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O Brasil descobre as corridas de aventura

Trecho de Rapel no Raid Brotas especial para a EMA (foto: Gustavo Mansur)
Trecho de Rapel no Raid Brotas especial para a EMA (foto: Gustavo Mansur)

E o Brasil tomou gosto pelas corridas de aventura. O país que conheceu o esporte no ano passado com a primeira edição da Expedição Mata Atlântica, abraçou a modalidade esportiva. A corrida de aventura caiu como uma luva entre os praticantes de esportes de ação no país, principalmente entre os que sentiam falta de um gosto de competição.

“Na verdade, corrida de aventura é uma tendência mundial que o Brasil está seguindo”, afirmou Jean-Claude Razel. “Desde que o conceito de corrida de aventura foi criado com o Raid Galouise em 1989, as corridas só tem crescido no mundo todo”, explicou. Uma particularidade brasileira é o grande número de triatletas que se interessam por corridas de aventura. Esportistas com bom preparo físico, buscando um desafio diferente das provas de triatlon, com estratégia e navegação.

Verdade seja dita, a Expedição Mata Atlântica, criada e organizada por Alexandre Freitas da Sociedade Brasileira Multisports, é o centro em torno do qual gira todo o interesse pelo esporte no Brasil. E a EMA 1999 não decepcionou quem esperava que ela respondesse ao crescimento e ao surgimento de novas e mais preparadas equipes brasileiras. Dizer que a EMA 1999 foi duas vezes mais difícil do que a edição do ano passada é até pouco. Segundo o próprio Alexandre Freitas, na prova de 1998 a intenção era apresentar o esporte aos atletas brasileiros.

Em 1999 terminou a brincadeira, EMA foi um verdadeiro desafio para as 33 equipes que garantiram sua inscrição na prova. Foram mais de 400 km divididos em boia-cross, moutain-bike, trekking, canoagem e rapel. A expectativa geral era de que somente as equipes estrangeiras terminariam a prova na categoria principal, entre eles os favoritos da equipe New Zeland. No final a grande surpresa: somente três equipes conseguiram completar a prova na categoria principal, todas brasileiras.

Provas menores também fizeram sucesso este ano. Em Brotas (SP), cidade intitulada por muitos como capital da aventura, surgiu o Raid Brotas. A prova de um dia, criada pelo francês Jean-Claude Razel (Alaya Expedições) é quase didática. A prova ficou marcada como ponto de iniciação para atletas vindos de outras modalidades em corrida de aventura. O ponto alto em 1999 foi a edição preparatória para a EMA que reuniu em setembro alguns dos principais times em um Raid Brotas especial.

O circuito CorridAventura, organizado pela Rumos, em parceria com a Half Dome foi a outra opção de prova curta para quem queria conhecer a modalidade. A competição foi dividida em três etapas, em provas que duravam cerca de 48 horas. Para o ano 2000 a competição muda de nome e passa a se chamar Circuito EcoAventura, mas com calendário renovado e estendido.

Mas a onda de corridas de aventura não ficou restrita a região sudeste. Em João Pessoa foi realizada em novembro o Desafio Costa do Sol. Idealizado e organizado pelos jovens integrantes de Equipe Neblina, a competição reuniu equipes nordestinas em uma prova reunindo mountain-bike, trekking e rapel, sob o sol escaldante do nordeste.

Jean-Claude Razel vê um papel muito importante da mídia, principalmente da Discovery Channel. “O documentário que eles produzem do Eco-Challenge passa pelo menos uma vez por mês em todo o mundo. Um programa muito bem produzido que tem um fator importante na divulgação da corrida de aventura”, concluiu Jean-Claude. “Não é a toa que hoje o Eco-Challenge é a corrida de aventura mais popular. Se você pergunta para alguém no Brasil o que ele lembra quando se fala em corrida de aventura, ele vai falar do Eco-Challenge”, afirmou.

E já que estamos falando de Eco-Challenge 1999, o Brasil teve este ano a participação de duas equipes brasileiras na edição da prova realizada na cidade de Bariloche (Argentina). Os paulistas da Brasil Adventure Team, e os mineiros da Brasil 500 Anos. Com experiência acumulada no Eco-Challenge do ano passado, os mineiros foram os únicos brasileiros a terminarem a prova. A equipe conquistou o 17° lugar, completando a corrida em oito dias. O Brasil também esteve presente no Southern Traverse, na Nova Zelândia com duas equipes: a EMA Brasil e a EMA Light, sendo que somente a primeira conseguiu completar a prova na 24ª colocação.

Mas a melhor notícia do ano foi o lançamento do ELF Autentique Adventure 2000 no Brasil. A prova, que será realizada no nordeste brasileiro, em abril, foi lançada oficialmente durante a Adventure Sport Fair. O ponto de encontro é a cidade de Fortaleza (CE), de onde os aventureiros seguem em direção aos estados do Piauí e Maranhão. O ELF tem espaço reservado para sete equipes brasileiras, que estarão competindo lado a lado com grandes equipes internacionais de corrida de aventura.

Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur

Last modified: dezembro 29, 1999

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Redação Webventure
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