Será inaugurada hoje, no município de Serra do Navio (AP), a sede do Parque Nacional (Parna) Montanhas do Tumucumaque, o maior parque de floresta tropical do mundo. Na ocasião, um complexo de três obras Unidade de Apoio Administrativo, Alojamento e Casa de Embarcações , que totalizam um investimento de R$ 200 mil, será entregue à gerência do Ibama no Amapá e à chefia do Parque.
Com 3,8 milhões de hectares de extensão, o Parna Montanhas do Tumucumaque representa um quarto do estado do Amapá e o seu portão de entrada será o município de Serra do Navio, que fica na porção sul da unidade. A inauguração da sede do Parque irá mostrar à opinião pública que o Ibama e os demais parceiros estão cumprindo o seu dever e o plano firmado entre essas instituições, explica Edivan Barros, gerente executivo do Ibama no Amapá.
Antes da construção da sede, o gerenciamento do Parna era feito a partir de Macapá, o que acarretava dificuldades logísticas e operacionais. A mudança para Serra do Navio irá facilitar o trabalho da equipe responsável pela gestão da unidade e contribuirá para a elaboração de seu plano de manejo.
Atividades de fiscalização, pesquisa científica e educação ambiental terão maior integração e viabilidade com a proximidade entre o novo posto de trabalho e a área protegida, aponta Edivan. De acordo com o gerente, trabalhos com as comunidades que vivem no entorno do Parque, como o fortalecimento do Conselho Consultivo e o desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis para os moradores da região, também serão melhor gerenciados a partir da inauguração da sede.
Esse conjunto de obras em Serra do Navio representa o primeiro local completo para desenvolvermos nossas atividades e propiciará melhores condições de trabalho à nossa equipe. Com a nova sede ficará tudo mais fácil, confirma Marcela de Marins, chefe substituta do PARNA.
Com cerca de 275 metros quadrados, a sede do PARNA do Tumucumaque compreende a Unidade de Apoio Administrativo, que deverá funcionar como escritório; um alojamento para abrigar a equipe de funcionários do Ibama e uma Casa de Embarcações apta a armazenar equipamentos utilizados em expedições científicas e atividades de fiscalização dentro da área protegida.
As obras da sede do PARNA foram financiadas pela organização ambientalista Conservação Internacional (CI-Brasil) com recursos do Global Conservation Fund ou Fundo Global para a Conservação (GCF) e contou com apoio do Governo do Estado, que doou os terrenos para as construções.
A inauguração dessa sede representa mais um importante passo para a implementação de uma gestão efetiva do PARNA do Tumucumaque. A Conservação Internacional está muito orgulhosa de poder contribuir com essa iniciativa, que mostra o nosso compromisso com a implementação do Corredor de Biodiversidade do Amapá, comenta José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de Ciência da CI-Brasil.
Outras ações também já foram colocadas em prática: a formação de uma equipe técnica para a unidade de conservação, a realização de expedições científicas e de reconhecimento na área protegida, a reformulação e implementação do Conselho Consultivo e o estreitamento de parcerias estratégicas junto a outras instituições.
Expedições Científicas Assim como a construção de infra-estrutura, um importante componente para a implementação do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é o programa de inventários biológicos, realizado através de expedições científicas a vários pontos da unidade de conservação.
Três importantes expedições já aconteceram no PARNA, com a finalidade de coletar, pela primeira vez, informações sobre a biodiversidade (fauna e flora) e a geomorfologia (tipos de relevo, por exemplo). Os dados coletados farão parte do Plano de Manejo e, conseqüentemente, darão apoio ao gerenciamento da unidade pelo Ibama.
A primeira aconteceu em outubro de 2004 e esteve na divisa entre o Rio Amapari e o Rio Anacuí, centro-leste do Parque. O noroeste do PARNA, a 10 quilômetros da fronteira entre Suriname e Guiana, foi visitado pelo grupo de pesquisadores em janeiro de 2005. A terceira viagem de campo ocorreu entre agosto e setembro deste ano e visitou o norte da Unidade, tendo o Rio Anotaiê como ponto de referência.
Desde o dia 27 de outubro, a equipe das expedições encontra-se no PARNA, estudando uma região próxima ao Rio Mutum. A previsão é de que a quarta expedição se encerre no dia 17 deste mês. Até o final do ano, acontecerá mais uma expedição científica na região.
Até agora, entre as regiões visitadas, a área mais bem preservada e com a maior densidade de animais foi a do Rio Mapaoni, de difícil acesso, estudada na segunda expedição. Lá os bichos não eram ariscos, chegavam a acompanhar a equipe, o que demonstra que não sofrem pressão de caça e não têm contato com o homem, explica Cláudia Funi, pesquisadora do IEPA e integrante da equipe das expedições.
As expedições científicas ao Corredor de Biodiversidade do Amapá são realizadas pela parceria entre o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), o Ibama, o Governo do Amapá, através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) e a CI-Brasil.
O Parna do Tumucumaque é considerado uma das últimas áreas de floresta tropical intocada do planeta, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque foi criado em agosto de 2002 e compreende 3,8 milhões de hectares de floresta amazônica.
Localiza-se no estado do Amapá, com uma pequena porção no estado do Pará e tem como função assegurar a preservação dos recursos naturais e da diversidade biológica, bem como proporcionar a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação, de recreação e turismo ecológico.
O Parque do Tumucumaque forma o centro do Corredor de Biodiversidade do Amapá, uma iniciativa ambiciosa de conservação que visa proteger 11 milhões de hectares de florestas e outros ecossistemas no Amapá.
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: novembro 5, 2005