Equipe Petrobras Lubrax reunida na chegada ao aeroporto na França. (foto: Ricardo Ribeiro / VipComm)
Exclusivo, da redação – Metade do percurso deixada para trás e, por maior que seja a paixão pelo Dakar, a saudade vira rotina para quem sobrevive a este desafio. Quando o rali ultrapassa a sua metade todo mundo já está esgotado, pelo menos a saudade de casa já bateu, lembrou o piloto Klever Kolberg, comentando o dia-dia do rali.
Para quem ficou, acompanhar pela Internet é o consolo. Jean, estamos torcendo muito por você, nós almoçamos, jantamos e dormimos Dakar. Acredite, você é capaz foi a mensagem assinada por Sogro e Sogra para Jean Azevedo no Muro de Recados do site de cobertura do Webventure e Equipe Petrobras Lubrax.
Já são mais de 300 mensagens de familiares e amigos saudosos dos cinco brasileiros que participam desta edição. Completam a lista de competidores o irmão de Jean, André Azevedo, e o mecânico de moto Geraldo Lima e o navegador Lourival Roldan, que são os estreantes na prova. Todos deixaram para trás filhos, esposas e os pais a fim de encarar esse desafio.
Para matar a saudade deles e a sua curiosidade em saber se a paixão pelo off-road está no sangue, o Webventure ouviu pais e mães desses aventureiros. Cada um conta um pouco da história, da luta para realizar o sonho do Dakar e manda a sua mensagem ao filhinho afinal para nossos pais a gente sempre é criança.
Klever, 40 anos, e André, 42, são os veteranos do Brasil no Dakar. As famílias estão acostumadas a vê-los partir às vésperas ou, como foi em 2002, no dia de Natal para algumas semanas na Europa e na África, acelerando pelo deserto. Para Seu Ari, o pai de Klever, cada um tem um ponto de vista sobre a empreitada: Há quem diga que ele é louco; outros, que gostariam de fazer a mesma coisa. Acho tudo muito emocionante, mas sempre existe um pouco de apreensão. Isso é normal, disse.
O piloto começou no Dakar em moto. O gosto, está confirmado, vem de família. Meu avô foi um dos primeiros que teve moto na cidade onde morava; eu viajei muito de carona com ele, lembra Seu Ari.
Em São Paulo, ele recorda como incentivava o mesmo gosto nos filhos. As tardes nos bairros da capital paulista eram em quatro ou duas rodas. Quando o Klever e a irmã dele, Selena, eram pequenos, comprei um kart para eles. Não era um kart de velocidade, mas a gente ia andar nas praças lá da Lapa e no Ibirapuera. Depois comprei uma motinho, uma cinqüentinha, então desde novos eles andavam de moto. Com capacete. Pelo menos eles sempre falavam para mim que usavam capacete (risos). Graças a Deus nunca aconteceu nada.
“Não basta só gostar” – E os passeios no clássico Sinca Chambord? Seu Ari não esquece do quanto se divertiam: Eu tinha um carro desse modelo e a gente ia para lugares altos e descia correndo, eles achavam uma maravilha!. O pai chegou a fazer um curso de piloto em Interlagos, mas disse que não teve a determinação de Klever para seguir em frente. Não basta só gostar, tem que agir.
A escolha de Klever de se tornar piloto profissional foi apoiada pela família. E Seu Ari revela que Klever e o sócio André nunca precisaram do famoso paitrocínio. Eles sempre se viraram.
Orgulhoso da carreira de Klever, ele deixa uma mensagem de otimismo para o filho, que hoje está no Egito junto com toda a caravana do Dakar: Klever, lhe desejo o maior sucesso desta vez e muita sorte. É uma coisa que você vem merecendo há muito tempo! Tudo de bom, estou sempre aqui, sempre pensando, sempre lhe apoiando.
Eu entrego para Deus. Esta foi a declaração de Dona Cleonice Azevedo, mãe de Jean, 28 anos, e André Azevedo, 42, quando questionada sobre a preocupação que ela sente com seus filhos participando do maior rali do mundo.
Jean participa pela 5ª vez do Dakar e André pela 16ª. Para mim é como se todas vez que eles vão para o deserto fosse a primeira, diz a mãe da dupla. Eu fico preocupada com eles, mas quando vejo que estão tendo sucesso, eu fico bem, completou.
Dona Cleonice contou ainda que Jean ganhou um moto do pai quando tinha apenas sete anos de idade. André já pilotava naquela época e o irmão menor resolveu seguir seus passos. Eu não achei ruim não, finalizou.
E mais torcida – Dona Encarnação, mãe de Lourival Rodan, é uma espanhola de mais de 80 anos de idade e ainda assim é uma torcedora assídua da equipe. Acompanho sempre como ele (Lourival) está indo. Eu acho muito legal ele estar lá no rali, fazendo o que ele quer, diz a mãe do navegador.
Segundo Dona Encarnação, não há como não ficar apreensiva. Eu fico preocupada, mas fazer o quê, né?. E para o filho que está lá nas areias do deserto, ela torce da sua maneira. Sempre rezo para ele e para a equipe inteira. Aproveito e rezo para todos, para Deus ajudar o que eles estão fazendo.
Outro que nunca tinha participado de um Dakar, o mecânico Geraldo Lima, 39 anos, é um dos campeões em mensagens no Muro de Recados. Tem sido muito elogiado pela performance da moto de Jean Azevedo. “Que bom saber disso! A fama ronda mesmo a nossa família”, diz a mãe, Elizabeth, que foi atriz nos tempos áureos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).
“Recebo notícias do Geraldo através da minha nora e sei que ele está muito alegre lá.” Em cada declaração, ela mostra o orgulho pelo filho. Mas não deixa de lembrar a luta de Geraldo até chegar ao rali mais famoso do mundo. A paixão pela mecânica, conta a mãe, se revelou desde cedo. “Ele desmontava tudo e montava de novo. Às vezes sobrava um parafuso, mas tudo bem…”, brinca.
O início como mecânico, após uma breve carreira no motocross, foi na garagem de casa. “E ele era autodidata!”, destaca Elizabeth. Depois, Geraldo abriu uma oficina em Campos do Jordão (SP), onde mora até hoje, e no ano passado se iniciou no off-road. A realização do filho motiva a mensagem de Elizabeth: “Sempre o amei e agora mais do que nunca. Desejo muito sucesso e que volte são e salvo. E alegre, como está agora”.
Este texto foi escrito por: Camila Christianini e Luciana de Oliveira