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Pés Sujos: revelação de humor, garra e improviso

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Pés Sujos By descansando depois de completar a etapa (foto: Débora de Cássia)
Pés Sujos By descansando depois de completar a etapa (foto: Débora de Cássia)

Muita força de vontade, união, humor e uma incrível capacidade de improviso. A equipe Pés Sujos By, segunda colocada da 5ª etapa do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura, realizada neste fim de semana em Campos do Jordão (SP), mostrou todas essas características e transformou-se em uma das revelações da prova. “A gente entrou nessa para brigar por uma boa colocação. Sabíamos que seria difícil mas a nossa vontade de estar na frente sempre nos motivou”, explica Erivam Lima, capitão do time.

Amigos há bastante tempo e todos moradores de Campos, Erivan, Reginaldo (o Beá), Luis e Francisco conheceram-se pedalando e treinando mountain bike na região. No ano passado, na primeira corrida em Campos, decidiram participar, para saberem como era. “A gente não tem muito conhecimento de navegação, estamos aprendendo ainda”, explica Beá.

O time já participou também das provas Juquiá 2000, em que conquistou a segunda colocação, e da Litoral 2001. “Depois dessas provas, deu para perceber que a coisa é pesada, exige mesmo fisicamente. O jeito é nunca desesperar nem perder a tranqüilidade. Quando estamos perdidos, procuramos nos unir e principalmente, nos divertir”, explica.

A formação da Pés Sujos não é fixa. “O importante é que a equipe nunca vai deixar de existir e sempre terá atletas de Campos. Mesmo que mudem as pessoas, a cidade sempre poderá ser representada”, explicou Erivam Lima, que também é secretário de esportes de Campos do Jordão.

“Na hora tudo se ajeita” – O poder de superar dificuldades e o bom humor da equipe puderam ser vistos em um inusitado momento de dificuldade: na metade da prova, quando já anoitecia, o time foi o primeiro a chegar na área de transição antes do trecho de trekking rumo ao rapel. Para poderem seguir, porém , foi feita pela organização a checagem de equipamentos obrigatórios. Espelho, canivete, saco de dormir, sinalizador…nada estava na mochila de nenhum dos integrantes.

Francisco Lima, que era o responsável pela organização dos equipamentos, explica: “Na sexta-feira à noite, antes da prova, eu sabia que estavam faltando algumas coisinhas mas eu preferi não avisar o Erivam, senão ele não ia querer correr. Na hora que foram checar, fiquei preocupado, mas tudo acabou se ajeitando”, conta.

A solidariedade de outras equipes e uma verdadeira mobilização de todos que estavam no AT fez com que tudo o que faltava fosse conseguido e o time pôde seguir em frente. “Vamos embora rápido galera porque o Makoto está logo atrás”, falava Beá enquanto os últimos equipamentos emprestados eram colocados nas mochilas, na noite de sábado.

A equipe Scott, de Luiz Makoto, foi um verdadeiro fantasma para a Pés até a saída para o trekking noturno. “Nós sabíamos que eles estavam vindo na nossa cola. Qualquer vacilo e deixaríamos de ser os líderes”, conta Erivan. A Scott acabou desistindo no meio do trekking depois que Luiz Cláudio Costa, um dos integrantes do time, teve hipotermia. A temperatura no local do trekking durante a noite chegou aos 2 graus negativos.

Perdidos com a Lontra – A maior dificuldade encontrada pelo time foi o trekking noturno. “Nós ficamos mais ou menos doze horas perdidos na mata. Não havia trilha nenhuma e era difícil encontrar referências, ainda mais de noite. A nossa sorte foi termos encontrado a equipe Lontra Radical, que também estava perdida, mas tem mais experiência em orientação do que a gente”, explicou Beá. Os dois times ficaram juntos por mais de oito horas até serem levados pela organização do PC 15 ao 17 pela, devido ao corte de um trecho da prova.

As duas equipes fizeram juntas os trechos finais da prova: um trekking e uma tirolesa sobre um vão de 100 metros. “A gente se divertiu, descendo um de cada equipe por vez. Decidimos vir juntos até a chegada já que não valia a pena competir neste trechinho”, explicou Beá. Para Erivam, a etapa foi difícil demais. “Essa não era uma prova dois dias mas para três”, afirmou.

Na chegada, muita festa e a certeza de outros desafios. Exceto para o capitão Erivam Lima. “Eu vou parar de correr por um bom tempo. Não estou conseguindo treinar e acho que este tipo de prova exige muito preparo físico, ainda mais quando se quer vencer. Mas estarei sempre incentivando os meninos e podem esperar que a Pés Sujos vai continuar fazendo bonito”, explica.

Este texto foi escrito por: Debora de Cassia

Last modified: agosto 6, 2001

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