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Pai e filho comemoram título nos Caminhões


Da esq para dir: Fernando Guido e Carlos. (foto: Luciana de Oliveira / www.webventure.com.br)

Pai e filho, Carlos e Guido Salvini levaram o troféu de Caminhões nesta edição 2003, ao lado do mecânico Fernando Chwaigert. O trio de Petrópolis (RJ) já era líder do Campeonato Brasileiro de rali cross-country (do qual o Sertões faz parte) e agora ampliou a vantagem rumo ao primeiro título no evento. Foi ainda a primeira vez que Salvini “pai” venceu no Sertões, apesar de boatos de que ele já teria sido campeão em Carros e Motos e buscava tríplice coroa. “Na verdade eu participei das três categorias, mas este é o meu primeiro título”, esclarece.

Salvini “filho” conta como é competir ao lado do pai. “É legal porque muito problema que a gente tem acaba resolvido pelo laço familiar. Mas também a briga é maior… às vezes a gente se critica mais. Mas é aquele ditado: o chefe sempre tem razão”, lembra Guido. “Ele ali, além de pai, é o chefe da tripulação, então manda bastante, mas também sabe entender quando há uma falha, e passar por cima disso também.”

Os Salvini lideraram praticamente todo o Rally. Mas a exemplo da dupla Guilherme Spinelli/Marcelo Vívolo, campeã nos Carros, o trio do caminhão viveu um drama que poderia pôr tudo a perder. “Logo na primeira etapa, havia muita árvore, areia e era muito fechadinho, então a tração 4×4 era fundamental. Ficamos sem ela, só no 4×2. Baixamos bem os pneus e tivemos a ajuda do Luís Antonio Pinto (também da categoria Caminhões), que nos rebocou duas vezes. Sem ele e sem a ajuda de Deus acho que nós não chegávamos não…”, lembra Carlos.

Os galhos e a noite – Fora isso, não houve mais problemas mecânicos com o caminhão Mercedez, segundo Fernando Chwaigert. Mas o pára-brisa não resistiu tanto aos choques com galhos de árvores no percurso. “O caminhão é muito alto. Eu e o Fernando (mecânico), além da nossa função, temos que cuidar dos galhos mais baixos. Perdemos quatro pára-brisas assim”, conta Guido. “Eu tive um acidente entre Carolina e Barra do Corda (MA). Um galho que estava escondido dentro de uma folhagem estourou o pára-brisas e eu estava lendo a planilha no momento e não vi. A minha sorte é que estava usando um óculos que protegeu a minha vista, mas fiquei com ferimento na testa e cheio de estilhaços no rosto. Ao final da especial, fui atendido pelos médicos, que limparam o local.”

Outro desafio para os competidores de Caminhões foi adaptar-se aos horários. Esses veículos são os últimos a largar após uma média de 80 carros e 80 motos, que permaneceram até meados do Rally e, mesmo que algumas vezes cheguem a ser mais rápidos que os carros, só terminam os trechos de especial no fim do dia. “A imprensa já foi embora, o público também…. isso não é muito legal porque a gente depende deles para prestar contas depois ao patrocinador”, observa Guido. “E sobra para o mecânico. Ele tem que trabalhar sem a luz do dia, que ajudaria muito a encontrar alguns defeitos, como uma rachadura qualquer numa peça. Pois o caminhão quebra bastante, racha peças porque é muito pesado.”

As horas de sono também são poucas. “Não dormimos nunca antes de meia-noite, uma hora da manhã. E por umas cinco, seis horas, em média. O Fernando, um dia, foi dormir três e meia da manhã e acordou às sete para encarar a etapa de oito horas, sacolejando de um lado pro outro, com muita pedra e muito galho para olhar”, recorda o navegador.

Caminhão ´chegador´ – Para os Salvini, sobreviver a essa rotina e com vitória é tudo o que esperavam. “Esta foi uma das edições mais difíceis, mas foi das mais gratificantes. Tivemos um carro muito competitivo e confiável, um carro ‘chegador’. É felicidade total, pois abrimos a vantagem na liderança do Campeonato Brasileiro e ficou mais fácil para conquistá-lo”, comemora Carlos.

E o campeão elogia a performance da categoria Caminhões que faz parte do Sertões pela quarta vez em 11 anos de prova. “O caminhão é um outdoor ambulante e é muito rápido, às vezes chegamos nos carros e eles não acreditam quando a gente os ultrapassa. Vai chamando a atenção e a categoria tem tudo para aumentar”, diz o piloto. “A Mercedez no ano passado veio na experiência, neste ano veio bem mais a sério. Já ouvi falar que deve aparecer um caminhão da Volvo. Isso é sinal que a categoria está pegando e vai ficar firme no Rally.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira/Webventure