As zonas estabelecidas na mochila (foto: Arquivo Francis Alvim)
O primeiro fator a ser observado na escolha de uma mochila ideal é o limite máximo de peso que você pode levar. Este limite é de um terço do seu peso corporal ideal, o que varia com sua altura e seu tipo de estrutura física. É importante encontrar um limite que seja confortável e seguroque também depende do quanto você está em forma, de seu vigor físico (o que varia com a idade) e da sua habilidade motora.
Existem mochilas de ataque e cargueiras. Os tamanhos das mochilas são dados pelo volume que elas comportam, em litros. Uma mochila de 25 litros (de ataque) é pequena, e é utilizada para passeios bem curtos. Uma mochila de 90 litros (cargueira) já é bem grande, comportantdo uma grande quantidade de objetos.
Uma boa mochila cargueira não deve, quando completamente cheia, ultrapassar a largura dos seus ombros, ou ela irá enroscar em todos os ramos que encontrar pelo caminho. Isto significa uma mochila na forma geral de um saco cilíndrico com uma “tampa” em cima. Como não deve ser muito larga, o topo da mochila pode ultrapassar a altura de sua cabeça, o que não é problemático. Basta você sempre se lembrar que ficou mais “alto”.
Também devido à forma de saco, a boa mochila deve ter uma segunda possibilidade de acesso a suas entranhas (zíper, perto da base). Já pensou se você precisar de pegar correndo a capa de chuva que, por engano, você pôs lá no fundão?
Repare nos detalhes – Uma boa mochila deve ter a menor quantidade de zíperes possível. Também deve ter fitas, perpendiculares aos zíperes, que retirem o esforço daqueles fechos. Deve ter algumas, poucas, outras fitas para prender equipamento externamente.
Finalmente, deve ter umas duas bolsas laterais externas para você por as suas garrafas d’água, biscoitos, etc. Também é importante que o bolso da tampa (ou capacete ou capuz) superior seja voltado para sua nuca, o que facilita o acesso, enquanto você anda.
Especiais para mulheres – Existem algumas diferenças entre as mochilas para as mulheres e as utilizadas pelos homens. Isto significa pequenas diferenças no desenho das ombreiras e na barrigueira da mochila, para melhor acomodar os seios e o quadril.
A escolha de uma mochila depende do uso que ela vai ter. De qualquer forma, uma boa medida para uma mochila de ataque é perto dos 35 / 40 litros.
Se você está planejando uma caminhada até um acampamento-base de onde partirão passeios menores, isto significa que a mochila de ataque vai ser, inicialmente, levada dentro da cargueira. Portanto, você precisa de uma mochilinha bem flexível, feita em material fino (algo semelhante a náilon).
Já se você pretende fazer uma caminhada, sem pernoite, mas, que irá durar por todo o dia, uma mochila de material mais resistente, e menos flexível, será necessária. Pense em algo até 55 litros.
Seja lá qual for, a mochila deve ter as alças acolchoadas com material não muito macio. E este acolchoamento deve ser bem largo, de modo a distribuir bem o peso, diminuindo a pressão. Desde de que ela não ultrapasse a largura de seus ombros, quando completamente cheia, ela pode ter bolsos por todos os lados e fitas para transporte externo.
Capa para a Mochila
Uma das dificuldades no uso das mochilas, principalmente em trilhas, é como evitar que a mochila se molhe. Pensando nisso, foram criadas as capas especiais para mochila. A capa, porém, não cober toda a mochila. A face da mochila que toca as nossas costas fica descoberta. Ainda assim, mais de 75% da superfície da mochila estarão protegidos.
A capa da mochila também acaba funcionando como um excelente quebra-galho: é um ótimo forro para se sentar num chão molhado; cobre as botas durante uma noite de chuva , etc.
Recipientes
Tubos de pasta de dente, maionese e outras pastas podem no interior da mochila. Garrafas de combustível (para o fogareiro), se vazarem, além de tornarem sua mochila uma tremendo risco (incêndio), podem arruinar sua comida e, como conseqüência, todo o passeio.
Enfim, todos os recipientes que conterão pastas, óleos e líquidos deverão ser a prova de vazamentos. Se necessário, substitua os recipientes por algo mais seguro.
Embalagens
Toda a roupa extra deve ser embalada em sacos plásticos fechados de modo estanque.
O saco de dormir deve estar dentro de um saco plástico fechado do modo mais estanque possível. Caso chova (ou sua mochila caia dentro d’água) o saco de dormir é o item que NÃO deve se molhar.
O Centro de Gravidade
Um centro de gravidade muito alto fará com que você caia de cabeça dentro do riacho, quando se agachar pra beber. Caso você se incline para um lado, a mochila o puxará ainda mais para o lado. E isto, se estiver escalaminhando uma encosta pedregosa, pode significar uma queda. Uma mochila lateralmente desbalanceada tira seu equilíbrio ao andar, sacrifica mais um ombro, um dos pés e os músculos de uma das pernas. Quanto estrago!
O objetivo é fazer com que o centro de gravidade da mochila fique tão junto ao seu corpo e tão baixo quanto possível. Quanto mais junto do seu corpo, menos a mochila o puxará para trás. Quanto mais baixo, menos instabilidade (desequilíbrio) a mochila provocará quando você se inclinar. Mas, respeitando estas condições tanto quanto possível, também devemos lembrar que certos itens exigem fácil acesso por serem de uso urgente como em casos de acidentes, chuva, frio súbito, etc. Outros itens são de uso frequente como água, mapa, bússola, chapéu, óculos escuros, filtro solar, etc.
Antes de mais nada, junte tudo. Mochila, tralha, roupas, comida… TUDO! e confira com uma lista de checagem. Está tudo aí? Separe os itens de uso urgente agrupando-os. Separe, noutro grupo, os itens de uso freqüente.
Com a “ferragem” da barraca, isolante térmico, e a lona de forro, forme um terceiro grupo, pois estes são os únicos itens que, às vezes, acho que podem ir amarrados do lado de fora da mochila, se necessário. O rolo de corda (se houver) é um item exterior, pois tanto pode ser necessário com urgência, como é volumoso e desajeitado demais para ficar dentro da mochila.
Dos itens restantes, veja quais os mais pesados. Separada a barraca de sua armação, fica muito mais fácil socá-la no fundo. Coloque uma panela dentro da outra (se possível) ou encha-as com itens menores (comida ensacada, por exemplo).
Vamos imaginar a mochila dividida em 4 zonas volumétricas: A zona A é o bolso do capuz. As zonas B, C e D formam o compartimento principal da mochila. O zíper inferior de acesso marca a divisa da zona D. Os bolsos laterais não estão incluídos, porém se houver um bolso traseiro, este será considerado zona C.
Coloque na mochila as coisas mais pesadas primeiro. Assim, encha as zonas D e B primeiro, depois a C, a zona A e, finalmente, os bolsos laterais e amarre os itens externos. A zona D é formada pelo terço inferior do compartimento principal. Aqui ficam as coisas mais pesadas. A barraca vai para a zona D. Se ali ainda couber mais coisas, os enlatados serão os próximos candidatos.
Na zona B ficam as coisas mais pesadas que não couberam na zona D. A “ferragem” da barraca vai para a zona B, podendo intrometer-se na zona D. O mesmo vale para o isolante térmico, caso caiba. As panelas também podem ir para a zona B. Quanto mais em baixo, melhor.
O saco de dormir vai para o alto das zona B/C. No topo do compartimento principal ficarão a caixa de primeiros-socorros e seu abrigo contra chuva (anorak ou poncho). Na zona C ficam coisas relativamente leves: comida ensacada, roupas etc. As meias e cuecas devem ser espremidas nos espaços vagos, que certamente sobrarão!
Zona A: este é o compartimento mais fácil de ser alcançado sem parar de andar. Aqui devem ficar os itens mais leves: lanterna, mapa, 1 mosquetão com sua fita solteira, faca/canivete etc. Bolsos laterais: garrafas d’água, biscoitos e por aí a fora… Para completar, amarre os itens externos.
Muito bem! Aposto que, depois de tudo feito e com a mochila às costas, você se olhou no espelho e se achou lindo! Pois é… agora vá à farmácia mais próxima e suba na balança. Aproveite, e no caminho, balance o corpo, deixe cair uma moeda e agache para pegá-la, veja se a mochila está te puxando para algum lado, para frente ou (demasiadamente) para trás.
Se a balança acusar que seu peso (com a mochila) aumentou mais de 30%, significa que tem coisa demais aí dentro. Ou se você sentiu a mochila te puxando ou atrapalhando seus movimentos, significa que ela não está adequadamente balanceada. Nesses casos, volte prá casa e comece tudo de novo…
Este texto foi escrito por: Francis Alvim, especial para o Webventure