Carros da XRC devem superar modelos como o Lancer (foto: Divulgação/ Mitsubishi)
O Brasileiro de Rali de Velocidade está prestes a ser revolucionado por uma nova categoria, que terá carros de baixo custo e mais potentes que os do WRC (World Rally Championship), o Mundial de Rali. É o que garante Maurício Neves, experiente piloto e preparador de carros, que inclusive já disputou o Rally Dakar em 2010. Ele está por trás de um projeto ambicioso, e que pretende estrear na competição nacional em 2012.
Os carros vão custar muito menos que um N4 e vão ter uma performance superior, diz Maurício, contando como idealizou o projeto. Um carro competitivo, prazeroso de pilotar, que desse show, mas que custasse menos do que os da categoria N4, que seriam os (Mitsubish) Lancer e Subaru (Impreza), e que tivesse um custo operacional também baixo e pudesse ser feito em cima dos modelos nacionais, resume o preparador.
O carro já está sendo desenvolvendo em Curitiba (PR), sede da equipe de Maurício, a ProMacchina. O 4×4 terá motor turbo de 300 cavalos, movido a etanol, e deve custar entre R$ 150 e R$ 180 mil. Segundo o preparador, um valor muito em conta se comparado com as principais competições de rali do mundo. Um carro novo do WRC custa 500 mil euros (quase R$ 1,2 milhão). Um Super 2000, do IRC (International Rally Challenge), custa 350 mil euros (R$ 825 mil).
A criação da categoria, que deve se chamar XRC (Xtreme Rally Cars), já está sendo analisada pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo). Para Maurício, ela trará de volta competidores que estão afastados. Tem muita gente que tem vontade de vir para o rali de velocidade, mas não vem pela falta de opções de carro. O cara não quer vir para andar de Gol, de Celta ou de Palio. Ele quer vir para andar num carro emocionante, parecido com o do WRC, explica ele.
Chassi, marcas e pré-estreia – Como o carro já está em desenvolvimento, o chassi de um sedã teve que ser escolhido. No entanto, Maurício prefere manter sigilo sobre a sua marca e modelo. Ele está nascendo em cima de um chassi nacional, não tem nenhum envolvimento com a fábrica, foi somente uma opção comercial. Escolhemos a opção que era a mais barata para a gente desenvolver, esclarece o preparador, animado com a versatilidade do projeto. Ele permite que seja feito em cima de qualquer chassi, garante.
Para o primeiro ano da categoria no Brasileiro de Velocidade, o cenário ideal é de que dez marcas adotem o projeto e entrem na disputa, cada uma com o seu carro, justamente para que haja uma representatividade das montadoras. Maurício, porém, não quer que a categoria dependa das marcas. Para o rali crescer, a gente não pode ficar apoiado nas montadoras, a gente precisa do varejo: a concessionária, a fábrica do pneu, o combustível…, argumenta ele.
Com uma pré-estreia do carro programada para o IRC de Curitiba, que vale como quarta etapa do Brasileiro de Velocidade, em 31 de julho, Maurício espera ver o sucesso de sua ideia. A proposta que mostrei para a CBA é que todas as equipes que estão no Brasileiro e que quiserem podem participar como construtoras e/ou fornecedoras, diz. Ninguém vai precisar desenvolver nada, o carro vai estar pronto, conclui.
Este texto foi escrito por: Rafael Bragança