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Os acampamentos das faces Norte e Sul até o cume do Everest


Escadas facilitam acessos (foto: Arquivo Pessoal/ Rodrigo Raineri)

A montanha mais alta e mais conhecida do mundo, com 8.848 metros de altitude, o Everest possui acampamentos para as expedições que decidem alcançar seu cume. Existem duas vias muito procuradas por serem as mais seguras para os montanhistas: a Norte e a Sul. Ao todo, são dez acampamentos para organizar a expedição e chegar em segurança ao topo.

Apesar da tensão e de toda a concentração, um tempo para aproveitar a montanha sempre é válida. “O legal dos acampamentos é que estão nas encostas da montanha, as paisagens são maravilhosas. Quando você para para derreter a neve e olha pela janelinha, é sensacional”, contou o montanhista.

Pelo lado Norte são seis acampamentos: Base, Intermediário, Avançado, Campo 1, Campo 2 e Campo 3. “Chegamos até o Acampamento Base de carro, enquanto os turistas param antes e chegam caminhando. Saímos do Nepal, atravessamos a cordilheira do Himalaia, e chegamos ao platô tibetano. De lá, acompanha-se a cordilheira pelo norte e aproxima-se da montanha”.

Rodrigo Raineri, com uma conquista de cume em 2008 e duas tentativas em 2005 e 2006, conta o que cada acampamento tem e como aproveitá-los da melhor forma:

Acampamento Base (5.200 metros) – somente pedra, gelo e também muita poeira. Mais para baixo ainda tem vegetação, população e animais. Ao contrário para cima, que só é possível ver animais de montanha, os Yaks. Isso já saindo da rota principal. Há muitas barracas dos nepaleses, que dão apoio às expedições, e são mini-pousadas mesmo, com estrutura. Tem os chineses guarda-parque e as pessoas que levam da base até o avançado em dois dias.

Acampamento Intermediário (5.800 metros) – não tem nada, é utilizado somente para dormir.

Acampamento Avançado (6.400 metros) – lá montamos as barracas grandes, de refeitório, cozinha e banheiro (que tem um tambor embaixo que recolhe os dejetos). Ainda tem as barracas ‘chiques’, com chuveiro.

Campo 1 (7.100 metros) – é um vale, com uma greta, e tentamos ficar entre os buracos por conta dos fortes ventos.

Campo 2 (entre 7.500 a 7.800 metros) – com platôs pequenos, as barracas não têm local fixo. Ficam na aresta da montanha.

Campo 3 (8.300 metros) – os menores platôs, há metros do topo da montanha. Local de planejamento já em busca do ataque ao cume.

De acordo com Rodrigo, é a rota mais segura do Everest, e até 2008 não havia relato de óbito por conta de avalanche. “É um ataque longo e bastante complicado, pois é muito íngreme”, explicou. No caminho, os chineses colocaram escadas de alumínio para facilitar a passagem dos montanhistas. “Qualquer obstáculo que você perde 20 minutos é muito em uma escalada”.

A rota sul do Everest é diferenciada da Norte e muito mais procurada, não só pelos escaladores e montanhistas, mas também por grupos que fazem trekking. O que também muda em relação ao lado oposto é a forma de chegar ao Acampamento Base, que só é feita a pé.

“O campo base é uma cidade. Em 2008, tinham mais de 1.500 pessoas acampadas lá durante dois meses. Então imagine: 400 alpinistas, suporte, carregadores que levam mantimentos até o acampamento, animais, cozinheiros. E em temporada chegam muitos turistas que buscam fazer dias de trekking. É muito bacana o esse contato”, contou Raineri.

Aos 5.300 metros de altitude, no Acampamento Base, já é possível encarar um trecho bastante perigoso para os montanhistas: a Cascata de Gelo do Kumbu, onde acontece o maior índice de acidentes, avalanches e blocos de gelo que se movimentam.

Os acampamentos do lado Sul são numerados, não recebem nomes e, ao todo, são quatro:

Campo 1 – um acampamento transitório, equivale ao Acampamento Intermediário da face Norte. É da escolha da expedição passar por ali para montar a logística.

Campo 2 – é a base avançada. Um lugar relativamente protegido, e conta até com um certo conforto.

Campo 3 (7.300 a 7.600 metros) – está localizado na parede do Lhotse, e é considerado o segundo lugar mais perigoso. Ali só ficam pequenas barracas, soterradas na neve por conta do vento. Na parede é possível ver várias barracas montadas. Do Campo 3, vai para o 4, por uma grande travessia. Na volta, pode passar do Campo 4 direto para o 2 e, em seguida, para a base. Como o três é perigoso, é legal passar direto.

Campo 4 – fica entre o Lhotse e o Everest, então é um vale que venta muito, pois só tem pedra e não tem como se proteger. O vento bate nas montanhas e aceleram na encosta e quando passa pelo vale, toda a massa de ar passa só por ali.

Com as alterações na região, é sempre bom estar prevenido e informado sobre as condições climáticas. Mas caso um imprevisto aconteça, é importante saber lidar com a situação rapidamente. Raineri cita o exemplo de um problema com uma barraca quebrada. “Se não tem nenhuma outra saída, o ideal é mesmo é desmontar as varetas, ficar dentro da barraca mesmo, pois esfria muito rápido”.

Este texto foi escrito por: Bruna Didario