Não é fácil resumir 17 dias num evento como o Paris-Dakar. Na cobertura Webventure-BR Lubrax foram mais de 60 reportagens, sem contar fotos e áudios… Esta edição de 2002, iniciada em Arras (FRA), tornou a mostrar os ingredientes que consagraram a prova como o rali mais difícil do mundo. E trouxe resultados históricos para o Brasil. Mas a briga pelos títulos na geral foi totalmente dominada por três marcas: Mitsubishi (Carros), KTM (Motos) e Kamaz (Caminhões).
Confira abaixo um resumo diário do Dakar 2002.
Etapa 1: Arras Chateauroux (França)
28/12/2001
Deslocamento: 465 km / Total: 465 km
A largada do Dakar pela primeira vez foi realizada à noite (normalmente era de madrugada) e o público francês encarou o frio que chegada a quase zero grau para aplaudir os concorrentes. Ao todo eram 170 motos, 119 carros e 34 caminhões, entre eles sete brasileiros: Klever Kolberg (carros), Juca Bala, Luís Mingione, Marcelo Quelho, Luizão Azevedo e Armando Pires (motos).
Entre os grandes favoritos, estavam lá a campeã de 2001 Jutta Kleinschmidt (Mitsubishi), o francês Jean-Louis Schlesser (Schlesser-Renault) e a sensação de 2001, o vice-campeão Hiroshi Masuoka (Mitsubishi) nos Carros; Fabrizio Meoni (campeão de 2001), Richard Sainct (bicampeão 99 e 2000) e o chileno Carlo de Gavardo nas Motos; o russo Tchaguine (campeão 2000) e equipe Kamaz e o tcheco Karel Loprais, do time oficial Tatra, nos Caminhões.
Etapa 2: Chateauroux – Narbonne (França)
29/12/2001
Deslocamento: 82 km + Especial: 6 km + Desloc.: 510 km = Total: 598 km
As chuvas levaram muita lama e frio para a primeira especial do rali, de seis quilômetros, no parque Croisière, em La Souterraine. A etapa foi anulada para os caminhões. Favoritos decepcionaram e desconhecidos se deram bem: Pierre Quinonero (KTM n°139), nas Motos, e Gil Fernando (Seat n°221), nos Carros, foram os vencedores do dia. Klever ficou em 13º na geral de Carros.
Etapa 3: Narbonne (França) Madri (Espanha)
30/12/2001
Deslo.: 25 km + Especial: 35 km + Deslo.: 870 km = Total: 930 km
Especial no Château-Lastours, entre vinhedos. Schlesser, que largou na 68ª posição, conseguiu terminar em segundo. O belga De Mevius, da Nissan, despontou como melhor nos Carros. Nas motos, liderava Juan Nani Roma (KTM) e o brasileiro Luís Mingione venceu em sua categoria (Super Production até 250cc).
Etapa 4: Madri (Espanha) – Rabat (Marrocos)
31/12/2001
Deslo.: 5 km + Especial: 6 km + Deslo.: 950 km = Total: 961 km
Histórico para o Brasil: nos Carros, Klever foi o segundo mais rápido na especial, outra vez em terreno de muita lama. Ele só perdeu para Gil Fernando, que é espanhol fez a festa em casa, numa dobradinha com Roma, o melhor nas motos. Os caminhões não andaram outra vez. À noite, a caravana do rali chegou à África viajando de ferryboat.
Etapa 5: Rabat – Er Rachida (MARROCOS)
01/01/2002
Deslo.: 10 km + Especial: 80 km + Deslo.: 444 km = Total: 534 km
Na estréia em solo africano, o chileno De Gavardo foi o mais rápido nas motos e Kari Tinen (FIN) roubou a liderança de Roma. Masuoka conseguiu a vitória nos Carros, mas De Mevius ainda liderava; Klever foi o 12º mais rápido no dia. André Azevedo foi o terceiro nos Caminhões.
Etapa 6: Er Rachida – Ouarzazate (Marrocos)
02/01/2002
Deslo.: 56 km + Especial: 338 km + Deslo.: 182 km = Total: 576 km
A pista levou os competidores em direção às zonas arenosas do Marrocos. O carro de Schlesser, nova versão do buggie Kangoo, pegou fogo. O francês e seu navegador nada sofreram, mas estão fora do Dakar. Outra má notícia: o brasileiro Marcelo Quelho caiu da moto, fraturou o ombro e deixou a prova. De positivo, a vitória de Juca Bala na categoria Super Production até 400cc. André foi o segundo nos Caminhões na etapa, assumindo a vice-liderança atrás de Tchaguine. Masuoka desbancou De Mevius na liderança dos Carros. Roma tornou-se líder novamente nas Motos.
Etapa 7: Ouarzazate – Tan-Tan (Marrocos) – Zouerat (Mauritânia)
03/01 e 04/01/2002
Deslocamento: 176 km + Especial: 351 km + Deslocamento: 266 km [parada de 6 horas]Deslocamento: 365 km + Especial: 371 km + Deslocamento: 16 km
Total: 1 545 km
Primeira das duas etapas-maratona, novidades do rali. De Gavardo (Motos), Masuoka (Carros) e Tchaguine (Caminhões) venceram a primeira especial. Os pilotos tiveram oito horas para permanecer no acampamento e largaram de madrugada para o deslocamento que os levou ao deserto, no início da segunda especial, com o raiar do dia. O trecho seguinte foi considerado o mais veloz de todo o Dakar 2002. Melhor para a moto voadora de Meoni, que venceu e tomou a ponta na classificação do rali. Nos Carros, Kenjiro Shinozuka foi o primeiro. Juca Bala recebeu penalização por atraso no acampamento. Maratona foi considerada fácil´.
Etapa 8: Zouerat Atar (Mauritânia)
05/01/2002
Deslo.: 9 km + Especial: 383 km + Deslo.: 4 km = Total: 396 km
Nas motos, o chileno De Gavardo arrebatou a vice-liderança no dia em que Tianen fez o melhor tempo. Klever mantém regularidade na geral de Carros, com etapa vencida por Masuoka. Nos Caminhões, André atola e perde tempo, terminando em quarto lugar. O dia seguinte foi de merecido descanso em Atar.
Etapa 9: Atar-Atar (Mauritânia)
07/01/2002
Deslo.: 33 km + Especial: 366 km + Deslo.: 5 km = Total: 404 km
Etapa em laço em volta de Atar e sem poder usar o GPS para apontar o caminho. A alemã Jutta Kleinschmidt (Carros) obteve sua única vitória nesta edição; Alfie Cox foi o melhor nas Motos. Só boas novas para o Brasil: André venceu a etapa nos Caminhões; Klever entrou para os top-10 na geral de Carros; e Juca foi o melhor na categoria até 400cc.
Etapa 10: Atar – Tidjikja (Mauritânia)
08/01/2002
Deslo.: 33 km + Especial: 467 km + Deslo.: 2 km = Total: 502 km
Chamada etapa infernal pelos competidores, registrou a única morte entre integrantes do rali. O francês Daniel Vergnes, assistente da Toyota, morreu durante acidente no deslocamento. Na especial, com areia muito fofa, houve quem ficasse pelo deserto e para carros, motos e caminhões o trecho cronometrado chegou a demorar mais de nove horas, em média. André foi o segundo nos Caminhões. Nos Carros, venceu Masuoka; nas Motos, De Gavardo.
Etapa 11: Tidjikja – Tichit (Mauritânia)
09/01/2002
Deslocamento: 18 km + Especial: 520 km = Total: 538 km
Mais uma baixa para o Brasil: Armando Pires (Motos) pediu resgate na especial, passando mal por desidratação. Por outro lado, Juca Bala venceu de novo na categoria; Alfie Cox foi o melhor na geral, mas Meoni ainda liderava. Nos Carros, Klever subiu para nono na classificação geral do rali e assim resumiu a etapa: Se o trecho anterior tinha sido como o inferno, o de hoje foi do demônio. Masuoka manteve-se líder no dia da vitória de Jean Pierre Fontenay. Nos Caminhões, Tchaguine disparou na ponta, com André em segundo na acumulada.
Etapa 12: Tichit -Tichit (Mauritânia)
10/01/2002
Especial: 450 km = Total: 450 km
Segunda etapa em forma de laço, sem uso principal do GPS. A especial foi traçada como um circuito olímpico de uma prova de vela. Klever subiu para oitavo na geral de Carros. A cruzeta de caminhão de André quebrou no meio da etapa. Ele acionou organização para receber uma peça, o que o desclassificaria do rali. Vitórias de Masuoka (Carros), Giovani Sala (Motos) e Loprais (Caminhões).
Etapa 13: Tichit Kiffa (Mauritânia) Dakar (Senegal)
11/01 e 12/01/2002
Especial: 457 km + Deslocamento: 4 km [parada de 6 horas]Deslocamento: 450 km + Especial: 165 km + Deslocamento: 396 km
Total : 1.472 km
A segunda etapa-maratona praticamente não mudou a situação na briga pelos títulos. Masuoka, Meoni e Tchaguine só ampliaram a liderança. Organização considerou André ainda na competição: ele largou e ficou em décimo na primeira especial, vencendo a segunda. Nesta etapa, toda a Equipe BR Lubrax venceu em suas categorias.
Etapa 14: Dakar Dakar (Senegal)
13/01/2002
Deslocamento: 38 km + Especial: 31 km = Total: 69 km
Masuoka confirmou seu primeiro título nos Carros, enquanto Meoni tornou-se bicampeão nas Motos. Tchaguine venceu nos Caminhões. São resultados de uma edição em que três marcas dominaram nessas categorias: Mitsubishi, KTM e Kamaz. Para o Brasil, Luís Mingione foi o campeão nas 250cc; Klever obteve o histórico oitavo lugar na geral.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira