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O sonho não acabou

Final de rali sempre é o momento para se fazer um balanço. Nós estamos concluindo a 16ª participação da Equipe Petrobras Lubrax no Dakar e, mais uma vez, além da sensação do dever cumprido, estamos alcançando resultado inédito, na nossa e na história do rali: pódio simultâneo em três categorias.

Mas antes de entrar em detalhes desta conquista, vale a pena pensar no geral da prova. Começando por quem larga na frente todos os dias, as motos. Pelo terceiro ano consecutivo a KTM, fábrica austríaca de motos especiais, conquista a vitória. Na verdade a KTM não teve adversário e foi a única fábrica de motocicletas a inscrever times oficiais. E como também tem a política de fornecer equipamentos quase de ponta para qualquer cliente, como a moto utilizada por Jean Azevedo, a marca conquistou as 14 primeiras colocações.

No nosso caso, este foi o ano da volta de Jean à equipe. E que retorno, com o pé direito. Venceu o Rally dos Sertões, o Campeonato Brasileiro de Rally Cross-Country e aqui conquista o bicampeonato da categoria Production. Os chefes da KTM ficaram encantados com o que viram e talvez a porta esteja aberta para o Jean, ou para nos fornecerem um equipamento oficial, o que seria mais conveniente.

Nos carros a Mitsubishi conquista sua oitava vitória, a terceira seguida, mas enfrentando adversários de peso que ficaram mais fortes e numerosos. A fábrica japonesa investiu todas as fichas na prova, construiu um novo carro, no qual competiram Stephane Peterhansel e Hiroshi Masuoka. E para se garantir, utilizou mais dois Pajero idênticos aos que venceram a edição 2002 do Dakar, com Jean-Pierre Fontenay e Miki Biasion, e a L 200 de Carlos Souza. Ocupou as cinco primeiras colocações.

O nosso Mitsubishi Pajero Full é o mesmo que correu em 2001 e 2002. Durante estes dois anos evoluímos bastante o carro, corrigimos alguns problemas das duas edições anteriores, mas estou frustrado com o trabalho que a Ralliart, empresa da Mitsubishi que se encarrega da manutenção e preparação do carro. A nova preparação do motor foi totalmente equivocada. Paciência, e tive de ter muita. Tentamos andar rápido, mas nosso ponto forte acabou sendo a regularidade. Não tivemos qualquer quebra, os pneus Pirelli trabalharam bem e conquistamos mais um pódio, terceiro na categoria Super Production Diesel. Nossos adversários evoluíram muito. A BMW veio com esquema de fábrica, como dizemos, em outro mundo. Para o futuro queremos trazer a Mitsubishi L 200 Evolution, um carro criado no Brasil e com muito potencial.

Nos caminhões os russos da Kamaz conquistaram seu quarto sucesso. Nós, após três anos batendo na trave, conquistamos o segundo lugar, nossa melhor posição na categoria. Enfrentamos três equipes de fábrica e saímos bem sucedidos graças à nossa experiência.

A única coisa que não vamos mudar é a nossa vontade de fazer melhor. Vamos fazer uma tremenda festa na chegada no Brasil, matar as saudades e continuar evoluindo. Este sonho do Dakar não acaba. Ele se renova.

Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)