São Feliz do Jalapão (TO) – Hoje está acontecendo a mais importante etapa do Rally Internacional dos Sertões, a travessia do deserto do Jalapão. Tanto as equipes como a organização estavam bastante apreensivos ontem, durante o dia de descanso em Palmas (TO), porque nunca antes foi feita uma especial tão longa em um rali brasileiro. Serão 500 km atravessando esse sertão em direção ao Maranhão.
O trecho cronometrado mais longo já realizado Brasil foi no próprio Jalapão, no Sertões de 1999, com 270 km. Alguns pilotos chegam a questionar a viabilidade de uma especial tão longa e estão com receios de que ela seja interrompida. Os problemas principais apontados pelas equipes são o preparo físico e psicológico dos pilotos, além do calor do deserto, que deverá prejudicar tanto competidores como motores e transmissões. Sem contar o problema de autonomia de combustível.
Dando um jeitinho – As equipes fizeram várias adaptações para essa etapa nos carros e motos. Preocupadas com o arrefecimento do motor, algumas instalaram ventoinhas manuais extra, outras vão refrigerar o piso da cabine com água. Outro problema no sertão do Jalapão é a travessia de capim alto, que pode acumular no radiador e causar um super aquecimento do motor. Ano passado uma Mitsubishi Evolution pegou fogo por esse problema. A solução encontrada pelos times foi instalar uma grade extra na frente do radiador.
A preocupação geral com o calor é justificada. No ano passado, os pilotos registraram temperaturas acima de 45º C dentro das cabines. Mas a boa notícia é que nós estamos no quilômetro 212 da especial, bem no meio do percurso, já são 11h e, embora meu termômetro marque 35º, um vento constante mantém o clima bem agradável. Além do mais o céu está bastante carregado com nuvens.
Este ponto em que estamos é a segunda parada de reabastecimento das motos. A primeira aconteceu no km 100, na vila de Ponte Alta, onde houve um neutralizado de 30 minutos para reabastecimento no posto da vila.
O Rally num só dia – Já no km 212, onde estamos, não existe nada, apenas uma caminhonete L200 preparada com um tanque de 1000 litros na caçamba, carinhosamente apelidada de Carro-Bomba, parada no meio do sertão para o segundo e último reabastecimento das motos, mas com cronômetro aberto. Isso significa que os pilotos devem fazer o reabastecimento sozinhos, sem nenhum auxílio e sem parar de contar o tempo. Muitos carros instalaram tanques extra para combustível, enquanto que algumas motos trocaram seus tanques por outros maiores. As primeiras motos já estão passando por aqui e os últimos carros devem vir só depois das 15h30.
A previsão é que esta especial dure de 7 a 8 horas, o que é quase o total de tempo somado das especiais dos seis primeiros dias. Isso significa que tudo pode mudar aqui em termos de classificação. Quem não completar esta etapa estará praticamente fora de qualquer briga nos Sertões; em compensação, quem terminar bem estará ganhando uma vantagem muito grande. Por isso, várias equipes estão correndo a especial como se fosse um deslocamento mais rápido, para poupar os carros e pilotos e tentar garantir a chegada de hoje.
Para saber mais sobre a etapa do Jalapão, visite a seção Roteiros no site oficial www.rallydossertoes.com.br
Este texto foi escrito por: Tomás Gridi Papp
Last modified: julho 19, 2000