Atar (Mauritânia) Depois de 5.938 quilômetros, cruzando quatro países, a caravana do Rally Paris-Dakar 2002 chegou neste sábado a Atar, na Mauritânia, para o tão esperado dia de descanso. No acampamento montado no aeroporto da cidade, cercado por montanhas e pelo deserto, pilotos de carros, motos e caminhões poderão acordar mais tarde neste domingo, procurar por um banho, fazer a barba ou simplesmente jogar conversa fora…
Mas descanso mesmo, só no nome da etapa. Os competidores aproveitam o dia livre para colocar a casa em ordem, fazer uma revisão completa nos veículos, trabalhar com mais calma ou simplesmente arrumar a mala com mais capricho. Dormir, então, não será tarefa fácil. O sol forte está castigando e a temperatura passa dos 40 graus. Sombra? Só debaixo das asas dos 17 aviões fretados para levar as toneladas de equipamento da organização. E não há espaço para todo mundo.
Os participantes do Paris-Dakar passarão três noites em Atar. É que na segunda-feira, depois do repouso, haverá uma etapa em forma de laço na região, com largada e chegada no mesmo lugar. Essa facilidade favorece momentos de descontração, improvisando discotecas próximas aos aviões. Nesta Torre de Babel, há uma verdadeira mistura de culturas. Afinal, 32 nacionalidades estão representadas na maior competição off road do mundo, do Japão ao Brasil, da Finlândia à África do Sul.
Aliás, o dia de descanso também é o ponto de encontro dos chamados Vips. Favorecidos pelo aeroporto internacional de Atar, que recebe vôos vindos da Europa, executivos de empresas patrocinadoras de equipes, familiares de pilotos ou simplesmente os anônimos que gostam do esporte chegaram para visitar por dois ou três dias o circo do Paris-Dakar.
Brasileiros
Dos oito veículos brasileiros que largaram na 24a edição do Dakar, sete largaram na etapa deste sábado. Apenas o paranaense Marcelo Quelho, da CDI Competições, abandonou a prova quatro dias atrás depois de sofrer uma queda da moto e quebrar a clavícula. Os pilotos da Equipe BR Lubrax continuam firme: Luiz Mingione (Honda Tornado Rally 250), Juca Bala, com Honda Falcon Rally, Klever Kolberg, ao volante do Mitsubishi Pajero Full, e André Azevedo, com um caminhão Tatra. O carioca Armando Pires, da Drakkar Normandia, e Luiz Azevedo, companheiro de Quelho, completam a representação do Brasil com KTM 600 e Honda XR 400, respectivamente.
O rally terminará dia 13 de janeiro, na capital do Senegal. Depois da etapa entre Zouerat e Atar, os competidores terão ainda mais 3.381 quilômetros pela frente até o Lago Rosa, linha de chegada da prova, em Dakar.
A ETAPA DE SÁBADO (ZOUERAT ATAR, MAURITÂNIA)
Deslocamento: 9 km + Especial (trecho cronometrado): 383 km + Deslocamento: 4 km – Total: 396 km
DOMINGO (DIA DE DESCANSO) EM ATAR, NA MAURITÂNIA
ETAPA DE SEGUNDA-FEIRA (ATAR ATAR, MAURITÂNIA)
Deslocamento: 33 km + Especial (trecho cronometrado): 366 km + Deslocamento: 5 km – Total: 404 km
Etapa em volta de Atar. Depois dos 100 primeiros quilômetros, a especial será muito variada e totalmente nova. Os pilotos vão enfrentar canais estreitos, além de haver muitas moitas de ervas de camelos.
SAIBA UM POUCO MAIS SOBRE O PARIS-DAKAR
Criado em 1978 pelo francês Thierry Sabine, o Rally Paris-Dakar é a maior e mais difícil prova off road do mundo. A competição é disputada em países da Europa e África por pilotos de motos, carros, caminhões, quadriciclos e até side cars. O percurso muda a cada ano e só é divulgado na véspera da largada. A edição 2002 começou dia 26 de dezembro em Arras, na França, com as verificações técnicas e administrativas, e a largada foi dia 28 de dezembro, para um trajeto que terá aproximadamente 10.000 quilômetros.
CONHEÇA OS PAÍSES ATRAVESSADOS PELA PROVA
15 ANOS DE AVENTURAS
O Rally Paris-Dakar 2002 está tendo um gostinho especial para a Equipe BR Lubrax: a comemoração de sua 15ª participação consecutiva na prova. Hoje, a equipe brasileira é a única do mundo a competir nas três categorias: Carros, Motos e Caminhões. Em 1988, os pilotos de Enduro, André Azevedo e Klever Kolberg, decidiram realizar um sonho quase impossível: participar do maior e mais perigoso rali do mundo. Os pilotos conseguiram enfrentar os desafios do deserto e levar a bandeira brasileira para o outro lado do Atlântico. André e Klever formaram a primeira equipe brasileira e também a primeira sul-americana a competir nessa prova.
Na época, os dois brasileiros corriam de moto, tinham orçamento extremamente limitado e, por isso, enfrentaram muitas dificuldades. Sem dinheiro para contratar um caminhão de assistência mecânica, os próprios pilotos carregavam ferramentas, peças e equipamentos. Era como se tivéssemos uma pessoa na garupa da moto, relembram Klever e André. Imagine como era difícil pilotar.
A partir daí nasceu a Equipe BR Lubrax, que conta hoje com a presença de grandes nomes do mundo off road. No total a equipe conquistou 12 pódios, sendo quatro deles em primeiro lugar. As conquistas da Equipe BR Lubrax mostram os resultados de um trabalho sério, forte planejamento, garra e, acima de tudo, o comprometimento da equipe.
A Equipe BR Lubrax tem patrocínio da Petrobras, BR Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e Eletronet, e apoio das Concessionárias Honda, VAZ Sprockets Chains, Carwin Acessórios, Controlsat Monitoramento de Frotas Via Satélite (Grupo Schahin), Iveco, Minoica Global Logistics, Mitsubishi Brabus, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor, Dakar Promoções, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Vista Criações Gráficas e Webventure.
Este texto foi escrito por: Ricardo Ribeiro / Ana Carolina Vieira