A Chamada do Silêncio (foto: Divulgação)
Preguiça de ir para o mato por causa do frio? Então se aventure em casa, assistindo a um desses clássicos do mundo outdoor. A lista foi montada a partir das dicas de esportistas brasileiros, como o paraquedista Sabiá, o remador Christian Fuchs e os montanhistas Makoto Ishibe e Rosita Belinky.
No Coração da Montanha (1991)
Quem indicou esse clássico das montanhas foi o médico Eduardo Vinhaes, que esteve na primeira expedição brasileira ao Everest. Dirigido por Werner Herzog, a história é sobre uma corrida maluca ao topo do Cerro Torre (3.128 metros de altitude), na Patagônia argentina. Disputam o veterano e respeitado Roccia (Vittorio Mezzogiorno) e o escalador indoor e novato Martin (Stefan Glowacz, escalador na vida real). Tudo complica depois que um terceiro personagem morre e Katharina (Mathilda May), namorada de Roccia, se envolve com Martin. Fica claro que somente aquele que tem a sensibilidade de sentir a montanha é quem consegue escalar até o cume, diz Edu.
Apesar de somente o remador e colunista Webventure Christian Fuchs ter indicado este filme para nossa reportagem, temos certeza de que 9 entre 10 aventureiros no mundo também recomendariam a história real de Alex Supertramp, o maluco norte-americano que abriu mão de todos seus bens materiais e emocionais para acabar morrendo sozinho dentro de um ônibus velho, no meio do Alasca. O filme foi dirigido por Sean Peann e baseado no livro do jornalista Jon Krakauer. Vale a pena pelo espírito de mudar tudo na vida e de, principalmente, encarar o que der e vier, diz Fuchs.
Pouca gente sabe que o base-jumper brasileiro Luiz Henrique Santos, o Sabiá, é formado em cinema. E foi sob tal tarimba que ele escolheu esse clássico da Sessão da Tarde. O filme é um retrato da paixão pelos esportes radicais, diz o paraquedista. A trama se desenrola em Los Angeles, nos Estados Unidos. Para desvendar uma gangue de assaltantes, o jovem agente do FBI, Johnny Utah (Keanu Reeves), se infiltra em um grupo de suspeitos, todos surfistas. Por causa disso, o policial aprende a pegar onda e a ver o mundo de uma foram diferente por meio da amizade com o misterioso Bodhi (Patrick Swayze). Direção de Kathryn Bigelow.
Dá vontade de subir na moto e sumir, diz Christian Fuchs sobre a história de um jovem estudante de medicina chamado Che Guevara (Gael García Bernal) e de seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de La Serna). A dupla parte de Buenos Aires pilotando a La Poderosa para se lançarem em uma aventura pela América Latina, que muda o modo de Che enxergar o mundo. Dirigido por Walter Salles, a odisseia é baseada nos diários de Che e no testemunho de Granado.
Para o ex-montanhista brasileiro Makoto Ishibe esse filme vale a pena pelo supervisual. Ainda que história seja ruim, as imagens são duca, nos disse. Vai lá o enredo: três surfistas (interpretados pelos esportistas na vida real Matt George, Patrick Shane Dorian e Matty Liu) partem pelo mundo em busca da onda perfeita, parando em lugares paradisíacos como Madagascar e Bali. Mas será no Havaí que o trio irá se deparar com surpresas: ao enfrentarem o mar, eles também encararão a morte, o que faz com que se estreitem os vínculos entre eles. Direção Zalman King.
Outra história real que faz arrepiar os aventureiros de plantão: o alpinista Aron Ralston (James Franco) se vê numa complicada situação ao ter seu braço direito esmagado por um enorme bloco de rocha. Para piorar, o destemido rapaz está sozinho, no fundo de um desfiladeiro no Parque Nacional de Canyonlands, Estados Unidos. O ápice da roubada fica por conta da medida extrema que ele resolve tomar, depois de cinco dias preso. Mostra a enorme capacidade, muitas vezes escondida, que temos para superar grandes adversidades, diz Eduardo Vinhaes, que gostou muito do filme dirigido por Danny Boyle. A montanhista Rosita Belinky emenda: o filme nos faz entender o quão importante é avisar alguém se você decide ir sozinho para algum lugar.
Apesar de o filme ter sido lançado apenas em 2003, a história já causara polêmica em 1988, ano da publicação do livro de mesmo nome, escrito pelo alpinista Joe Simpson, protagonista do episódio real. O enredo é sobre dois alpinistas, Joe (interpretado por Brendan Mackey) e Simon Yates (Nicholas Aaron), que atacam o cume do Siula Grande, a 6.300 metros de altitude, nos Andes peruanos, em 1985. Os britânicos conseguem o feito pela face oeste, nunca antes conquistada. Mas na descida, Joe cai, quebra a perna e fica pendurado na corda. Horas mais tarde, Simon decide cortar a corda, acreditando que o amigo está morto. Mas Joe não estava. Quem indicou esse clássico, dirigido por Kevin Macdonald, foi Rosita Belinky, que ressalta as belas paisagens da película.
É um filme que consegue elencar vários tipos de besteira que se pode fazer em uma caverna e em atividades verticais em geral, diz Rosita Belinky. O experiente mergulhador Frank McGuire (Richard Roxburgh) e sua equipe na qual se inclui seu filho Josh (Rhys Wakefield) foram obrigados a se aprofundarem ainda mais pelos tortuosos caminhos da caverna Esa-Ala, no Pacífico Sul. A ideia é encontrar uma saída alternativa, pois a boca por onde eles haviam entrado estava bloqueada por uma tempestade tropical. Mas os tanques de oxigênio não duram para sempre e eles não sabem se sobreviverão a este labirinto. Direção Alister Grierson.
Outra história real de deixar no chinelo as de Hollywood: em 1936, o alpinista alemão Toni Kurz (Roger Schäli) e três companheiros se empenham em uma empreitada inédita, a conquista da montanha suíça Eiger, de 3.970 metros de altitude. No entanto, os companheiros de Toni vão morrendo um a um ao longo da expedição, até que ele se vê sozinho, pendurado em uma corda, batalhando pela vida, literalmente por um fio. Apesar dos percalços, Rosita Belinky acredita que a historia é a realização de um sonho. Foi dirigido por Louise Osmond, com base no livro de Joe Simpson. A mesma história rendeu outra película dirigida por Philipp Stölzl, em 2009: North Face.
Este texto foi escrito por: Amanda Nero