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Pettená: “Faltou a Confederação entrar de cabeça”


A formação com 65 atletas é o atual Recorde Brasileiro. (foto: Arquivo Recorde Pára-quedismo)

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Mais uma vez o sonho do Recorde Mundial de pára-quedismo com brasileiros foi adiado. Desde janeiro deste ano, as tentativas estavam marcadas para o feriado de Páscoa, em Maceió (AL). Mas, às vésperas do evento, a organização soube que não teria os aviões Hércules, capazes de levar a quantidade de atletas prevista no salto (109) e lançá-los na altitude devida (acima dos 18 mil pés).

Segundo os coordenadores do Recorde, a Confederação Brasileira de Pára-quedismo (CBPq) teria solicitado essas aeronaves, que são da Força Aérea Brasileira, para outro compromisso, na mesma data. “Em resumo, faltou a Confederação entrar de cabeça no evento, fazê-lo acontecer. E acredito que seja um grande erro que este recorde não tenha sido um objetivo da Confederação, pois temos tudo de melhor em termos de equipe e o apoio do Governo de Maceió e da FAB”, explica Ricardo Pettená, diretor-técnico do Recorde.

Além de não ter os aviões, faltou ainda a autorização para voar no espaço aéreo da região de Maceió. “Normalmente, quem faz esse pedido é o presidente da federação estadual de pára-quedismo. Mas Alagoas não tem uma, então a única opção era que a Confederação Brasileira o fizesse. No último dia 13, venceu o prazo e não foi tirado o NOTAM”, conta Pettená.

As tentativas ainda não foram remarcadas, mas a organização não pretende desistir. “O recorde vai acontecer”, promete Pettená. “Peço aos participantes que não percam a esperança e agradeço pelo apoio e a força de vontade que têm demonstrado”, finaliza. O Recorde Mundial tem a cobertura oficial do Webventure e o site oficial é: www.webventure.com.br/recordeparaquedismo.

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O cancelamento das tentativas previstas para Maceió (AL), no feriado da Páscoa, não é o primeiro obstáculo no projeto do Recorde Mundial, cujo objetivo é superar a marca norueguesa de 108 atletas formando uma figura geométrica em queda livre.

O evento foi idealizado há anos por Carmem Pettená, pára-quedista que já organizou outros recordes. Ela cercou-se dos dois maiores nomes do esporte no Brasil para montar a coordenação da marca mundial: Ricardo Pettená, como diretor-técnico, e Rogério Martinati, engenheiro de salto.

As primeiras tentativas foram marcadas em agosto de 2001, no Rio, depois de treinada uma pré-seleção de atletas. Semanas antes do evento, a organização foi notificada pela Força Aérea Brasileira de que todos os mais de cem pára-quedistas deveriam passar por testes em câmaras hipobáricas, que verificam as reações em grandes altitudes, onde o ar é rarefeito.

Mau tempo – Os testes foram feitos no Rio, mas a capital fluminense deixou de ser a sede das tentativas de salto, que foram transferidas para dezembro, em Taubaté (SP). Toda a estrutura foi montada para que os pára-quedistas e os dois aviões Hércules permanecessem por três dias no Comando de Aviação do Exército (Cavex), local das tentativas. Além da marca mundial, seria buscado também um novo Recorde Brasileiro.

Mas o tempo não ajudou: nuvens e chuva impediram qualquer decolagem. “Tudo esteve perfeito, menos aquilo que a gente não pode controlar: a natureza”, resumiu Martinati. No entanto, treinos realizados no chão serviram para definir os 109 que saltariam pelo recorde.

Em janeiro de 2002, novas tentativas foram anunciadas para Maceió nos dias 29 a 31 de março. A burocracia novamente emperrou a realização delas. “Tínhamos toda a estrutura oferecida pelo Governo alagoano e a Prefeitura de Maceió. Eles continuam nos dando apoio total”, lembra Ricardo Pettená. Confiante na realização do evento, o diretor afirma que uma nova data será marcada, possivelmente ainda neste semestre.

A história da evolução desses recordes começou em 1997, por iniciativa de Carmem Pettená, a mesma que está à frente do ousado projeto dos 109. “Antes tínhamos um recorde de 28 pessoas, que perdurou por 10 anos. Em 97, decidimos superá-lo, com um evento nos EUA porque aqui, na época, não tínhamos aviões para saltos deste tipo”, conta Rogério Martinati, um dos atletas mais experientes do país na modalidade e engenheiro de salto do projeto do Recorde Mundial.

“Aqui no Brasil, ainda em treinamento para aqueles saltos nos EUA, já conseguimos a formação com 40 atletas. Quando viajamos, fizemos o 60-way. Para isso, demoramos 30 saltos, foi bem difícil”, lembra o pára-quedista.

Depois de 97, eles prepararam um novo evento nos EUA e então foi obtida a formação com 65 pessoas. “Em um ano, só aumentamos a marca anterior em cinco pessoas”, observa Martinati. “Este recorde é o atual e já faz quase três anos. Todo ano estamos tentando quebrá-lo. Temos condições de fazer saltos maiores, de 120 até. Mas sempre tivemos muitas dificuldades de infra-estritura.”

No Brasil, chegou-se a uma formação com 68 atletas, mas um erro de grip (a conexão entre uma pessoa e outra para formar a figura) impediu a homologação. “Um pára-quedista pegou no braço do outro ao invés da perna”, conta.

Depois disso, mais uma vez Carmem reuniu os atletas para nova tentativa, impedida antes mesmo do início dos saltos porque uma nova norma da Força Aérea Brasileira indicou que, por causa da grande altitude neste tipo de salto (além dos 18 mil pés), todos os atletas deveriam passar pelos testes em câmara hipobárica para observar suas reações no ar rarefeito. Daquela vez os atletas não puderam passar dos 12 mil pés. Agora a nova marca brasileira é perseguida no mesmo projeto do Recorde Mundial. “Recorde é isso mesmo, é um desafio. Se não fosse difícil assim, não seria recorde”, finaliza Martinati.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira