Webventure

Ouroboulder: 113 escaladores e mais de 100 vias


Participantes tiveram dois dias de escalada pura. (foto: Divulgação)

O Ouroboulder, ou Festival de Boulder de Ouro Preto, transformou a pacata cidade mineira no último fim de semana. O encontro reuniu 113 escaladores, que se divertiram durante dois dias em mais de 100 vias. Além dos principais escaladores do país, o Festival contou com a presença do espanhol Dani Andrada, eleito o melhor escalador de rocha do mundo em 2005.

A aventura dos participantes se deu no Morro de São Sebastião, com pedra em quartzito, um pouco quebradiça. O nível de dificuldade variou entre V0 e V12. Havia até outros boulders mais difíceis, porém ninguém os mandou. O espanhol chegou a abrir um que ele classificou como V13 ou V14.

O Ouroboulder começou no sábado, quando a galera foi para o setor da pedreira, com boulder de todos os tipos e muito negativo. Os dois projetos do setor tiveram ascensão,o Cliclete V12 ,feito pelo Jean Oriques, e o Fiat Lux V11, encadenado pelo Cesar Grosso, pelo André Berezovski e pelo Matheus Veloso.

À noite houve jantar com direito a sorteio de cras pads, camisetas e sacos de magnésio, além de um bate-papo com Dani Andrada. O espanhol mostrou bastante simplicidade, respondeu a todas perguntas e ainda contou como é sobreviver na Europa somente escalando.

No domingo a galera foi para o Setor Bonsai, com tetos muito próximos ao chão e diversos boulder desde V3 até V10. Depois rolou o desafio de Slack Line, que ficou com Flávio Canteli, do Paraná.

Abaixo você confere entrevista exclusiva com Dani Andrada:

Webventure – Primeira vez no Brasil?
DANI ANDRADA – Sim, nunca tinha vindo.

O que achou da escalada no Brasil?
Já tinha conhecido o Helmut, o Belê e a Janine no Mundial. Escalei um tempo com o outro brasileiro em Rodellar, mas não tinha muita idéia do nível do Brasil. Fiquei bem impressionado, tem pessoas muito fortes e que escalam muito bem.

Onde você escalou além Ouro Preto?
Até o momento apenas em Ouro Preto, mesmo. Mas estou indo para Ubatuba.

Rolou de abrir o V12? Como foi?
Vim para o Brasil fazer boulder mas não estou me dedicando agora muito a isso. Sigo com outros projetos e que necessitam muito de resistência, mas tem boulders muito bons.

Quais projetos você está empenhado agora?
Estou com um projeto de 9B/9B+ que na caverna da Ali-hulk (9A). É um teto de uns 30 metros, com movimentos um pouco estranhos em bidedos e monodedos. A via começa num boulder de 8C (V15) e entra na Ali-Hulk, que é uma via que exige muita resistência e força. Também tenho um projeto que é para as gerações futuras. Trata-se de uma via que abri perto da minha casa na Catalunia, que se chama Contra Sistema, com proposta de 9C/9C+. Ela segue por um teto de uns 80 metros, sendo que por uns 15 metros não se consegue costurar por causa das agarras bem ruins, mas esse fica para as próximas gerações.

Depois do que viu aqui, pretende voltar ao Brasil?
Pretendo sim. Quero abrir vias e escalar aqui, pois é um país muito grande e creio que com um grande potência de vias e boulders. Achei todas as pessoas extremamente simpáticas.

Como é o seu treinamento na Espanha?
Faz uns 10 anos que eu não treino em ginásio. Escalo somente em rocha e esse é meu treino.

Você já teve alguma lesão que o impediu de escalar durante um longo tempo?
Machuquei uma vez o dedo fazendo boulder na Suíça, num lance de monodedo invertido que tentei muitas vezes como louco, mas nada que tenha me impedido de escalar.

Você consegue viver somente com seus patrocínios?
Sim, tenho patrocinio da Petzl, Prana e Beal, além de ter uma marca de roupa minha. Às vezes abro vias para alguns campeonatos, mas isso não é sempre. Enquanto outros atletas necessitam trabalhar ao menos meio período, eu tenho a sorte de conseguir me manter somente com os meus patrocínios.

Este texto foi escrito por: Redação Webventure e Gabriel Barbosa