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Oskalunga vence Camp e ganha doação anônima para correr o mundial

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Equipe em trecho do trekking (foto: Bárbara Franco Bombachini)
Equipe em trecho do trekking (foto: Bárbara Franco Bombachini)

Disputa acirrada marcou a quarta e última etapa do circuito 2011 do Adventure Camp, realizada no final de semana (1 e 2 de outubro) na cidade de Brotas (SP). Antes da largada, os quatro melhores quartetos no ranking geral da categoria pro tinham chances de ganhar o circuito: Oskalunga (DF), Brasília Multisport (DF), QuasarLontra (SP) e Selva Aventura (SP). Em mais da metade do percurso, ao menos três grupos estiveram lado a lado “dando cotoveladas”, como disse Rafael Melges, da Oskalunga, equipe vencedora, com 4h6min de prova.

Além de levar o primeiro lugar no pódio, os brasilienses receberam um inesperado prêmio no fim do dia: depois de anunciarem a venda de camisetas para financiar a ida da equipe para a etapa do mundial da ARWC (na Tasmânia, entre 31 de outubro a 11 de novembro, leia aqui), uma competidora anônima fez uma doação surpresa de R$ 7.500, para ajudar a completar os R$ 35 mil necessários para a viagem. Na sequência, outro anônimo doou mais R$ 5 mil.

“Acho que as pessoas se comoveram com o nosso esforço e resolveram ajudar.”, disse Rafael ao Webventure. “Eu estava agradecendo no palco as nossas camisetas que o pessoal comprou para ajudar a equipe, quando o Doug [locutor do evento] falou: ‘agora, tenho uma surpresa’. Uma pessoa anônima resolveu nos dar um patrocínio de 7.500 reais. E, na sequência, o Zolino anunciou que mais 5 mil foi doado.”

Sorte e garra acompanharam a Oskalunga no domingo. O quarteto só venceu depois de uma boa briga com o pessoal da Brasília Multisport (4h12min de prova) e da QuasarLontra (4h17min), segundo e terceiro colocados, respectivamente. “Todos se respeitaram e fizeram força. Na canoagem, conseguimos abrir vantagem. Daí, ganhamos mais espaço ainda na última corrida”, contou Rafael ao Webventure.

Na Quasar, o selim da bike de Rodrigo Martins caiu quando faltava um terço do percurso, mas ele não se abalou. “Em vez de parar e arrumar, preferi pedalar em pé o restante do trecho. Deu eu pra ir bem”, disse. “Faz parte. Aventura é assim. Quanto pior, melhor”, completou.



Depois de um sábado muito quente e chuvoso, os atletas não sabiam o que esperar no dia da prova principal (2). O domingo amanheceu nublado, trazendo aquele medo de mais chuva, que sempre aumenta a dificuldade. Por outro lado, o calor da região também preocupava alguns, mas o clima pareceu se ajustar perfeitamente à competição. Mais de 400 corredores de aventura se reuniram na Praça Amador Simões, no sul da cidade de Brotas, conhecida como capital da aventura em São Paulo.

O desafio seria de 25 quilômetros para as equipes light (duplas) e teens (quartetos). Já a pro (quartetos e solo) teriam 50 quilômetros pela frente. O percurso menor incluiu trekking, canoagem em corredeiras e mountain bike, além de navegação. Para a pro, a prova contou com 35,3 quilômetros de mountain bike, 11,3 quilômetros de trekking e 6 quilômetros de canoagem, mais natação e técnicas verticais (um quilômetro de tirolesa, dividida em três trechos). Ambas as provas foram realizadas em rios e trilhas nas proximidades da cidade.

Apesar de ter sido a etapa final do circuito, a prova contou com novatos no esporte, como Mariana Iacona, da equipe light Os Cunha. “Sou corredora de rua. Faço, no máximo, 10 quilômetros. Eu não pedalo. Peguei a bicicleta emprestada e me superei. Quero treinar mais para o ano que vem”, disse.

Outro iniciante, que participou de sua segunda prova, foi Pacheco “Urso”, que ganhou o apelido por causa de uma farta barba. “Por brincadeira, comecei esse ano e não pretendo parar mais. 2012 vai ser o ano do Urso”, disse ele, que achou a prova rápida, bem cansativa e organizada.

A Argentina também teve seus representantes, com seis famílias do país vizinho. Paz Mastroísse, que correu pela primeira vez com a filha, contou que um grupo de amigos já participava do Adventure Camp há alguns anos, fazendo o convite a ele. “Na Argentina, temos o costume de fazer corrida de aventura. Mas lá, é preciso viajar para lugares distantes. Em São Paulo, tem opções por perto”, contou a atleta, que mora no Brasil desde janeiro.



A equipe Ratazana, da categoria light, correu com dois membros cadeirantes. Clodoaldo Luciano e Evandro Bonocchi fizeram boa parte do percurso usando handbikes, que são bicicletas nas quais se pedala com as mãos. Ambos são esportistas: eles já correm de bicicleta no asfalto e praticavam remo em um projeto chamado Esporte Adaptativo. “Sabíamos que não ia ser fácil, mas resolvemos topar o desafio. Queremos mostrar para os cadeirantes, e mesmo para as pessoas que tem poucos problemas e deixam de viver, como é possível superar as dificuldades” afirmou Clodoaldo.

Para Evandro, o que marcou a corrida foi o espírito de solidariedade. “Uma equipe da pro nos ajudou a passar por cima de uma cerca de 4 metros. São coisas que eu não vejo no campeonato de ciclismo”, disse ao Webventure. “A gente pedalou por quase 8 horas. Eu não sabia que eu aguentava”, completou.

Leandro Pereira, companheiro de equipe não cadeirante e membro do grupo Esporte Adaptativo, contou que faz esse tipo de corrida há 12 anos, mas nunca viu nada igual. “Vai demorar uns dias para eu entender o que aconteceu aqui hoje. Foi sensacional”, disse. Para Leandro, a participação dos amigos cadeirantes “mostra muito do que é uma corrida de aventura de verdade, porque foi um espírito de equipe o tempo inteiro, um ajudando o outro”.



Na categoria light, a dupla vencedora foi a Batráquios. “Nos perdemos um pouco na navegação. Acabamos remando um pouco para o lado errado, mas deu para recuperar“, contou Eduardo Batistelli, parceiro de Wilson Tanashiro na equipe.

Moacir Fernandes de Souza foi o campeão da categoria pro solo, com 4h34min de prova. Para ele “a melhor parte foi a tirolesa, onde deu para descansar e tinha um visual fantástico, com cachoeira de fundo, muito massa mesmo”. Em segundo lugar veio Marcos Correa, com 5h26min, seguido de Carlos Narezzo, que terminou em 5h58min.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi

Last modified: outubro 3, 2011

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