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Para diretor de prova, Izabel Pimentel não estava preparada para Transat

Redação Webventure/ Vela

Denis diz que falta preparação aos brasileiros (foto: Pedro Campos/  Agecom.Bahia)
Denis diz que falta preparação aos brasileiros (foto: Pedro Campos/ Agecom.Bahia)

O francês Denis Hugues, de 49 anos, só começou a velejar depois de um acidente de moto que lhe custou o movimento das pernas. Na sua primeira experiência como skipper da Regata Mini Transat, em 1987, teve o mastro quebrado, o que lhe levou ao naufrágio. O fato não lhe abateu. Em 1991 resistiu ao cansaço e a quebras para finalizar o trajeto em 27º colocado de 70 barcos.

Sua próxima experiência na tradicional regata francesa em solitário foi como organizador das edições de 1993, 1995 e 1997. A briga constante por recursos que possibilitassem a prova fez com que abandonasse a função. Quatro anos depois, por convite da própria organização, retornou a Transat para ser diretor de prova.

“Sou a ponte entre o corredor, o poder esportivo e a organização. Sou o árbitro do jogo”, disse Hugues. É ele quem anima os velejores quando eles estão cabisbaixos durante a travessia de 7.800 quilômetros entre a França e o Brasil. “O mar é um risco e você tem que estar ciente de que há perigo de que qualquer coisa aconteça. Não pode baixar a moral”. Mas o desafio dos marujos que se propõe a realizar a Transat pode ser amedrontador.

A bordo de um barco Mini, com apenas 6,5 metros, eles dispõem de poucos recursos: um piloto automático, um rádio VHF, um GPS de posicionamento e outro reserva, além de dois sistemas de localização obrigatórios. “Por isso é preciso ser um verdadeiro marinheiro”.

Izabel Pimentel – Para Huges o que possibilita que os velejadores se tornem verdadeiros marujos é o treinamento intensivo entre dois e três anos, no mínimo -, convivência e aprendizado com velejadores que já tenham realizado a Transat, além de muita dedicação. E, segundo ele, a brasileira Izabel Pimentel, que foi impossibilitada de participar da edição 2007 “porque o barco estava acima do peso, não tinha nenhuma segurança e estava totalmente fora da regra”, não contava com nenhum dos quesitos básicos.

“A nacionalidade não é importante”, avaliou. “Izabel é do mar. Na Transgascogne (regata qualificatória), ela foi a única a segurar bem o barco durante uma tempestade. Mas, por incrível que pareça, ela não sabe subir o spinnaker, o que a impossibilita velejar com o vento a favor, que é comum na Transat”.

Outro fator que influenciou a não participação de Izabel foi o tempo que dedicou a regata. “Ela e os outros brasileiros chegam a França dois ou três meses antes da regata. Eu entendo que para os estrangeiros a questão do tempo e do dinheio influenciem, mas é preciso estar treinando e aumentando o nível. Os eslovenos, por exemplo, estão se preparando na França há cinco anos”.

E essa avaliação não é só para Izabel, mas para todos os brasileiros que já tentaram participar da regata. Apenas um conseguiu realizar a Transat, Gustavo Pacheco, e ele terminou em último. “Meu sonho é ver os brasileiros chegando em primeiro. Precisamos estimula-los. Eu não entendo como vocês tem esse mar todo, mas não tem barco”.

Este texto foi escrito por: Roberta Spiandorim

Last modified: outubro 26, 2007

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