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Para equipe BR Lubrax o perigo do Dakar foi a velocidade

Redação Webventure/ Offroad

Quatro dias após o final do rali Paris-Dakar-Cairo, a equipe BR Lubrax se reuniu hoje para fazer o balanço geral de sua participação na prova. André Azevedo, Klever Kolberg e Juca Bala se mostraram satisfeitos com a participação da equipe nesta edição do Dakar. A conclusão do trio brasileiro é de que se este ano a edição do Dakar foi bem mais fácil do que o alardeado pela organização da prova, não foi menos complicada arriscada e difícil.

“Foi o Dakar mais veloz que já participei”, comentou o piloto Klever Kolberg, que este ano competiu na categoria Marathon com um Mitsubish Pajero Evolution, carro bem mais potente do que o pilotou em edições anteriores do rali. “Mas nem posso fazer uma comparação entre o rendimento deste carro e do outro. Este ano foi completamente diferente do ano passado. Seria o mesmo que querer comparar um carro testado na Transamazônica e outro aqui na Rodovia dos Bandeirantes”, brincou.

Para Klever a velocidade foi o grande destaque do Dakar deste ano. Em algumas especiais a média do líder da etapa foi de 152 km/h. “Isso é impressionante. É a mesma média de um piloto de Formula 1 em circuitos mistos”, explicou o piloto. Segundo Klever 80% das etapas do Dakar beneficiavam quem tinha um motor mais potente, a experiência ficou em segundo plano.

“Mas o Dakar não estava tão dificíl como esperávamos. Algumas informações que a organização do rali nos passou estavam superestimadas”, confessou Klever. A estratégia da equipe acabou sendo prejudicada pelas informações dadas pela organização, e também pelo cancelamento das etapas no Níger. “No meu caso a paralisação até ajudou porque eu estava na frente naquele momento. Mas para o Juca e o Klever que tentavam alcançar os líderes de suas categorias as etapas eliminadas fizeram falta”, comentou André Azevedo.

Impressionados com o acidente

Além da velocidade extrema, Klever voltou impressionado com as imagens que viu no acidente envolvendo os carros de Kenjiro Shinozuca, Carlos Souza, Miguel Prieto e Gregorie De Mevius. O brasileiro foi o primeiro piloto a chegar no local do acidente e chegou a parar para prestar socorro. “Quando eu estava chegando no local eu vi de longe uma pessoa no topo da Duna e vi que ela tinha um pedaço de para-choque na mão. Tirei o pé do acelerador, mas nunca pensei na cena que eu ia encontrar. Com 13 anos de experiência em Dakar eu nunca tinha sido enganado por uma duna como aquela”, desabafou o piloto. “Se o cara não estivesse ali para avisar eu teria voado como os outros. Todos os pilotos que passaram pelo local ficaram impressionados com a duna”, contou Klever.

Para Klever se o helicóptero da filmagem não tivesse acompanhando de perto o carro de Kenjiro Shinozuca, muitos outros carros teriam caído na armadilha da duna seguindo o rastro dos líderes acidentados. “Teria sido uma catástrofe. Poderiam ter sido 80, 100 carros caindo ali naquele trecho”, desabafou.

Klever também voltou impressionado com a falta de companheirismo no acidente. “Quando eu cheguei já haviam algumas pessoas ajudando, mas a situação ainda era crítica”, explicou Klever. “Em uma situação como aquela eu acho que a pessoa tem que pelo menos parar e perguntar se estão precisando de alguma coisa. Eu parei já consciente de que não poderia ajudar muito, mas ao menos para ver o que poderia ser feito. Mas teve muita gente, inclusive líderes, que passaram direto sem nem olhar para o acidente. Acho isso um absurdo, a organização não fez nada. Aquilo mostrou que alguns pilotos não tem ética no dicionário deles”, falou Klever.

Caminhão do próximo ano pode ser um Kamaz

André Azevedo confirmou o interesse da equipe em Ter no próximo Dakar um caminhão russo Kamaz. “Nós sabemos que a Kamaz tem interesse no mercado latino-americano e nós também gostaríamos de contar com um veículo mais potente”, explicou André. A equipe BR Lubrax perdeu a terceira posição para o Kamaz do russo Fidaus Kabirov, após a quebra do parafuso em seu Tatra na penúltima especial do rali. “Quando chegamos no local da última etapa já deu para perceber que o nosso caminhão não teria potência para vencer o Kamaz em um trecho tão curto”, explicou André.

Para Juca Bala o importante foi ganhar experiência

Conformado com sua falta de sorte, Juca Bala reafirmou que em sua opinião o mais importante do Dakar deste ano foi o ganho de experiência. “Hoje eu posso dizer que já estou preparado para enfrentar as longas Especiais da prova”, explicou o piloto que foi o único brasileiro a correr na categoria motos. “As especiais eram muito longas e muito rápidas. Haviam trechos de 400 km em que eu andava com o máximo de aceleração da moto”, explicou o piloto. “Eu até diminuia a potência em alguns trechos para poupar a moto, mas mesmo assim acabei quebrando no final”, desabafou Juca. “Pelo menos desta vez eu voltei inteiro, sem os hematomas do ano passado”, brincou.

Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur

Last modified: janeiro 27, 2000

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