Jean Azevedo checa o road book na chegada ao acampamento no aeroporto de Ghadames na Líbia hoje. (foto: Ricardo Ribeiro/VipComm/Divulgação)
Ao cruzar a fronteira, um aviso aos competidores: cuidado com as
minas; pilotos se preparam para a etapa sem assistência mecânica
Ghadames (Líbia) Depois de passar pela França, Espanha e Tunísia, o Rally Paris-Dakar entrou hoje na Líbia. Logo na fronteira antes da chegada ao acampamento de Ghadames, o mapa dos competidores alertava para um perigo comum em países africanos que sofrem com os conflitos e guerras: as minas. Um ponto de exclamação chamava a atenção para que ninguém saísse do roteiro original apontado pela organização. Quando nós chegamos no limite entre os dois países, um guarda da Líbia avisou que jamais deveríamos ir para a direita em direção à Argélia, contou André Azevedo, piloto do caminhão Tatra da equipe Petrobras Lubrax.
Acidentes com minas no Rally Paris-Dakar já aconteceram, embora a organização do evento sempre tenha priorizado a segurança dos participantes. Normalmente as vítimas desobedeceram as regras. O último exemplo foi em 2001, quando o português José Eduardo Ribeiro, de um carro de assistência, saiu da rota original na fronteira do Marrocos com a Mauritânia. A frente do veículo explodiu e ele foi levado às pressas para um hospital nas Ilhas Canárias com sérios ferimentos nos pés.
A etapa de hoje, entre El Borma, na Tunísia, e Ghadames, na Líbia, teve 278 quilômetros no total. Desses, 228 foram de especiais, ou seja, cronometrados. André Azevedo foi o brasileiro melhor colocado com um terceiro lugar, mantendo a quarta posição na classificação geral acumulada entre os caminhões. O importante é que estamos conseguindo ter regularidade na prova, ao contrário dos meus concorrentes que ficam se revezando nas posições, comparou André Azevedo. O holandês Gerardus De Rooy, de DAF, foi o vencedor do dia.
Mais lento que o normal, Jean Azevedo não conseguiu segurar a boa média dos últimos dias e terminou em 17o na classificação geral. Na categoria Production ele aparece em sexto na etapa e continua em sétimo na classificação geral acumulada desde a largada, dia 1o de janeiro, com uma moto KTM 660. Ele teve problemas com o road book, equipamento onde é colocada a planilha (espécie de mapa) na moto.
Eu estava no quilômetro 50 e a planilha mostrava o km 150. Se isso acontece, as referências do roteiro não batem e é preciso voltar o mapa várias vezes para seguir o caminho correto, o que me fez perder muito tempo, lamentou Jean. Nas motos, a planilha é instalada enrolada em uma caixa metálica no painel e o piloto vai adiantando ou atrasando as partes com o acionamento de um sistema elétrico. Jean terá que trocar a peça. O sul-africano Alfie Cox, de KTM, ganhou em duas rodas.
Nos carros, as notícias não são boas para o Brasil. Klever Kolberg e Lourival Roldan estão enfrentando problemas na preparação do Mitsubishi Pajero Full e perdendo posições. Hoje deu para testar algumas modificações no carro, mas em vez ganhar potência, perdeu. Ele está sem forças para subir as dunas. Nas retas de areia, o carro não passa de 120 quilômetros por hora, explicou Kolberg. Está russo, disse o brasileiro quando viu os resultados. Na geral, vencida por Stephane Peterhansel de Pajero Evolution, a dupla brasileira ficou em 33o lugar. Na categoria Super Production Diesel a situação é um pouco melhor, com a terceira posição.
Etapa maratona Amanhã (quarta-feira), será disputada a primeira etapa maratona do Dakar 2003, quando os competidores não poderão contar com a ajuda dos mecânicos. Em dois dias serão 1.418 quilômetros. A nossa vantagem é que o Tomas Tomecek e Mira Martinec, os outros ocupantes do caminhão brasileiro, são engenheiros da fábrica Tatra na República Checa. Se acontecer algo no caminho eles têm mais facilidade para resolver, acredita André.
A Equipe Petrobras Lubrax tem patrocínio da Petrobras, Petrobras Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e apoio da Controlsat Monitoramento Via Satélite, Minoica Global Logistics, Mitsubishi Brabus, IBM, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor Satellite Services AS, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Artfix, Sadia, Dakar Promoções, Vista Criações Gráficas, Adventure Gears, Kodak Professional, Mercedes-Benz Caminhões e site Webventure (www.webventure.com.br).
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Este texto foi escrito por: Ricardo Ribeiro