Antônio em uma de suas aventuras (foto: Arquivo pessoal / Antônio Paulo)
Meu objetivo aqui, antes de mais nada, é fazer você rir um pouco e passar algumas informações. Não vou negar que,às vezes, saio dos limites. Vai depender de como você interpretará minhas historinhas.Se não gostar, reclame com a editora.
Escalo há 30 anos, sem interrupção, mas não me chame de senhor… a sociedade insiste nisso. Em forma, escalo como qualquer outro moleque. O problema hoje é achar motivação para treinar. Contribui abrindo mais de 100 vias de escalada, de esportivas a vias enormes em grandes paredes. A primeira foi em 1983/84, no Parque Nacional da Serra do Caparaó (ES). No Rio de Janeiro e na Serra do Cipó (MG), várias de minhas vias se tornaram clássicas, incluindo algumas em grandes paredes. Abri também na Argentina, Chile, Colômbia, Canadá, EUA e Marrocos. Meu foco principal é escalar vias técnicas longas em montanhas. Não gosto de escalada artificial.
Também esquio anualmente desde 1996. Vou muito para os Estados Unidos e Canadá por causa da minha família. Todos esquiam. Escalei em vários países: Argentina, Alemanha, Áustria, Brasil, Marrocos, Canadá, Chile, Cingapura, Colômbia, EUA, França, Itália, Peru e Suíça. Posso incluir separadamente Patagônia, Alasca e Havaí. Fui à Patagônia em 1991 com tentativas no Fitz Roy e na Agulha Poincenot, mas eu praticamente não tinha experiência neste tipo de ambiente, exceto quando escalei na Cordilheira Branca, Peru, em 1990. Hoje posso dizer que tenho alguma experiência porque escalei um número razoável de montanhas em ambientes alpinos em vários países, do Mont Blanc ao Mount Rainier, passando pelo Aconcágua, Chopicalqui e outros. Na verdade, foram muitas montanhas.
Não me considero um escritor, mas um tirador de ondas. Escrevi muitos artigos para revistas de escalada. O primeiro foi em 1994, para a americana Climbing Magazine. Dei grandes contribuições para a extinta brasileira Headwall, além de outras. Escrevi também para vários outros informativos: Mountain Voices, Fator2, Horizonte Vertical e, ultimamente, para a American Alpine Journal. Quanto a livros e guias de escalada, contribui para vários, mas publiquei o meu próprio livro em 2006, Montanhismo Brasileiro: Paixão e Aventura, no qual narro a evolução da escalada brasileira em todos os tempos e todas as modalidades até a sua publicação, da escalada esportiva à alpina.
Continuo escalando e conquistando, mas também leciono cursos de interesse de montanhistas na Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1997, onde sou professor. De forma inédita, criei a disciplina Ambientes de Montanha para cursos de mestrado e doutorado. Tem tudo a ver com escalada!
Quando faço meu memorial, às vezes me espanto, mais por causa do tempo, que passa. Mas, sempre encarei isso tudo como diversão. Escalar para mim é isso: uma diversão séria, que me toma um tempo danado, mas continua sendo uma diversão. Escalo de tudo, de boulder a vias em ambientes glaciais. Aliás, para mim o importante é escalar uma via bonita, o grau de dificuldade pouco importa.
Muito em breve será publicado aqui o primeiro artigo do novo colunista, depois desta apresentação, explorando as displicências durante a escalada.
Este texto foi escrito por: Antonio Paulo Faria