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O que o piloto Dimas Mattos espera do Rally Dakar 2012


Dimas Mattos (foto: Arquivo Webventure)

Dimas Mattos, que pilota uma motocicleta KTM, conversou com o Webventure sobre as mudanças no percurso, a falta de etapas no Brasil a nova obrigatoriedade de motores com 450 cilindradas em todas as motocicletas.

O que você achou da mudança de percurso do Dakar?
Eu particularmente prefiro provas que sejam de um ponto ao outro, nunca laço, quando você anda, anda, e chega ao mesmo lugar. Quando é de um ponto ao outro, ainda mais de um oceano a outro, é melhor. Outra coisa que eu gostei foi de separarem alguns trechos para as motos, sem carros. Acho que isso vai deixar o rali mais difícil. Talvez seja o rali mais difícil que já teve aqui.

Qual você espera que seja o trecho mais duro?
Eu acho que o mais difícil vai ser no Chile. Na hora que entrar no país, a gente vai começar a pegar muitas dunas, continuando assim até o Peru. Então, com certeza vai ser o rali das dunas.

Quais serão os pilotos mais fortes na sua modalidade?
Acho que tem quatro favoritos. Em primeiro lugar o Marc Coma. E Cyris Despres vem na cola dele. Eles são os dois mais fortes. O Helder Rodrigues vem muito forte esse ano, assim como o [Francisco] Chaleco Lopez. Na minha opinião, aposto forte em um desses quatro. Se ele não tiver problemas, acho que o título vai para Marc Coma.

O que você achou da obrigatoriedade de 450 cilindradas para as motos?
Foi a única forma que acharam de trazer todas as marcas para o rali. Aquelas alegações de segurança e de custos não são verdadeiras, infelizmente. O principal motivo para mudarem tudo para 450 cilindradas é trazer mais marcas de fabricantes para o rali, porque ele tinha virado monomarca. Era só KTM, sempre. Agora não, dos quatro pilotos que citei acima, um vai andar de Yamaha e outro de Aprilia, e são os favoritos. Isso não existia antes. Andando com motos de 450 cilindradas a competitividade vai ser maior porque mais fabricantes vão querer ganhar esse título.

Você é um piloto experiente em Dakar, o que tem a passar aos mais novos?
Em 2012 estou indo com dois pilotos estreantes no Dakar. O Arndt, o Zanol e eu. O que pretendo passar para eles é que, primeiro, é preciso ter claro o objetivo de cada um e, dentro desse objetivo, ver como ele vai querer andar. O Rally Dakar é muito mais perigoso que qualquer outro rali, mas esse perigo está diretamente relacionado ao ritmo que você vai andar. A principal coisa que você precisa ter na pilotagem do Dakar é serenidade. Se pilotar com “a faca nos dentes”, você não completa o rali.

Seria bom ou ruim voltar o Dakar para a África?
Eu não concordo muito com essa história de que o Rally Dakar só tem glamour na África. Para nós, a África é distante. É muito mais fácil ir para a Argentina ou para o Chile. Já os europeus enxergam a América do Sul da mesma forma. A diferença técnica entre um e outro é a mesma. Eu, particularmente, acho que o rali ainda tem muitos anos na América do sul.

E o que dizer sobre ainda não ter acontecido etapas no Brasil?
Para ter uma prova no Brasil, o governo precisaria estar empenhado em ajudar, e isso não vai acontecer antes de Copa do Mundo e das Olimpíadas. Infelizmente, pois para mim seria um prazer. Precisa ter uma vontade política para o rali vir, por uma questão de alfândega, principalmente. Trazer 30 carros de Fórmula1 pelo aeroporto é uma coisa. Trazer 500 veículos para um rali, pelo porto, e sair rodando, é outra coisa muito diferente. Hoje nós não temos leis para isso. Precisa de vontade política para mudar essas leis e, antes de Copa do Mundo e Olimpíadas, ela não existirá.

SOBRE O DAKAR 2012
O Rally Dakar chega a sua 33ª edição, mas é apenas a quarta prova na América do Sul. Em 2012 a competição irá atravessar o continente de leste a oeste, saindo de Mar Del Plata, na Argentina, passando pelo Chile e terminando em Lima, no Peru. Até 2011, as edições latinas do Dakar eram em formato de circuito ou laço (quando o percurso de uma etapa cruza com o de outra), saindo e terminando em Buenos Aires, capital da Argentina. Com a mudança, a prova ficou cerca de 500 quilômetros mais curta.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi