Chris Sharma é destaque na escalada esportiva (foto: Divulgação/ www.climbing.com)
Recém chegado da Outdoor Retailer Show, feira de negócios do mundo outdoor, que acontece todos os anos em Salt Lake City (Utah), eu, mais uma vez, fiquei impressionado com o tamanho do mercado lá fora e me recarreguei das novidades e lançamentos das maiores marcas do mundo.
Apesar de ter ido ao show com algumas reuniões importantes marcadas, não é de produto que vou falar aqui, ou não por enquanto… Na verdade logo ao entrar no pavilhão, temos uma extensa sessão com as últimas edições de todas as revistas de montanha, ski, aventura e esportes outdoor à disposição, e logo no primeiro dia, muni-me das mais conhecidas como Climbing, Rock and Ice, Go Outside, entre outras, para divertir-me no fim do dia ao chegar no hotel.
Como acontece todo ano a revista Climbing, em parceria com a Black Diamond, oferece um prêmio chamado de Golden Piton Awards que homenageia os grandes feitos da escalada naquele ano, e é sobre alguns dos premiados e seus feitos que aqui escrevo:
ESPORTIVA Chris Sharma
Já extensivamente premiado, Chris Sharma não poderia deixar de ganhar novamente esta homenagem, após realizar a primeira ascensão de JUMBO LOVE (5.15b), uma via esportiva com mais de 70 metros de extensão num anfiteatro de calcário na remota Clark Mountain, na região leste da Califórnia.
Sharma mandou a via dia 11 de setembro de 2008, três anos depois de ter entrado nela pela primeira vez. Para realizar esta proeza, Sharma clipou apenas 14 proteções ao longo da via, se arriscando em quedas gigantescas. Seu treinamento para realizá-la foram longas sessões de resistência em vias de 5.14+ e 5.15- na Espanha, alem é claro de diversas entradas na própria Jumbo Love.
A via começa com aproximadamente 20 metros de um 5.12d, seguido por um negativo muito forte de 35 metros a 45 graus, graduado em 5.14c. Após essa paulada chega-se ao crux bolderístico que dá o grau da via, seguido pelos metros finais de um facílimo 5.13+!
Sharma é conhecido por não graduar suas primeiras ascensões e mesmo quando o faz, dificilmente especula por graus mais difíceis. Porém, Sharma passou este último ano na Espanha, e após escalar praticamente todas as linhas mais difíceis do mundo sente-se muito bem referenciado para sugerir o grau de 5.15b, inédito até então em qualquer escala de graus de que se tem notícia.
TRADICIONAL Beth Roden
Quem imaginaria que aquela menininha de 13 anos despontando nos campeonatos indoor realizaria hoje aos 28, um feito como este. A via Meltdown no parque de Yosemite na Califórnia é uma fenda de 5.14 tão estreita que mal se entala a primeira falange dos dedos.
Roden trabalhou a via por 40 dias entre setembro de 2007 e fevereiro de 2008, lutando contra terríveis tempestades de neve, uma lesão na mão e a terrível dúvida se aquilo seria possível. No entanto sua determinação e paciência do marido e segurador (belayslave) Tommy Caldwell, foram determinantes para que Roden encadenasse a via guiando e sacando as proteções, muitas delas grudadas com silvertape à cadeirinha para que fossem sacadas mais rápidas.
Muito provavelmente é a enfiada de escalada tradicional mais difícil da América do Norte e obviamente permanece sem repetições!
BIG WALL Tomy Caldwell
Tommy Caldwell iniciou sua jornada nos boulderes e vias esportivas, mas rapidamente identificou-se com as escaladas mais comprometedoras como os Big Walls. Nestes últimos anos Caldwell já livrou mais de 12 das principais vias no El Capitan em Yosemite, como a famosa The Nose e Freerider.
Desta vez veio a MAGIC MUSHROOM (5.14a) considerada a via de maior dificuldade constante na parede do El Cap. Caldwell tinha realizado a primeira ascensão em livre apenas 1 mês antes da investida. Desta vez em uma só tacada, e em pouco mais de 20 horas, entre os dias 7 e 8 de junho.
SOLO Alex Honnold
Gravem bem este nome, pois esse moleque de 23 anos acaba de estabelecer um novo patamar na escalada solo. Honnold já havia solado vias como Astroman 5.11c, Rostrum 5.11C e Moonlight Butress, uma via de 400m em Zion em apenas 83 minutos, e que definitivamente gravaram seu nome na história do montanhismo.
Desta vez seu coração de gelo e mente vagando em algum ponto distante da galáxia, o colocaram no topo da Half Dome Regular Northwest Face, graduada em 5.12a de apenas 23 enfiadas! No mais puro estilo: magnésio + sapatilha + IPod.
Impressionante, não? Muito inspirador…
As vias citadas nesta matéria seguem a tabela americana de graduações.
Este texto foi escrito por: Alê Silva, especial para o Webventure