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Olhar Amador: Considerações sobre o Rally RN 1500 2007

Redação Webventure/ Offroad

Prova foi muito boa (foto: Donizetti Castilho)
Prova foi muito boa (foto: Donizetti Castilho)

Há alguns anos, Klebinho vem fazendo uma das provas mais prazerosas do Campeonato Brasileiro de Rally. E, desta vez, não foi diferente. Os pilotos chegaram sorrindo todos os dias e brandando: “foi uma delícia!”.

Para o apoio, foram dias de férias: ótimas estradas, dias lindos e chuva para refrescar o final do dia. A atenção, disponibilidade e carinho dos potiguar emocionam.

Melhor ainda, o Rally Cross Country de moto se espalha pelo território brasileiro, fazendo do nosso Campeonato um verdadeiro Campeonato Nacional, com provas em diversas regiões.

O prazer de estar na terra potiguar – Em nossa segunda presença no Rally RN 1500, os potiguar, sejam pilotos ou não, nos trataram com honras de amigos de longa data.

Klebinho não pode ser mais gentil: por telefone, por e-mail ou pessoalmente. Durante todo o Rally, esteve disponível a ajudar-nos no que fosse preciso.

Gabriel, como em todos os Rallies que participa, fez tudo para todos com simpatia e boa vontade. A ATA, uma associação local que organiza a ida coletiva dos pilotos às trilhas, fazia tudo por nós. Prezado saiu de seu deslocamento inicial para nos levar à direção correta do percurso do apoio. Janio fez questão de acompanhar o Juca durante um trecho de difícil navegação. Quando nossa moto ferveu, ao invés de deixá-la com a organização para irmos buscar, Bacana a levou até a porta do hotel onde estávamos hospedados.

As cozinheiras da Pousada Ebenezer faziam todas as vontades de todos os hóspedes. Elas esquentaram a comida, mesmo após o horário determinado para a refeição do hotel. Faziam ovos na quantidade e do jeito que o hóspede queria. Até uma pizza personalizada elas fizeram imaginem: uma pizza no meio de um Rally? Quanto vale? E tudo isso com um sorriso sem igual no rosto.

Nas cidades de Macaíba e Guamaré vimos exemplos de ações sociais que valem ser citados.

Em Macaíba, vimos espaço destinado à inclusão digital. Uma área bem montada, com layout apropriado à função, com 60 (sessenta) computadores. Durante os dias úteis, são 60 (sessenta) alunos por hora. Em um espaço mais reservado, há outros computadores com acesso à internet, restrito à pesquisa. Uma beleza de projeto!

Tanto em Macaíba, quanto em Guamaré vimos projetos musicais. Crianças e adolescentes compõem uma orquestra de cordas e bateria. Tocam músicas notórias e de sucesso. Durante os dois espetáculos que assistimos, o público era unânime no movimento ritmado dos pés, ou das pernas ou da cabeça. Não tinha uma só pessoa que não “dançasse” qualquer parte do corpo ao ritmo da música.

Mas tenho que falar sobre o Rally também….

Neste ano, a preocupação com a planilha foi grande. Por este motivo, Deco, membro constante de comissões de organização de Rallies de carro, foi chamado a ajudar.

As planilhas continham todas as informações necessárias de forma clara e objetiva trabalho árduo, já que a quantidade de informação é contraditória à objetividade.

Logo no primeiro briefing, Deco mostrou-se absolutamente profissional, informando que sua experiência na categoria de motos não é relevante e, por este motivo, pediu desculpas antecipadas por qualquer diferença na forma de apresentação das informações, em relação ao que os motociclistas estão acostumados a utilizar.

Mesmo com esta atitude, ainda se colocou à disposição para mudar, acrescentar ou retirar qualquer informação que os pilotos de moto entendessem negativa à pilotagem e segurança.

Tratava-se, não apenas, de gesto nobre, mas da respectiva atitude: os pilotos pediram uma alteração que foi levada a efeito logo no dia seguinte. Mas não para por aí.

Ainda assim, mesmo com a execução desta alteração, Deco se colocou à disposição para fazer nova alteração, caso a mudança solicitada não tenha sido feita da forma esperada.

É importante ressaltar que a alteração solicitada não tinha fundamento em erro ou algo do gênero, mas de aperfeiçoamento do que já estava muito bom. Ou seja, a alteração solicitada não necessitava de execução tão rápida ou de gestos tão gentis. Mas foi feita de forma impecável.

Briefing – Os briefings do Deco também merecem comentários. Cada perigo determinado na planilha foi objeto de descrição pormenorizada, como por exemplo a altura de um barranco, a composição do terreno lateral ao barranco por onde a moto passará. Ou o tamanho, o formato e a disposição das pedras que os pilotos encontrarão.

Os pontos de mudança de direção onde poderia haver dúvida ou onde haveria pouca visibilidade também foram detalhados. A tranqüilidade e a gentileza em responder a todas as perguntas, pertinentes ou não, também merecem elogios. De forma que Klebinho, Deco e sua equipe estão de parabéns pelo primor com que trataram matéria tão delicada quanto a planilha.

O cumprimento da agenda da prova ainda é um assunto que consta de grande parte de meus relatórios como ponto negativo. No caso do RN 1500, etapa 2007, o assunto não é exceção. A vistoria e o exame médico marcados para o dia 10.out foram cancelados no próprio dia 10. O dia 11 teve atraso em todos os seus eventos, vistoria, prólogo e briefing.

De forma que as equipes que se organizaram para cumprir suas obrigações de forma adequada, organizada e tranqüila se viram obrigadas a mudar toda a sua programação interna para adaptar-se à nova agenda do Rally.

Era visível a preocupação e o empenho de Klebinho e toda a sua equipe para que os eventos ocorressem a seu tempo. E esta preocupação e emprenho devem ser elogiados! Mas o fato é que os atrasos ocorreram e, por isso, faço meu discurso de sempre:

“Uma prova de Rally é composta de organizadores, pilotos e equipes de apoio. Cada um com sua função e obrigações a cumprir.

Cada uma destas obrigações tem seu momento de ser executada, requer programação e organização. Este momento é determinado de acordo com a programação do Rally, isto é, com fundamento nos horários determinados pela organização do Rally no Regulamento Particular da Prova e/ou no Briefing do dia anterior.

As equipes, como um todo, se organizam de forma a estarem disponíveis para a organização do Rally naqueles horários predeterminados pela prova. Os horários de cada uma das funções da equipe são geridos pelo cronograma da prova. Cada tempo de trabalho e cada tempo de descanso têm como fundamento a agenda do organizador da prova.

Assim, a não observação dos horários pela organização da prova implica, não apenas, no remanejamento do tempo de execução destas funções, mas em cansaço desnecessário dos pilotos e apoio, expondo-os a risco igualmente desnecessário. Deixar pilotos e apoio no aguardo indeterminado priva o piloto de sua logística, prejudicando a preparação da equipe e o descanso necessário à realização de uma prova segura.”

Prazer pelo esporte – Ademais, 90% (noventa por cento) dos pilotos inscritos em provas de Rally, não são profissionais de motociclismo. São profissionais que trabalham durante os dias úteis e que fazem sacrifício para prestigiar as provas do Campeonato Brasileiro de Rally. De forma que o tempo em que permanecem no local das provas deve ser sempre o menor possível: devem chegar até o dia da vistoria e ir embora assim que terminar a prova. Caso contrário, devem sacrificar a presença em alguma outra prova do Campeonato. Esta é a realidade de 90% (noventa por cento) dos pilotos inscritos em provas de Rally.

Esta realidade obriga as equipes a organizar uma logística tal em que o piloto é poupado de todas as formas durante todo o Rally. Isto ocorre através de boa administração do tempo em que deve permanecer à disposição da organização, como por exemplo, na vistoria, no exame médico, nos briefings, etc.

O atraso e a mudança na agenda da prova prejudicam esta administração. Prejudicam as equipes e pilotos organizados. E manda uma mensagem que talvez não seja a adequada, qual seja, a de favorecimento e estímulo aos pilotos e equipes desorganizados.

Não vou sugerir a correção do problema, pois tenho a certeza de que Klebinho, não só, se empenhou, como continuará se empenhando em fazê-lo.

O Campeonato Brasileiro de Rally deste ano foi muito bom. Tivemos ótimas provas, novos organizadores, antigos e bons organizadores que voltaram à ativa – nomeadamente, Klebinho -, presença de Adilson Kilca ou do Silvio Garske em todas as provas, seja na qualidade de Diretores ou Oficiais de prova, entre outros. Enfim, um ano de sucesso!

Diante dos tristes episódios que vivemos no ano passado com provas e Federações, respingando ainda neste ano calendário, a CBM fez um ótimo trabalho, lembrando-nos que o esporte, não só, é viável, como também objeto de sucesso! Merece destaque a presença do Kilca e Silvio em nossas provas de Rally.

Através da atribuição da Diretoria de prova a estes profissionais, pilotos e apoio tiveram garantidos seus direitos de forma efetiva em todas as provas que participamos. Através da atribuição da competência de executar o Regulamento a estes dois profissionais, os organizadores tiveram a certeza de uma prova de qualidade e ao mesmo tempo segura. A presença destes dois profissionais nas provas de Rally deu credibilidade a cada uma das etapas do Campeonato Brasileiro.

Exposição – E, neste sentido, a CBM não poderia ter exposto qualquer destes profissionais à situação tão delicada. Membro da Diretoria da CBM correu e disputou uma prova fiscalizada por ela mesma, a CBM, no caso, o Rally RN 1500, 2007.

Isto é, um membro da Diretoria do órgão máximo de defesa nacional dos pilotos correu e disputou uma prova que tem como executor do regulamento nacional e órgão fiscalizador este próprio órgão.

Isto é, um membro da Diretoria que CBM disputa uma prova que é fiscalizada e cujo regulamento é executado pela própria CBM. Ao permitir esta disputa, a CBM expõe seus representantes, sejam os Diretores de Prova, seja o próprio membro da Diretoria a uma situação delicada considerando o passado remoto do esporte, é tudo o que não queremos.

Imaginemos que este piloto, membro da Diretoria da CBM fosse penalizado pelo Diretor de Prova, da CBM. A discussão deste recurso seria, certamente, levada ao fundamento de isenção, no sentido de que a penalidade foi aplicada de forma inapropriada, seja por ser rigorosa demais ou de menos.

Ou, ainda, imaginemos que este membro da Diretoria da CBM tenha sido prejudicado por outro piloto durante a prova. Seja na hipótese do recurso ser julgado a favor do piloto, membro da Diretoria da CBM, seja na hipótese do recurso ser julgado contra ele, exporia o Diretor de Prova ao mesmo fundamento de isenção.

Fique claro: Kilca e Silvio têm absoluta isenção para executar as funções para as quais são designados. Não conheço a nova Diretoria da CBM, mas se este piloto foi designado para o cargo é pessoa competente e correta. É fato! Não se discute a correção de qualquer destas pessoas.

Mas os deixa em posição delicada e os expõe a serem alvos de argumentos de ausência de isenção. O que é injusto, tanto com os Oficiais de Prova, quanto é injusto com o piloto.

Assim, fica a sugestão para que e CBM dê o exemplo e não permita este tipo de situação, para que não exponha, de forma injusta, seus representantes.

Este texto foi escrito por: Dea Villela

Last modified: novembro 16, 2007

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