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O trabalho médico na Hyundai Adventure


Barco de apoio (foto: Arquivo pessoal/ Adriano Leonardi)

Do ponto de vista médico, a primeira etapa da Hyundai Adventure Race que aconteceu no último sábado, 17 de abril, foi uma das provas mais seguras devido aos cuidados extremos com a segurança dos atletas.

A logística da atuação médica foi montada após a apresentação do percurso da prova pelos diretores da APCA. Calculamos que os maiores riscos de lesões traumáticas estavam no trajeto de mountain bike até Santa Cruz dos Navegantes e no trajeto do trekking da ilha de Sangava até a praia do Goes. A primeira, pelo fato de se tratar de um trajeto urbano e asfaltado. Os atletas estariam no início da prova, com energia total e tenderiam a desenvolver mais velocidade, aumentando a energia cinética em eventuais quedas. O segundo, por se tratar de terreno irregular e por razões que incluiriam o possível cansaço e pelo anoitecer.

Tendo estes pontos em mente, montamos nossa atuação em três etapas:

Etapa 1 – Previamente à prova, solicitei que todos os que tivessem alergia a medicamentos, picada de insetos e a contato com animais silvestres e plantas que entrassem em contato conosco. Estas pessoas estiveram no topo de nossas listas, caso fosse solicitado atendimento médico. A pedidos da APCA, fizemos um briefing médico explicando nossa atuação na prova e sobre o surto de Dengue no Guarujá.

Etapa 2 – Após a largada, partimos em escolta aos atletas em nosso carro de apoio junto aos carros batedores da APCA e montamos uma base de atendimento no PC 4/14 (Santa Cruz dos Navegantes). Dois integrantes da equipe se deslocaram até o barco de apoio para eventuais ocorrências durante a canoagem e mantive-me pronto para entrar na trilha, caso houvesse também ocorrência no trekking.

Etapa 3 – Após 1/3 dos competidores terem passado pelo PC 14 e saírem em direção à praia do Tombo, desloquei-me para a chegada, enquanto a dupla de colegas saía da parte marítima para o PC14. Nesta fase, estávamos aptos a cobrir ocorrências no trekking, canoagem, no trajeto entre os PCs 14 e 16 e na descida de rapel no Morro do Maluf, pois poderíamos abordar eventuais vítimas tanto a favor, quanto contra o percurso da prova.

O saldo final de ocorrências mostrou que a prova foi realmente planejada de maneira segura. Atendemos a apenas duas contusões de punho e cotovelo, uma entorse de joelho (clinicamente leve), uma contusão de joelho com escoriações abrasivas, sem necessidade de sutura e a cinco indivíduos com sinais clínicos de overtrainning, sendo estes liberados a continuarem na prova por não se mostrarem desidratados e por terem tido alívio de sintomas após repouso.

A atuação do grupo Medicina da Aventura em provas como esta visa reduzir os riscos de ocorrências médicas durante provas em qualquer modalidade em esportes de aventura, cujo número de praticantes tem crescido nos últimos anos.

A análise rápida das fichas médicas preenchidas pelos participantes antes da prova fala à favor da necessidade da atuação médica especializada nestes eventos: 8% dos participantes referiam ter algum tipo de alergia, sendo relatados dois casos prévios de anafilaxia com edema de glote; 5% disseram se tratar de asma e 2,5% referiam possuir hipertensão arterial, fazendo uso de anti-hipertensivos.

Em nome do grupo, agradeço à organização da prova por ter nos dado a oportunidade de realizar nosso trabalho. Esperamos poder continuar atuando nos próximos eventos.
Boa aventura segura a todos!!

Este texto foi escrito por: Adriano Leonardi