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Orientação: o esporte inventado por militares


Orientação: esporte inventado por militares; normalmente provas são individuais. (foto: Arquivo Webventure)

No início do anos noventa, militares do Exército Brasileiro participaram de inúmeras provas de orientação na Europa, além de cursos e clínicas especializados na modalidade esportiva. Há três anos, o sargento José Otávio Franco Dornelles, integrante da tropa que competiu lá fora, trouxe para o Brasil todo o aprendizado para elaborar aqui um campeonato de alto nível.

Em janeiro de 1999, ele foi eleito presidente da recém-fundada Confederação Brasileira de Orientação (CBO), mandato que cumprirá até o início de 2003. José Otávio é o principal articulador do Campeonato Brasileiro de orientação, que já está na sua terceira edição e recebe em média mais de 400 competidores por etapa. “Devido à origem do esporte, 60% dos atletas são militares. Quando iniciamos as competições, em 1999, tínhamos 100% de militares”, explicou.

Regras – Seguindo o regulamento da Federação Internacional de Orientação, a competição é totalmente diferente das tradicionais provas de trekking, enduro ou rali a pé. Enquanto estas provas são de regularidade, as de orientação são de velocidade, na maioria das vezes disputadas individualmente. Além disso, os competidores navegam por um mapa detalhado e escolhem o melhor caminho a seguir, dispensando as planilhas.

Neste ano, o Brasileiro de orientação terá três etapas. A primeira já foi realizada nos dias 21 e 22 de abril, em Caxias do Sul (RS). Mas as outras duas acontecerão em Três Corações (MG), entre os dias 05 e 08 de julho, e em Cascavel (SC), nos dias 16 e 17 de novembro. Os três melhores atletas da Elite (categoria principal) ranqueados nos últimos dois anos, tanto no masculino quanto no feminino, formarão pela primeira vez a seleção brasileira disputará o Mundial da Finlândia, marcado para final de julho e início de agosto.

Leia abaixo a entrevista exclusiva concedida por José Otávio e conheça mais sobre o esporte:

Webventure – Qual a diferença de um campeonato de orientação para um de enduro a pé, tradicional de trekking?

José Otávio – A principal diferença é que a prova é contra o relógio, de velocidade. Outra diferença é que é realizada em cima de um mapa específico de orientação e o atleta é livre para escolher o seu próprio caminho.

Webventure – Quer dizer, o rali a pé se baseia em planilhas?

José Otávio – São mapas de escala pequena, militares ou geográficos, e a orientação tem o seu cartógrafo (quem confecciona o mapa de orientação) que produz um mapa próprio conforme a especificação da Federação Internacional de Orientação.

Webventure – Além disso, enquanto o rali a pé é uma prova de regularidade, a de orientação é…

José Otávio – …contra o relógio. Quem faz o percurso em menor tempo é o vencedor.

Webventure – Como surgiu o Campeonato Brasileiro de Orientação?

José Otávio – O Brasileiro de orientação é uma prova que faz parte das regras da Confederação Brasileira de Orientação, baseadas nas regras da Federação Internacional, ou seja, é semelhante ao mundial. Para cada modalidade no mundial nós fizemos aqui vários campeonatos. Temos o campeonato de orientação tradicional, de longa distância, em torno de 30 km de orientação, e sprints, que são percursos curtos, com 20 minutos de duração. Normalmente, estas provas possuem um nome alegórico diferente como Troféu Brasil, Copa Brasil de orientação. São várias modalidades.

Webventure – Essas provas são mais individuais?

José Otávio – Há vários tipos de competição. Existem os revezamentos que são as provas por equipe, em que cada atleta faz uma parte do percurso. Mas também tem as provas que são feitas em grupo, duplas, de quatro integrantes ou mistas. Porém, a mais tradicional é a individual.

Webventure – O que eu pude perceber é que a maioria dos atletas são militares?

José Otávio – Devido à origem do esporte, 60% dos atletas são militares. Quando iniciamos as competições, em 1999, tínhamos 100% de militares.

Webventure – Quanto isto corresponde em números exatos? Em média, cada etapa reúne quantos atletas?

José Otávio – Nas etapas do Brasileiro, reunimos entre 400 a 470 atletas. Há algumas etapas com mais atletas. Agora, as provas estaduais reúnem um número maior de competidores. No Brasileiro, atletas que participam são aqueles que estão disputando o ranking. Muitas pessoas só participam de provas locais. Há campeonatos estaduais com mais de 600 atletas competindo.

Webventure – Quais são as categorias da campeonato?

José Otávio – Em todos os campeonatos, até em nível estadual, as categorias são muitas. A principal é a Elite, em que competem homens e mulheres com mais de 21 anos que adquiriram o direito de competir nesta categoria. E depois tem um escalonamento que começa nos 10 anos, 12 anos e vai até os noventa anos. E dentro de cada faixa de idade também tem graus de dificuldade.

Webventure – Surgido em 1999, ao seu ver, já houve um crescimento significativo do esporte? Ele pode crescer mais?

José Otávio – Sim. Nós não exploramos nada de mídia. Você pode notar que não aparecemos na televisão e não temos uma divulgação. Estamos fazendo um trabalho muito forte na inclusão da modalidade nos currículos escolares e de universidades em todo o Brasil. Nosso trabalho durante estes três anos foi de formar árbitros, de formar os cartógrafos, para que o esporte tenha qualidade. Acredito que em pouco tempo iremos alcançar um número muito maior de competidores.

Este texto foi escrito por: André Pascowitch