Petar o desafio das cavernas: exemplo de prova com organização descentralizada (foto: Débora de Cássia)
Nesta coluna, produzida especialmente para o Webventure, Alexandre Freitas escreve sobre as dificuldades para organizar uma corrida de aventura e sinaliza com possíveis mudanças para o Circuito Brasileiro.
Em 1998 houve a primeira corrida de aventura brasileira, a Expedição Mata Atlântica EMA, pelo litoral norte paulista. Foram 03 dias de competição, 220 km percorridos e 30 equipes largaram. Espírito de equipe, estratégia, condicionamento físico e vontade de superar os limites foi a tônica do novo esporte que aportara por aqui. Na primeira edição da prova, a maioria das equipes era formada por esportistas, triatletas e mountain bikers.
O sucesso da primeira motivou a organização da segunda edição, que aconteceu em outubro de 1999. Foram cinco dias de competição, 33 equipes, 400 km percorridos pela região do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), sul de São Paulo, com novas modalidades esportivas: orientação, mountain biking, trekking, canoagem, bóia-cross e técnicas verticais.
A organização dos dois eventos coube exclusivamente à Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura: levantamento do percurso, dimensionamentos, estimativas e demais procedimentos. Contou com o apoio de diversas empresas e órgão idôneos e, sem eles, os eventos teriam perdido seu brilho.
Com a experiência de duas provas bem sucedidas e o assédio de muitos atletas, foi criado em 2000 o Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura, que ocorreria entre cada edição da EMA. Foram 05 etapas, quase todas realizadas pela Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura, que serviriam para melhor preparar as equipes brasileiras para a EMA e divulgar mais o esporte. Acredito que o objetivo foi alcançado, pois o nível técnico das equipes brasileiras elevou-se bastante: dentre as cinco melhores equipes da EMA 2000, quatro eram brasileiras e, melhor, os participantes cresceram em número e diversidade.
Em 2001, a Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura deixou de ser a organizadora das etapas para transformar-se na patrocinadora do Circuito e poder se dedicar às complexas negociações e preparativos que a EMA exigem. Dessa forma, abriu-se espaço para novos parceiros e eu, Alexandre Freitas, pude participar das provas brasileiras, já que como organizador dos eventos era-me proibido competir neles. A função da Sociedade em 2001 foi a de assistir aos novos organizadores das etapas e divulgar os eventos.
Antes de tudo – Organizar uma corrida de aventura não é tarefa simples. É preciso visualizar toda a prova e tomar todas as providências. Assim como em outros esportes, o risco é inerente e cabe ao organizador tentar minimizá-los. Até hoje, não há notícias de mortes em uma Corrida de Aventura. Todavia, incidentes podem acontecer, por isso os organizadores devem contar com a assessoria e parceria de empresas responsáveis e qualificadas para acompanhar e assegurar cada uma das modalidades.
São muitas imposições a se obedecer para que se possa elevar um mero encontro de pessoas a uma Corrida de Aventura. A regra é: obedeça todas as regras, duplique a atenção e cheque incansavelmente tudo. Mas são as exceções, o imponderável, que mudam o curso da história. A Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura está convencida, após as experiências de 2001, de que não pode associar-se a eventos dos quais é mera espectadora. O modelo de 2000, com organização integral da Sociedade, garantiu a excelência das etapas do Circuito naquele ano.
Para a Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura só há uma função: fazer Corridas de Aventura.
Este texto foi escrito por: Alexandre Freitas