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Palmeirinha sonha com a chegada em Dakar


Paulo Nobre o Palmeirinha (foto: Rodrigo Favoretto)

É para poucos. Há quase 20 anos, André Azevedo e Klever Kolberg foram os primeiros brasileiros a participar do Rally Dakar, no ano de 1988. O piloto de moto Jean Azevedo entrou mais tarde no maior rali do mundo e, depois de muitas formações, a equipe Petrobras Lubrax bate cartão no Rally Dakar e mostra seus bons resultados ano após ano.

Em 2000, em uma festa pré segundo milênio, outros brasileiros se aventuraram e outra equipe brasileira, com quatro carros Troller T5, foi para as areias africanas. Eram eles Cacá Clauset e Amyr Klink; Reinaldo Varela e Alberto Fadigatti; Roberto Macedo e Marcos Ermírio de Moraes; e Arnoldo Junior e Galdino Gabriel.

Seis anos depois, Paulo Nobre, o Palmeirinha, e Adilson “Dico” Teixeira vão conhecer o Rally Dakar. A dupla Palmeirinha Rally está inscrita no maior desafio off-road de nossos tempos. O objetivo? Completar, chegar em Dakar, no Senegal. Palmeirinha diz com transparência que o passo é grande, mas não tem medo, já fez isso antes. “Assim como foi grande o salto do enduro de regularidade para o Rally dos Sertões em 2001, quando comecei, será grande o desafio no Rally Dakar”.

Afinados – Palmeirinha e Dico são uma dupla de piloto e navegador afinada há vários anos. Falam a mesma língua na hora do aperto, pensam em estratégias e têm seguido juntos durante várias provas de cross-country, como o Rally dos Sertões.

Este ano Palmeirinha (somente como piloto, pois a Confederação Brasileira de Automobilismo separa as classificações de pilotos e navegadores), ficou em 12º lugar na Geral de carros e em 5º lugar na categoria Super Production Diesel. Mas venceu a prova Rally do Petróleo em março passado com o navegador Cláudio Vallone.

O que Paulo Nobre vai levar para o Rally Dakar é sua experiência em várias corridas de todo terreno no Brasil. Este ano ele disputou 11 provas, dentre elas o Sul-americano de Rally de Velocidade, com Patrícia Romanatti; o Paulista de Cross-country e o Mitsubishi Cup, com Cláudio Vallone. E ficam por aí.

O trunfo, conta ele, é que a navegação no Rally Dakar está cada vez mais para o GPS travado, com pontos determinados, mesmo estilo usado na navegação em barcos por Dico Teixeira. “Ele (Dico) falou que isso não é problema para nós”.

As curiosidades ficam por conta do veículo que a dupla Palmeirinha/Dico competirá no Rally Dakar, um Nissan Patrol GR, da equipe italiana Promotech Rally Raid. No Rally dos Sertões Palmeirinha dirige uma Mitsubishi L200 Evo.

Agora é com a Nissan – “Nunca pilotei um Nissan”, fala sem preocupação. Assim como a maioria dos seis brasileiros que foram em 2000, Palmeirinha não conhece as trilhas e estradas de Marrocos, Mauritânia, Mali, Guiné e Senegal, países por onde passa o rali. Nem de turismo. Ele conhece alguns países da Europa, mas como turista.

“O Rally Dakar é um sonho de qualquer piloto que está no meio off-road hoje. Tem um glamour muito grande em cima, é o topo da maior montanha”, fala Palmeirinha. E sobre o desafio? “Não dá para imaginar que estou indo para lá para competir e sim para participar, com a cabeça de completar”.

O piloto tenta se policiar dizendo que fará uma prova por dia e não um grande rali, para matar um leão por vez. “Acho que o legal é que todo rali é marcado pelo imponderável. Não sabemos o que nos espera. Dá frio na barriga, dá ansiedade, faz parte. Mas eu quero completar e voltar para falar que consegui chegar no final da prova. E se possível passar isso para outros competidores aqui, que é possível”.

Esse é o sonho da dupla paulista. A história? Já tem data marcada para o início: começa dia 1º de janeiro em Lisboa, Portugal, e termina dia 15 de janeiro no Senegal, no Rally Dakar 2006.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani