Webventure

Organizador do Rally dos Sertões comenta o cancelamento do Dakar

O organizador do Rally dos Sertões, Marcos Ermírio de Moraes, conversou com a redação do Webventure sobre a repercussão do cancelamento do Rally Dakar 2008. A prova largaria hoje, mas ao meio dia de ontem foi cancelada por falta de segurança na Mauritânia, país africano que receberia oito das 15 etapas do rali, a partir de 11 de janeiro. Na entrevista, Marcos Moraes afirma que a credibilidade do Dakar não deve ser abalada, mas o cancelamento foi uma oportunidade para o Sertões ser mais divulgado internacionalmente. Confira.

Webventure – Como fica a relação com os patrocinadores da prova após um cancelamento como esse? O Dakar tem um seguro que possa ressarcir os valores para as empresas?
Marcos Moraes –
Imagino que tenham seguro para esse tipo de problema. Mas com certeza a organização terá de criar alternativas para não perder o dinheiro que foi investido. Para os patrocinadores, por mais que o seguro possa retornar parte do dinheiro, haverá uma discussão muito grande. Além do que, o seguro irá avaliar se é justo o pagamento ou não.

Uma das possibilidades antes do cancelamento era alterar o percurso. Existe capacidade logística para mudar o roteiro do Dakar na véspera?
Existe, mas o maior problema é que ainda assim há o risco de não conseguir realizar a prova mais uma vez. Pode-se pensar em uma rota alternativa, mas nem por isso significa que ela será viável. O Dakar teve esse problema em 2000, quando competi pela equipe Troller. Ficamos quatro dias parados em um hotel, aguardando a organização mudar a logística e transportasse todos de avião, para começar o rali de novo.

A organização e a prova ficam com problema de confiança após o cancelamento?
Pensando na prova, credibilidade é o que não falta em 30 anos de Dakar. Mas eu acho que as pessoas que hoje estão chefiando o Dakar talvez não tenham o mesmo grau de informação que o Uriol [Herbert Uriol, fundador da prova] tinha. Eu repensaria um pouco sobre as pessoas que estão hoje na organização. Mas a prova em si tem condição de se recompor e continuar o Dakar de sempre.

Muitos estrangeiros que competem o Dakar e o Sertões afirmam que uma das vantagens da prova brasileira é ser grande, em um país só e bastante segura. Você acha que o cancelamento do Dakar beneficia o Sertões?
Acho que sim. Esse acontecimento abriu uma porta no mercado internacional para o Sertões. A prova passa a ter uma representatividade maior no âmbito internacional para que as equipes venham correr e as marcas queiram se divulgar no Rally dos Sertões.

O que o Sertões tem a oferecer de diferente do Dakar nesse caso?
Por ser no Brasil, um país do tamanho que é, que tem a mesma língua, mesma política, culturas parecidas, mesma moeda etc, além de uma malha viária interessante que ajuda bastante na parte logística. É uma prova na qual as equipes poderão desenvolver um trabalho com tranqüilidade. E sabendo que o evento vai acontecer com segurança e que todas poderão montar a estrutura de boxes com tranqüilidade. O Sertões tem maturidade suficiente para suprir a demanda das equipes internacionais e será um prazer recebê-las aqui e mostrar que o Brasil é um país viável para ter esse tipo de prova. Em 2007 já tivemos quatro carros portugueses na prova e acredito que a tendência é que esse número aumente.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa