“Não esqueceu a cabeça por que está grudada… quem nunca ouviu essa frase? Pois fui para a montanha com amigos e esqueci de levar o material de descida deles… Apaguei da cabeça a informação e simplesmente não registrei a necessidade do freio oito (ou similar) naquela escalaminhada. O meu, que mora na minha cadeirinha, estava lá e acabei emprestando-o. Mas precisei improvisar.
Estava com amigos antigos, mas um deles ia comigo para a montanha pela primeira vez. E, como sempre acontece quando vamos para a montanha com pessoas diferentes e experientes! , acabei aprendendo um novo uso para um velho nó, conhecido de muitos e muitos anos. Uma nova forma de fazer o rapel. Uma maneira segura e eficiente, bem mais simples do que a que eu conhecia até então.
Esta é uma boa metáfora para a vida: existem sempre novos usos para velhos nós… Mas não foi apenas isso que aprendi neste dia. Uma das pessoas, cansada de esperar a lenga-lenga dos rapéis, deixou de fazer pelo menos dois, em lugares delicados mas não especialmente perigosos aquele tipo de lugar que parece super seguro e, na hora agá, pode gerar acidentes horrendos. Como sabemos, a maioria dos acidentes acontecem 1. Em vias fáceis e 2. No quintal de casa, ou seja, onde você se sente mais seguro!
Na montanha não se pode facilitar. Por mais impaciente que sejamos ou por mais cansaço e pressa que tenhamos. E eu, ansiosa por natureza, venho aprendendo a ter paciência e esperar, a não deixar de lado nenhum procedimento de segurança, mesmo que isso faça com que tudo demore um pouco mais.
Este texto foi escrito por: Helena Artmann (arquivo)