal, a pressão baixou e a remada dele já não rendia. Tive que me virar sozinha, ou melhor, remar sozinha. E mesmo remando contra a maré, literalmente, conseguimos completar o trecho sem maiores problemas, como eu estava imaginando.
Difícil dizer qual a parte mais bonita da prova. O trecho de canoagem estava divino, contornando as duas pequenas ilhas. A vista era muito bonita, e ao longe se avistava a areia da praia.
Depois da canoagem, mais 8,2 quilômetros de trekking. No meio deste trecho passamos pela praia do Quiririm, linda, deserta, cheia de conchinhas na areia. Tivemos que atravessar pelas pedras para chegar na praia de Ubatumirim novamente. Descobrir essas belezas naturais é uma das grandes recompensas que recebem os atletas de aventura!
Acelerando – A prova já estava chegando ao fim, faltando apenas dois trechos de bike com um rapel. Pedalamos forte até chegarmos na cachoeira Sesmaria, para garantir que não seríamos cortados. O corte era às 16h30 e chegamos nesse PC com mais de duas horas de antecedência. Até que estávamos melhores do que imaginávamos. O Rodrigo fez o rapel; eu fiquei esperando meu companheiro gritando com uma câimbra que me deu no pé esquerdo…
Deste ponto até o fim da prova restavam apenas 12,5 quilômetros de mountain bike. Passamos em frente a uma casa onde estavam fazendo churrasco, no meio de um morro. O Rodrigo se desesperou, e ficou o resto da prova falando da vontade que estava de comer churrasco! Foi como um motor para que terminássemos logo a prova. Afinal, fim de prova=comer o que quiser= descansar=tomar banho, etc…
Final – E conseguimos completar os 54 quilômetros de percurso em pouco mais de seis horas, conquistando a 20ª colocação na nossa categoria e 75º na classificação geral com um total de 125 equipes. Levando em consideração de que eu é que estava navegando – pela primeira vez e sozinha! e não nos perdemos nem um minuto, isso já é uma maravilha!
Eu não sou a Marina Verdini e nem ele é o Rafael Campos, dupla vencedora da Mitsubishi Salomon Quasar que completou a prova em três horas e quarenta minutos…Mas que temos muita força de vontade e muito senso de humor, temos! Prometo agora treinar cada vez mais para correr, finalmente, uma prova grande e poder contar aqui, no Minha Aventura, novas roubadas!
Gostaria de agradecer a organização do Natura Kaiak Short Adventure por me convidarem a participar como atleta e ao Rodrigo, meu companheiro de equipe, por ter me agüentado! A próxima etapa do circuito acontecerá em setembro, em local ainda a ser definido. E, se tudo der certo, estarei lá novamente.
Este texto foi escrito por: Camila Christianini