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O rali paralelo dos brasileiros que seguiram o Dakar

Redação Webventure/ Offroad

Brasileiros se impressionaram com a estrutura da prova (foto: Luis Carvalho)
Brasileiros se impressionaram com a estrutura da prova (foto: Luis Carvalho)

A edição 2007 do Dakar é marcada pela participação recorde de brasileiros. Dentro da competição, foram 14 que largaram no dia 6 de janeiro, fora outros que acompanharam a largada e etapas do maior rali do mundo. Um grupo de cinco pilotos de rali seguiu o Dakar desde o começo, em Lisboa, até a fronteira do Marrocos com a Mauritânia, fim da quarta etapa. Eles tiveram a companhia do fotógrafo Luis Carlos e do fisioterapeuta de Carlos Ambrósio.

Alexandre Pismel, Fabrício Bianchini, Marcos Baumgart, Michel Terpins e Flávio Iguana fizeram um rali aparte, praticamente paralelo ao Dakar, com cerca de três mil quilômetros o que equivale a um terço da prova. Os pilotos aproveitaram o embalo da explosão de brasileiros na prova e foram conhecer um pouco da estrutura, para tentar transformar a vontade de competir no rali em um projeto.

“Faz cinco anos que tenho vontade de ir para o Dakar, mas ainda não tinha tomado a iniciativa de viajar para conhecer, pegar informações. A vontade está virando um projeto”, afirma Fabrício. “Já senti que é como o rali dos Sertões, é um vírus. O mosquito picou e pretendo estar nas próximas edições do Dakar”, brincou o piloto.

“O sonho de qualquer pessoa que faz rali é conhecer o Dakar. De qualquer forma, a sensação é indescritível, é uma prova muito grande, a atenção do mundo todo está voltada para lá, com os melhores pilotos de carro, moto e caminhão. Nos sentimos na Disneylândia”, completou Alexandre Pismel.

Rali paralelo – Os brasileiros rodaram mais de três mil quilômetros atrás do Dakar. A viagem foi dividida em duas etapas, Europa e Marrocos. Na primeira eles acompanharam as especiais com um carro 4×2 alugado em Portugal, assim como uma enxurrada de europeus aficionados por rali. “É impressionante como rali é popular na Europa. Vimos cinco, seis mil expectadores em um trecho de 500 metros”, comenta Fabrício.

“Saímos de madrugada de Lisboa para ver a passagem dos veículos na primeira especial. Pegamos uma estrada lotada, com muita neblina e congestionamento. Houve até acidentes. Quando chegamos no local, chamado de Zona de Espetáculo pelos portugueses, já havia gente acampada lá. As pessoas fazem disso um programa mesmo, levam a família, comida.”, conta Pismel.

Ao fim da segunda especial os brasileiros partiram para Tarifa, na Espanha, e fizeram a travessia para o Marrocos. Assim que chegaram em Tânger, já na África, havia duas picapes 4×4 os esperando para continuar. “Pegamos o contato de um português que vende esse roteiro, para seguir o Dakar. Fica incluso carro e hospedagem nas cidades que o rali passa”, comenta Fabrício. “Eles fazem disso um negócio, vários europeus compram esses pacotes”, informa o brasileiro.

Veja a galeria de fotos dos Brasileiros no Rali no link “Fotos” do site de cobertura do Dakar

No Dakar, o rali só começa de verdade quando cruza o Mediterrâneo e aporta na África. E foi assim também com os brasileiros. De 4×4 e sem um mapa da competição, foi preciso a experiência em ralis e o famoso “jeitinho” nacional para concluir a viagem sem muitos problemas. “Estávamos em cinco pilotos de rali nos carros, sabíamos o que fazer, não dava para ficar no perrengue no meio do deserto”, diz Fabrício Bianchini.

A expedição brasileira pelo Dakar não conseguiu um mapa oficial da prova. Os brasileiros tinham apenas um GPS e um mapa do Marrocos conseguido aqui no Brasil. Mas, como todo bom brasileiro… “Demos o nosso jeito. Encontramos com um caminhão da prova, que tinha o mapa. Tiramos uma foto e passamos a navegar por ela, só com o zoom da câmera”, conta o piloto. O GPS foi logo aposentado e a câmera fotográfica virou instrumento de navegação. Além da foto do mapa, o quinteto conseguiu 10GB de foto e material em vídeo suficiente para fazer um DVD.

Mas nem tudo saiu como o planejado. “Perguntávamos sempre para os moradores locais para que lado ficavam as cidades. Dizíamos o nome e a pessoa apontava a direção, não tinha muita comunicação. Uma daz vezes a estrada começou a bifurcar demais, e de repente sumiu”, lembra o brasileiro. “Estávamos no meio do deserto, com absolutamente nada em um raio de 30 quilômetros. Levamos quatro horas para voltar ao caminho certo”, conta Alexandre Pismel. “Foi o nosso rali particular.”

Acomodações – O pacote turístico para acompanhar o Dakar prevê perrengue somente nos deslocamentos. As acomodações no Marrocos, segundo os brasileiros, são boas, bonitas e baratas. “Ficamos em hotéis ótimos nas cidades, com muito luxo. Pensamos que iríamos ficar em lugares ruins, mas foi muito bom. O Marrocos tem acomodações muito boas, e é tudo muito barato. Com U$ 40 dá para comer as três refeições do dia, dormir bem e ainda comprar alguma coisa”, explica Fabrício.

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Os cinco brasileiros voltaram impressionados com o tamanho do evento e o nível de profissionalismo da competição. Por mais que já soubessem disso, ir até lá e sentir na pele mexeu com eles. “Para nós, que estamos acostumados com coisas menores, foi um espanto. Pode-se dizer que o Rally dos Sertões ficou pequeno”, comentou Bianchini.

“É impressionante o nível em que as equipes estão, muito profissional. Principalmente em estrutura: Gerador silencioso, poste de luz que sai de dentro do caminhão e ilumina um raio de 100 metros. Só indo lá para ver mesmo. E percebemos também como o Marcos [Ermírio de Moraes, organizador do Sertões] foi feliz em fazer o Dakar e trazer as boas idéias e soluções de lá. Afinal, é uma prova de quase 30 anos”, comentou.

A ida também serviu para fazer mais propaganda do rali nacional lá fora. “Várias estrangeiros que conversamos conhecem o Sertões e querem vir para cá. O Cyril Despres e o Marc Coma, quando fizeram o Sertões, voltaram falando muito bem da prova. Acho que nós próximos anos teremos bastante estrangeiros no Sertões”, conclui.

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Este texto foi escrito por: Daniel Costa

Last modified: janeiro 18, 2007

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