Foto: Pixabay

O início de tudo: contando por que era difícil começar no esporte

Redação Webventure/ Montanhismo

Petar (foto: Tom Papp)
Petar (foto: Tom Papp)

Na coluna deste mês, Vitor Negrete, que está na Expedição Invernal no Aconcágua e espera fazer a ascensão ao cume até dia 17 de agosto, escreveu sua coluna do mês falando sobre o início no montanhismo e escalada em rocha, que foi o mesmo de muitos esportistas e nomes de destaque do esporte.

Este parece ser um ano reservado aos iniciantes da escalada, das corridas de aventura, das atividades outdoor. Enfim, mas nem sempre foi fácil iniciar estes esportes. Quando comecei no Grupo Excursionista Gaia, formado por alunos de diferentes cursos da Unicamp, tudo era mais complicado.

Por exemplo, os equipamentos de escalada precisavam ser encomendados e trazidos do Exterior por algum conhecido, pois aqui não existia praticamente nada. A internet ainda não existia. Encontrar os croquis de uma via de escalada pelo computador estava mais para ficção científica.

Entretanto, tudo era meio mágico. Cada saída para as cavernas do Petar era uma grande aventura; cada escalada, um desafio. Mas aventura e desafio com uma outra conotação. Pode ser que eu esteja revivendo as memórias saudosistas da juventude, mas acredito que os tempos mudaram. Naquele tempo, os esportes de aventura não movimentavam a indústria e o comércio, exceto o surf. Lembro-me da marca 775, que é desta época.

No Grupo Gaia, participaram Tomás Gridd Papp, Rodrigo Raineri, Igor Alexandre Walter e outros. Enquanto eu atravessava a Rodovia Transamazônica em bicicleta com o Osvaldo Stella Martins e o Igor, o Tom e o Rodrigo conquistavam o Aconcágua. Com o Tomás, fui de Campinas a Curitiba de bike sem mapa, sem relógio, sem planejamento.

Com o Thomás escalei, de kichute, a minha primeira via de escalada na Guaraiúva, que era conhecida como Pedra do Lopo e tinha somente duas vias na parede principal. Fomos até lá de carona de caminhão e escalamos no estilo Big Wall, carregando as nossas mochilas para bivacar no cume. No meio da parede ficamos sem água e a única laranja que tínhamos foi sorvida ao lado do Santuário para a Virgem das Alturas.

Naquela época nosso ídolo era o Makoto Ishibe, que ministrava o curso de escalada avançado na mítica, para nós, Pedra do Baú (em Campos do Jordão, SP).

Todo o mundo estava aberto para ser viajado, conhecido e todos os sonhos eram possíveis. Passávamos as noites desvendado os labirintos da Caverna Ouro Grosso, que hoje tem a visitação limitada, tentando chegar até os grandes Garrafões, sem nunca conseguir. Mas que finalmente alcançamos e descemos seus 90m com o Scala e o pessoal do Gescamp.

Bons tempos aqueles, mas também bons tempos os de agora. Os equipamentos de ponta nos ajudam a alcançar lugares nunca imaginados. A informação e as oportunidades são maiores do que podemos abraçar. Hoje tenho a maturidade e o desenvolvimento psicológico que levou muitos anos para ser forjado e as amizades que perpassam o tempo.

Este texto foi escrito por: Vitor Negrete (Em memória)

Last modified: julho 29, 2004

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure