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Parque Nacional de São Joaquim

Redação Webventure/ Destino Aventura

Morro da Igreja (foto: Jurandir Lima/ TrilhasTrilhas)
Morro da Igreja (foto: Jurandir Lima/ TrilhasTrilhas)

Realmente podemos dizer que o Brasil é abençoado por Deus e bonito por natureza, pois, apesar de ser um país tropical, também apresenta a ocorrência de neves como é o caso do Parque Nacional de São Joaquim.

O parque foi criado em julho de 1961 com objetivo de preservar as Matas de Araucária (floresta ombrófila mista), uma das formações mais ameaçadas do país. Parte do Bioma da Mata Atlântica, esse ecossistema possui atualmente menos de 5% de sua cobertura original, com remanescentes extremamente fragmentados e pressionados pela atividade madeireira.

A intensa exploração florestal reduziu as araucárias, mas não destruiu a beleza do cenário. A neve que atinge a região nos meses de inverno é uma das principais imagens deste parque que está localizado na Serra Geral, no Estado de Santa Catarina, com uma área de 49.300 hectares e abrangendo os municípios de Urubici, Bom Jardim da Serra, Orleans e Grão-Pará.

Paisagem – A região de Urubici destaca-se notavelmente no cenário ecoturístico por reunir uma infinidade de atrativos naturais. Com uma paisagem muitas vezes comparada à Europa, numa das cidades mais frias do país, o visitante sempre encontra surpresas jamais vistas em outros lugares.

Traçadas pela natureza, mais de 80 cascatas revelam uma atração à parte. Um exemplo é a Cachoeira do Avencal, com água despencando em queda livre a 88 metros de altura e a Cascata Véu de Noiva. Há ainda cânions e vales profundos com belas formações rochosas; encobertas por florestas que podem ser observadas através de caminhadas leves pelo Parque, além de possuir nascentes de vários rios como o Pelotas, principal formador do Rio Uruguai.

Para completar o cenário, inscrições rupestres datadas de 3 mil anos, grutas, araucárias por todos os cantos, fazendas, campos cercados por taipas, rústicos muros de pedra, histórias e lendas; a região abriga uma cultura típica dos imigrantes italianos, alemães e letos (da Letônia), verdadeiros guardiões deste tesouro natural.

Clima – O parque nacional está situado na região mais fria do Brasil. O clima é influenciado diretamente pela região litorânea do Estado. A massa de ar úmida formada sobre o Oceano Atlântico desloca-se sobre o continente e ao cair, sob forma de chuva, favorece o desenvolvimento da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica). Apresenta clima temperado, sem estação seca, com ocorrência de neve no inverno entre os meses de junho e agosto. A temperatura média anual varia entre 12 e 14ºC.

A formação geológica da Serra Geral: As rochas encontradas na Serra Geral surgiram dos movimentos tectônicos ocorridos entre 137 a 150 milhões de anos e são chamadas de basaltos e diabásicas. Basalto é uma rocha magmática extrusiva que resulta da consolidação do magma (material ígneo que está no interior do globo terrestre), ocorrido na superfície.

Neste período, a Terra era formada por um único continente denominado de Pangéa e na região da atual Serra Geral havia um grande deserto de Arenito Botucatu, que fazia parte da Bacia Sedimentar do Paraná. Então, aconteceu o que na geologia é chamado de “Derrames Basálticos”, isto é, este deserto se rachou e o magma do centro da Terra emergiu, alagando uma extensa área.

Esses derrames constituem o maior vulcanismo desse tipo ocorrido no globo terrestre e deram origem ao Planalto Meridional Brasileiro ou Serra Geral. Uma vez formado o planalto, por volta de 135 milhões de anos, a África começou a se separar da América do Sul e, em virtude disso, surgiram as fendas que hoje chamamos de cânions.

Com o passar do tempo, a umidade vinda do litoral possibilitou o surgimento da vegetação que, por sua vez, começou a reter a umidade. Esta umidade sofria evaporação, gerando chuvas que deram origem aos rios. Os rios tiveram sua contribuição na formação dos cânions, mas não foram os principais responsáveis. Os cânions são resultados da separação dos continentes.

A área do Parque Nacional de São Joaquim está nos domínios da Mata Atlântica, onde se alternam os Campos Gerais, as Matas de Araucárias – que se desenvolvem entre 500 e 1.200 metros de altitude – e a Floresta Pluvial Subtropical que ocupa o fundo dos vales.

A espécie mais comumente observada é o Pinheiro-do-Paraná (araucaria angustifolia) que, embora seja a árvore de maior ocorrência e símbolo da floresta ombrófila mista, divide espaço com espécies que fazem parte do ecossistema e também ameaçadas de extinção: a Canela-lajeana, a Canela-preta, a Caraguatá e a Imbuia.

Nas bordas da Serra, acima dos 1.200 metros, a vegetação recebe o nome de mata nebular, devido à ocorrência de névoas e apresenta espécies endêmicas como a Goiabinha-do-campo e São-joão-miúdo. Há ainda as matas ciliares, que se desenvolvem ao longo das margens dos rios, onde encontramos exemplares de Guamirim, Murta, Congonha, Branquilho e Cambuí, espécies arbóreas mais comuns.

Fauna ameaçada – Os vários problemas ambientais ocorridos na região como as queimadas e a caça indiscriminada fizeram com que a fauna do Parque se tornasse pouco variada. A suçuarana, já bem rara na região, é conhecida pelos moradores como leão-baio.

Outros animais que habitam o local são os caxinguelês, cachorros-do-mato, catetos, tamanduás-mirins e pacas, estas que ficam sob as copas dos pinheirais. Entre as aves, as espécies mais comuns são as perdizes, codornas, curicacas e agralhas-azuis, que se alimentam do pinhão, o fruto do Pinheiro-do-Paraná.

O parque possui muitas atrações naturais e o ideal é reservar uma semana para conhecer boa parte destas belezas da Natureza.

Morro da Igreja Com 1.822 metros de altitude, localizado no centro do parque, é o ponto culminante do Estado e é muito procurado por praticantes de escalada e montanhismo. Em dias claros, torna-se um ótimo mirante para as escarpas da Serra Geral e até para o litoral, a mais de 60 quilômetros de distância. Foi neste local que se registrou a temperatura mais baixa do Brasil até hoje (-17,8ºC).

Pedra Furada – Uma formação rochosa contendo um portal, em forma de janela, medindo cerca de 30 metros de circunferência, esculpida pela natureza em meio à Mata Atlântica. Pode ser observada do Morro da Igreja.

Nascentes do Rio Pelotas Situa-se numa região de campos alagados e possui uma das trilhas (não demarcada) mais interessantes do Parque, de onde se avista a verdadeira formação do Morro da Igreja. O rio Pelotas corta a área preservada e ao encontrar-se com o rio Canoas, forma o rio Uruguai.

Serra do Corvo Branco Um dos locais mais visitados do município, possui uma estrada que liga Urubici a Grão-Pará e cruza seu ponto mais alto a 1.470 metros de altitude. Do alto consegue-se avistar boa parte da planície catarinense e várias formações de cânions e vales profundos.

Trilha do Campinho Ainda pouco conhecida, a trilha inicia-se do alto da Serra do Corvo Branco. Possui ótimos mirantes e uma caminhada de uma hora levará até o início do cânion do Espraiado com paredões verticais de até 700 metros de altura.

Cânion Espraiado Cenário pouco explorado da serra catarinense, está localizado na imensa área do Campo dos Padres. Nesse local há trilhas que variam entre 1.150 a 1.600 metros de altitude, onde, durante o inverno, há possibilidades de nevascas e congelamentos.

Cânion das laranjeiras Local de beleza singular que recebe as águas do Rio Laranjeiras. Está localizado a 25 km, por estrada de terra, a partir de Bom Jardim da Serra. Apesar de difícil acesso, vale a pena ser visitado.
Cascata Véu de Noiva – Possui águas geladas numa queda de 45 metros de altura. Está nos limites do Parque a 05 km antes do Morro da Igreja.

Cachoeira do Avencal Uma das mais belas quedas d’água da região, com 88 metros de altura. Está fora dos limites do Parque e pode ser atingida por estrada asfaltada em direção à cidade de São Joaquim, mais caminhada por uma trilha com 800 metros, em meio às avencas e xaxins.

Morro do Campestre Também conhecido como Morro da Cruz, possui um mirante com vista parcial do Vale do Rio Canoas. Está localizado a 08 km do centro de Urubici e o melhor horário para visitação é no pôr-do-sol.

Inscrições rupestres Localizadas no morro do Avencal, as inscrições rupestres datam de mais de 3.000 anos e se destacam pela beleza do grafismo, com quatro estilos de desenhos diferentes, o que indica quatro estágios de realização distintos. Suas características em baixo e alto relevo, segundo os pesquisadores, representam uma sinalização única no mundo.

Serra do Rio do Rastro Possui a estrada asfaltada mais sinuosa do Brasil (SC-438), indo em direção a Lauro Miller. Suas curvas margeiam um cânion com 1.450 metros de altura e possui vários mirantes para observação da paisagem.

Fique atento às recomendações aos visitantes:

  • O melhor meio de transporte para circular pela região é um veículo 4×4, devido às estradas de terra;
  • Contrate um guia que conheça bem a região para não se perder durante os passeios e tenha muito espírito de aventura;
  • Ao realizar as caminhadas ou travessias tome cuidado com os abismos inesperados e os campos de planalto encharcados pelas turfas;
  • Ao observar uma inscrição rupestre, deve-se evitar tocá-la com a mão ou qualquer tipo de objeto, sob o risco de danificá-la;
  • Todos os invernos ocorrem geadas na região, portanto vá preparado e bom divertimento caso ocorram neves;
  • Vale a pena ficar hospedado em Urubici e conhecer um pouco da cultura local. O município é o segundo maior produtor de horti-frutis do Estado e guarda características bucólicas e um povo acolhedor.
  • Lembre-se: o Parque destina-se à preservação total do seu ambiente, portanto é importante recolher e trazer todo o seu lixo de volta.

    Como chegar – Este roteiro é recomendado ao visitante que pretende contemplar ainda mais as belezas cênicas da região. Na ida, saia de Florianópolis, pegue a BR-282 até Bom Retiro, depois siga em frente e após 10km entre à esquerda, descendo a Serra do Panelão.

    Na volta, siga em direção a São Joaquim por uma estrada recém asfaltada, após 47km vire à esquerda em direção a Bom Jardim da Serra. Depois de 29km inicia-se a descida da Serra do Rio do Rastro, em direção a Lauro Müller.

    Este texto foi escrito por: Jurandir Lima

    Last modified: setembro 20, 2004

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